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WipEout: revivendo um clássico (e desafiando a Sony)

Após o código-fonte do WipEout cair na internet, algumas pessoas estão dedicadas a remasterizar o clássico que marcou o lançamento do PlayStation

37 semanas atrás

Ver uma das suas criações se tornar um dos ícones de um console não é uma tarefa simples, mas lá pela metade da década de 90 os britânicos da Psygnosis conseguiram isso. Conhecido como WipEout, o jogo que eles lançaram para o primeiro PlayStation fez a alegria de muita gente e quase três décadas depois, os fãs estão ressuscitando aquele clássico.

WipEout

Crédito: Reprodução/Corn Popper/MobyGames

Mas antes de falarmos sobre o incrível trabalho que algumas pessoas estão fazendo para resgatar um título tão antigo, vale fazer um resumo da sua criação. Tudo começou no segundo semestre de 1994, quando Nick Burcombe e Jim Bowers estavam conversando num pub. Dela nasceu um vídeo conceitual criado por Bowers e quando o artista o apresentou aos funcionários da Psygnosis, foi fácil receber o sinal verde para o projeto.

Com pouco tempo para o desenvolvimento e apenas dez pessoas fazendo parte da equipe, a pressão sobre os participantes foi constante. Para piorar, quando três quarto do projeto já havia sido realizado, seu código precisou ser refeito, o que acabou atrasando ainda mais o cronograma.

Neste meio tempo, Bowers se inspirou no Matrix Marauders — um jogo para Amiga que ele havia produzido em 1990 — para criar os veículos que se tornariam marca registrada do WipEout. Já o título também nasceria numa daquelas passadas pelo bar, quando alguém se inspirou na música Wipe Out, da banda The Surfaris.

WipEout rodando no Sega Saturn (Crédito: Reprodução/DarkFalzX/MobyGames)

Curiosamente, por mais que muitos associem o jogo ao F-Zero, Burcombe já disse em entrevistas que a maios inspiração foi o Super Mario Kart, o que pode ser visto, por exemplo, nos itens aleatórios que encontramos pelas pistas. Pistas essas, aliás, que se mostraram um enorme desafio para serem criadas, dada a limitação do PlayStation para a renderização de objetos a distância.

E foi com todos esses desafios que, 14 meses após o início do seu desenvolvimento, o fascinante WipEout chegou a Europa, tornando-se o título mais vendido no continente durante o lançamento do primeiro PlayStation. Parte deste sucesso se deve também à participação da agência The Designers Republic na divulgação do título.

Além de cuidar de toda a comunicação visual do jogo, eles ficaram responsáveis pela campanha de marketing, o que gerou bastante controvérsia. O problema estava numa propaganda impressa em que, numa das versões, podia ser lido o texto “Um jogo perigoso”. Mas o que realmente incomodou foi a apresentadora Sara Cox aparecendo com o nariz sangrando. Para algumas pessoas, aquilo sugeria uma overdose e houve até revistas que se negaram a publicá-la daquela maneira, apagando o sangue por conta própria.

Crédito: Reprodução/Voletic/The Designers Republic

De qualquer forma, ainda em 1995 o WipEout chegaria aos Estados Unidos, onde também faria bastante sucesso e no ano seguinte uma versão seria lançada para o Sega Saturn. Duas continuações ainda seriam produzidas, até que em 1999 a Sony adquirisse a Psygnosis e a transformasse na SCE Studio Liverpool.

Desde então, a série recebeu vários capítulos, com o último deles tendo aparecido nos dispositivos mobile em 2021. Porém, ao contrário do que os fãs estavam costumados, em Wipeout Merge seriamos apenas uma espécie de gerente de uma equipe de corrida, nos limitando a escolher quando as armas e itens poderiam ser utilizados.

Resgatando o passando, com uma pitada de rebeldia

WipEout Phantom Edition

Crédito: Divulgação/WipEout Phantom Edition

Muitos de nós, que vivemos a época do PlayStation, guardamos com carinho belas memórias de vários jogos lançados para ele. Porém, a verdade é que a maioria daqueles títulos envelheceu mal, com seus gráficos poligonais hoje parecendo muito pobres e as texturas estando longe de serem suportáveis.

Pois é aí que pode entrar um remake ou até mesmo uma remasterização, mas como a Sony parece pouco inclinada a reviver um jogo como o primeiro WipEout, tal tarefa acabou sobrando para os fãs.

Tentativas de modernizar o clássico são antigas, com a primeira vez que ouvi falar em algo assim tendo sido em 2015. De lá para cá, muito avanço foi feito neste sentido, mas o cenário começou a mudar mesmo em março de 2022. Foi naquela data que um grupo disponibilizou o código-fonte do jogo, facilitando absurdamente o trabalho daqueles que se dedicavam a melhorar a criação da Psygnosis.

WipEout Phantom Edition

Crédito: Divulgação/WipEout Phantom Edition

Um dos primeiros exemplos disso foi dado em julho, com o lançamento do WipEout Phantom Edition. Baseado na versão do jogo para PlayStation, ele trazia uma grande quantidade de melhorias. Da taxa de frames sem limites a poder jogar com a resolução que usamos no desktop, até mesmo a distância de renderização foi ampliada, com as naves ainda refletindo a iluminação dos cenários.

Os responsáveis por esta versão ainda adicionaram suporte a teclado e mouse, implementaram um sistema de colisão similar ao do WipEout 2, e fizeram mudanças nos menus. O resultado de tudo isso pode ser visto no trailer abaixo:

Porém, um dos problemas é que para jogar a Phantom Edition, os interessados precisarão ter os arquivos do jogo, o que poderá desanimar muitas pessoas. Pois uma boa alternativa está no trabalho de restauração que Dominic Szablewski está realizando.

Em uma extensa publicação, o sujeito explicou como aproveitou o código-fonte para chegar a algo impressionante: permitir que o clássico possa ser executado direto dos nossos navegadores. Algo simples, rápido e que pode ser acessado por qualquer pessoa através deste link.

Admitindo que ainda há muito trabalho a ser feito, Szablewski criou um GitHub onde aqueles com conhecimento poderão contribuir. Já em relação ao risco de os detentores dos direitos acionarem sua tropa de advogados, o rapaz foi categórico: “se alguém na Sony estiver lendo isso, por favor, considere que você tem (na minha opinião) duas opções igualmente boas: deixar para lá, ou desativar isso e fazer uma verdadeira remasterização. Eu adoraria ajudar!”

Por se tratar de um jogo tão antigo e cujo código-fonte já caiu na internet, acredito que a Sony não se dará ao trabalho de correr atrás do Sr. Szablewski. Porém, sabemos que os executivos adoram incomodar aqueles que só estão buscando reviver alguns clássicos e por isso, eu não cutucaria a onça com uma vara tão curta. Já aqueles que ajudaram na criação do WipEout, eu seria capaz de apostar que estão acompanhando tudo isso com um sorriso no canto da boca.

Fonte: Kotaku

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