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China X EUA: Pequim bane componentes da Micron

Governo da China bane chips da Micron da infraestrutura essencial no país, outro efeito da escalada de tensões entre Pequim e Washington

48 semanas atrás

O cabo de guerra entre China e Estados Unidos envolvendo o mercado de semicondutores está longe de acabar. No mais recente desenvolvimento, o governo de Pequim proibiu companhias de infraestrutura básicas e essenciais de usarem componentes da Micron, empresa norte-americana especializada em produtos de memória computacional (RAM, DRAM) e de armazenamento.

Segundo a Administração do Ciberespaço da China (CAC), o órgão regulador (vulgo censor) da internet no território chinês, os produtos da companhia "representam sérios riscos à segurança" do país, argumento este que está sendo contestado pelo Departamento de Comércio dos EUA.

Sede da Micron Technology em Boise, Idaho (Crédito: Getty Images)

Sede da Micron Technology em Boise, Idaho (Crédito: Getty Images)

O comunicado da CAC foi publicado no último domingo (21), após um período de investigações que se estenderam por 7 semanas. A ordem foi endereçada a todas as companhias chinesas que fornecem produtos e serviços de infraestrutura, que a partir de agora e por tempo indeterminado, estão proibidas de fazerem negócios com a Micron.

O ato de Pequim vem sendo entendido como retaliação, e mais um capítulo na novela que envolve os estranhamentos entre China e EUA, desde que o governo Trump colocou diversas empresas de tecnologia chinesas em uma lista negra, com a Huawei no topo dela. As acusações foram as mesmas, "ameaça aos cidadãos, empresas locais, e à segurança nacional".

O relatório publicado pelo CAC anota que a Micron "representa riscos de segurança significativos à cadeia de suprimentos de infraestrutura e informação críticos", assim, todas as empresas que operam serviços críticos de infraestrutura, ao nível nacional, não podem mais comprar componentes da companhia.

A Micron Technology é a maior fabricante de memórias dos EUA, e uma das líderes globais no setor, e exatamente por isso, tem nas empresas chinesas alguns de seus mais valiosos compradores. Apenas em 2022, o país respondeu por 25% dos US$ 30,8 bilhões de faturamento bruto, no que datacenters são clientes preferenciais. Isso fez da fabricante de memórias um alvo ideal.

A proibição das vendas de seus produtos para o País do Meio teve consequências imediatas, com suas ações na bolsa tendo caído nesta segunda-feira (22); em contrapartida, concorrentes no setor de semicondutores como Samsung Electronics e SK Hynix, ambas sul-coreanas, anotaram leves ganhos em paralelo, algo esperado.

O rolo envolvendo a Micron não necessariamente significa que a empresa de fato representa riscos, e vale lembrar que até hoje, nunca conseguiram provar nada concreto contra a Huawei. De qualquer forma, a ação é uma resposta às sanções impostas a companhias da China pelos EUA, em outubro de 2022.

Detalhe de wafer de chips de silício (Crédito: Shutterstock) / china

Detalhe de wafer de chips de silício (Crédito: Shutterstock)

Na ocasião, o Departamento de Comércio publicou as chamadas "regras para controle de exportação", que efetivamente proíbem a comercialização de tecnologias americanas consideras críticas com empresas chinesas, o que inclui semicondutores e seus designs. Foi assim, por exemplo, que a TSMC se viu forçada a deixar de atender tais clientes.

Dessa forma, empresas como Biren Technology, Alibaba e outras se viram forçadas a depreciar seus designs, para não usar componentes mais modernos, que não mais poderão acessar. O banimento da Micron seria meramente uma resposta à altura, no que a companhia é apenas o bode expiatório da vez.

Como era de se esperar, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos rechaçou completamente a decisão da CAC, dizendo que o banimento da Micron do país "não é baseado em fatos", e que "esta ação, aliada a investigações recentes tendo como alvos outras empresas americanas, é inconsistente com as afirmações da China sobre a abertura de seu mercado, e seu compromisso com metodologias transparentes de regulação".

Claro, a China está se valendo da máxima "chumbo trocado não dói". Em outubro de 2022, quando as sanções foram impostas, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país disse que "os EUA abusaram das medidas de controle de exportação", de modo a frear o crescimento econômico da China à força, e garantir o domínio americano no setor de semicondutores, de forma artificial.

O Departamento de Comércio afirma que entrará em contato com as autoridades chinesas, a fim de reverter o ban da Micron, mas é óbvio que tendo em vista as restrições de compras impostas ao país, o arranca-rabo entre Pequim e Washington pela dominância do setor de semicondutores está muito longe de acabar.

Fonte: Ars Technica

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