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Será que um remake poderia salvar o Daikatana?

Apesar de afirmar que não lideraria tal projeto, John Romero aprova um remake do Daikatana e diz que isso poderia gerar um jogo "empolgante"

39 semanas atrás

Há quem defenda que profissionalmente, o mais difícil nem é chegar ao auge, mas conseguir se manter por lá durante muito tempo. John Romero é uma pessoa que tocou o céu bem cedo e com isso veio uma enorme expectativa por tudo o que ele criasse, fazendo com que a esperança de uma nova obra de arte se tornasse a maior inimiga de uma das suas criações, um jogo chamado Daikatana.

Daikatana

Crédito: Divulgação/Square Enix

Lançado no ano 2000 para PC e Nintendo 64, Daikatana seria o primeiro projeto em que Romero se envolveria após deixar a id Software, quando fundou um estúdio com outra lenda daquela empresa, Tom Hall. Anunciado em 1997, o jogo produzido pela Ion Storm chamou a atenção até da grande mídia, com a revista Time chegando a afirmar que “tudo em que John Romero toca se transforma em vísceras e ouro.”

Apesar de todo o exagero, tamanha expectativa tinha algum fundamento. Com o game designer tendo participado da criação de alguns dos jogos mais adorados dos anos 90, como Wolfenstein 3D, Doom e Quake, como não esperar que ele fosse capaz de repetir a dose?

Porém, o desenvolvimento daquele FPS não seria nada fácil. Tendo como inspiração os jogos Chrono Trigger e The Legend of Zelda: Ocarina of Time, Romero queria nos colocar para viajar no tempo com a ajuda de outros personagens, tendo para isso a influência do Tom Clancy's Ghost Recon.

Crédito: Divulgação/Square Enix

Ele então decidiu utilizar a engine do Quake para dar vida ao ambicioso projeto, mas não demorou para que percebesse que muitos dos conceitos não funcionariam na prática. Primeiro foram os ajudantes, que se mostraram muito difíceis de serem programados. Depois veio uma mudança para a engine do Quake II, o que atrasou bastante a produção e um trabalho que deveria ser concluído em sete meses, se arrastou por três longos anos.

Parte dessa demora aconteceu também devido a uma debandada na equipe, o que fez com que a imprensa passasse a questionar o desenvolvimento do Daikatana. Com a moral dos profissionais lá embaixo, outros acabaram pedindo demissão e quando o jogo foi lançado, apenas duas pessoas haviam permanecido desde o início.

Tudo isso resultou num dos maiores fracassos comerciais da indústria. Apesar de todo o pedigree que carregava consigo, o jogo vendeu pouco mais de 40 mil cópias, sendo duramente criticado pelos gráficos datados, pela jogabilidade simplista e pela inteligência artificial sofrível.

Daikatana

O jogo ainda tinha uma péssima campanha de marketing (Crédito: Reprodução/@CoolBoxArt)

Diante de uma recepção tão negativa, o natural seria fazer o que muitas empresas fazem quando um jogo naufraga desta maneira: simplesmente fingir que ele não existiu! Durante muito tempo isso realmente aconteceu, mas passadas mais de duas décadas desde o seu lançamento, talvez esteja na hora de darmos uma nova chance ao Daikatana. Quer dizer, pelo menos é nisso o que aparenta acreditar John Romero.

Em comemoração ao lançamento do livro autobiográfico que escreveu, o Doom Guy: Life in First Person, Romero realizou uma sessão de perguntas e respostas no Reddit e em determinado momento duas pessoas o questionaram sobre a possibilidade de um remake do famigerado jogo. As respostas dadas foram as seguintes:

 “Tenho trabalhado em um FPS há bastante tempo. Não posso dizer nada sobre isso, no entanto. Há uma grande editora por trás dele.

Eu mesmo não faria um remake do Daikatana, mas o apoiaria. [...] Sinto que o Daikatana, se refeito, poderia ser um jogo empolgante, mais do que o original. Pessoalmente, eu poderia prestar consultoria, mas não faria o remake, pois estou muito ocupado com outros jogos.”

Tenho que confessar que na época em que esse jogo foi lançado eu acabei sendo influenciado pela mídia e por isso nunca lhe dei muita atenção. Minha experiência com ele se resume a apenas alguns minutos no Nintendo 64 e como a impressão não foi boa, preferi gastar meu tempo com outras coisas.

Crédito: Divulgação/Square Enix

Isso, no entanto, não quer dizer que eu seja contra um remake do jogo idealizado por John Romero. A ideia de nos levar para diferentes épocas da história sempre me pareceu muito legal e com as pessoas certas envolvidas, além da tecnologia que temos disponível atualmente, acredito que o título possa ser salvo.

Porém, como um projeto desta magnitude parece improvável, ou pelo menos bem distante de se tornar realidade, uma opção seria utilizar um patch não-oficial que tem sido atualizado pela comunidade. Com ele o Daikatana pode ser aproveitado com diversas melhorias, de correções de bugs até gráficos mais bonitos, passando ainda por ajustes na inteligência artificial, suporte a widescreen e telas de carregamento mais rápidas.

Por se tratar de um título que em promoção costuma ser vendido por menos de R$ 2 no Steam, qualquer dia cometerei a loucura de adquiri-lo e espero que com essas correções, ele se torne minimamente divertido. Se isso não acontecer, tudo bem, a perda será basicamente do tempo que dedicarei a ele.

Sem previsão de ser lançado por aqui, no livro Doom Guy: Life in First Person Romero aborda temas muito mais delicados do que o fracasso comercial do Daikatana. Nele o game designer relembra as conturbadas relações que teve com o pai e o padrasto durante a infância, mas também agradece o sucesso que fez com os games. “Sei que serei lembrado pelo Doom mais do que por qualquer outro jogo que fiz... e isso definitivamente é mais que suficiente para uma pessoa,” declarou Romero em entrevista à Forbes.

Fonte: Destructoid

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