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Mega Man Battle Network Legacy Collection — Conectar! Força Total!

Mega Man Battle Network Legacy Collection reúne os 10 games da franquia que reimaginou a mascote da Capcom como um guerreiro virtual

48 semanas atrás

Mega Man Battle Network Legacy Collection é a mais recente coletânea da Capcom, da série dedicada a compilar todos os games do robozinho azul, entre suas diversas séries ao longo de mais de 30 anos de história. Esta reúne os 10 games principais da subsérie Mega Man Battle Network, lançados para o Game Boy Advance entre 2001 e 2005.

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Divulgação/Capcom)

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Divulgação/Capcom)

Disponível para o PS4, Nintendo Switch e Windows, Mega Man Battle Network Legacy Collection revisita a ousada empreitada da desenvolvedora japonesa, que reformulou sua mascote para seguir a onda da época.

Mega Man de bolso

Antes de mais nada, vamos direto ao ponto: a série Battle Network só existiu graças a Pokémon. A franquia dos monstrinhos de bolso da TPC, que se desdobrava em games, HQs, animações e outros produtos, estimulou diversos estúdios a emularem o formato, de criaturas que lutam entre si em nome de seus mestres. A concorrente de maior sucesso nesse sentido foi a Bandai, ao estabelecer a marca Digimon, em 1997.

A Capcom não estava de olhos vendados a esse boom de franquias de combate por proxy, mas, ao mesmo tempo, também observava o crescimento dos jogos de cartas colecionáveis (CCGs/TCGs), de Magic: The Gathering à febre da época Yu-Gi-Oh! (1999), além dos próprios cards de Pokémon.

A desenvolvedora, então, decidiu ser válido combinar ambos estilos em uma nova série, similar a Pokémon, mas com seus próprios personagens. Segundo o produtor Keiji Inafune, a ideia era oferecer um game do Mega Man com uma pegada mais próxima do mundo real, no que um futuro com robôs como a norma não era mais adequado.

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Divulgação/Capcom)

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Divulgação/Capcom)

Assim, todo o universo do bombardeiro azul foi remodelado, no que Rock, Roll, Proto Man, Bass e cia. viraram softwares; neste mundo, a computação avançou ao invés da robótica, quase todo dispositivo eletrônico tem acesso à internet (até fogões), e cada pessoa possui um PET (de Personal Terminal), um dispositivo que se conecta à rede para acessar notícias, ler e-mails, conversar, etc.

É curioso ver que, em 2001, a Capcom previu de forma acidental a ascensão da internet móvel e smartphones, e até o conceito de casas conectadas. Também não muito diferente, existem pessoas mal intencionadas que querem ver o mundo virtual queimar, lançando vírus e hackeando instalações.

As pessoas protegem seus PETs personalizando seus NetNavis (Internet Navigators), as IAs instaladas, com habilidades de combate para combater os vírus. Essas são as atuais encarnações de Mega Man e cia, onde cada um (nem todos) possui um "mestre" humano. No caso do azulzinho, referido como MegaMan.EXE, este é o protagonista Lan Hikari, um garoto de 11 anos que, com seu amigão de bolso, viverão inúmeras aventuras, encontrarão e enfrentarão diversos outros NetNavis, e claro, salvarão a internet, e o mundo, mais de uma vez.

Agora, a coletânea. Mega Man Battle Network Legacy Collection é dividida em duas edições, Vol. 1 e Vol. 2, cada qual com um certo número de games. A prática se tornou comum com a Capcom, que fez o mesmo com Mega Man Legacy Collection e Mega Man X Legacy Collection.

Em Battle Network Legacy Collection Vol. 1, você encontrará os games (as datas são dos lançamentos no Japão, nas quais as versões compiladas são baseadas):

  • Mega Man Battle Network (2001);
  • Mega Man Battle Network 2 (2001);
  • Mega Man Battle Network 3 Blue (2002);
  • Mega Man Battle Network 3 White (2002).
Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Reprodução/Capcom)

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Reprodução/Capcom)

Já em Battle Network Legacy Collection Vol. 2, estes são os títulos disponíveis:

  • Mega Man Battle Network 4 Red Sun (2003);
  • Mega Man Battle Network 4 Blue Moon (2003);
  • Mega Man Battle Network 5: Team Colonel (2004);
  • Mega Man Battle Network 5: Team ProtoMan (2004);
  • Mega Man Battle Network 6: Cybeast Falzar (2005);
  • Mega Man Battle Network 6: Cybeast Gregar (2005).

A apresentação da coletânea é muito bem feita. A página principal traz uma versão animada de MegaMan.EXE, que conversa com o jogador nas vozes dos dubladores originais do anime Mega Man NT Warrior (Akiko Kimura em japonês, e Andrew Francis em inglês). Aqui, você pode selecionar os games e intercalar entre as versões, caso disponíveis, com um toque de botão.

Na apresentação dos games, há as opções de alteração de aparência, como ligar ou desligar o filtro que suaviza os pixels (não tem como adicionar linhas de telas antigas, no entanto), aproximar ou afastar o zoom, mas mantendo-se sempre na proporção original, assim, as molduras laterais sempre estarão à mostra. Na minha opinião essa ausência não será sentida, pois o modo de tela cheia estica lateralmente os gráficos, distorcendo os games, mas ainda assim, seria bom ter a opção para quem prefere usá-la.

A mecânica dos 10 games é bastante similar. Você controla Lan no mundo real e MegaMan.EXE no virtual, onde este batalha contra vírus, NetNavis de seus amigos e outros renegados, os bons e velhos Robot Masters reimaginados. Para lutar, você tem a Mega Buster à disposição, uma arma rápida que, embora possa carregar o tiro, é bem fraca, no que é onde a mecânica de card games entra.

Nos 10 games, você tem à disposição chips de combate que adicionam armas, de ataque direto ou de área, habilidades diversas, como tomar parte do campo dos inimigos, ou de destruí-los, e especiais de invocação, que chamam um NetNavi aliado (geralmente, conseguido derrotado-o antes) para realizar uma ação, que pode ser ataque, cura, ou outros efeitos.

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Divulgação/Capcom)

Geralmente, é possível carregar apenas 30 chips para combates, no que eles serão sacados aleatoriamente a cada turno. É preciso posicionar MegaMan.EXE no campo de modo que ele sofra menos com os ataques dos inimigos, que podem ter direções e alcance variados, e saber usar suas habilidades com precisão.

A estrutura de RPG dos Battle Network é parecida com os games principais da série Pokémon, mas os combates são menos diretos e mais focados em estratégia e posicionamento, sendo mais similares a Tactics Ogre e Final Fantasy Tactics, embora bem menos complexos.

Os chips possuem níveis e tipos, designados por uma letra. Em um turno, você pode sacar vários chips iguais (por exemplo, 3 canhões) de letras diferentes, ou chips diferentes, desde que a letra designada seja igual.

Em alguns games, se em um turno nenhum chip interessante vier, você pode pular a rodada sem escolher nenhum, e na próxima, ao invés de uma nova seleção, você terá a adição de mais chips aos anteriormente sacados. É uma estratégia arriscada, mas que pode oferecer resultados poderosos.

Museu de velhas novidades

Como toda coletânea, os dois Battle Network Legacy Collection vêm cheios de extras, alguns inéditos para os jogadores do ocidente. Há as obrigatórias Galerias de Arte e de Música, onde você pode ouvir os temas dos 10 games, e conferir artworks oficiais e rascunhos para os títulos do Game Boy Advance, incluindo algumas dicas para lançamentos futuros.

Como dito antes, spin-offs lançados para outros consoles, como o GameCube (Network Transmission) e WonderSwan (RockMan.EXE WS), bem como o "capítulo perdido" Rockman EXE 4.5 Real Operation, lançado em 2004 para o GBA apenas no Japão, ficaram de fora.

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Reprodução/Capcom)

Por outro lado, vale lembrar que ainda falta a Capcom compilar as duas últimas subfranquias, Mega Man Legends e Mega Man Star Force (as séries Zero e ZX foram reunidas em uma única Legacy Collection).

A primeira teve dois jogos e o spin-off The Misadventures of Tron Bonne, que nunca saiu do PlayStation original; a segunda, 3 jogos numerados para o Nintendo DS, onde cada um teve mais de uma versão, totalizando 7 títulos diferentes, além de um crossover com Battle Network, outro exclusivo do Japão.

Outras inclusões remetem ao fato de que, no Japão, a série Battle Network recebeu incrementos exclusivos, que não foram portados para as versões do ocidente. Por exemplo, alguns games possuíam chips de combate especiais, que eram distribuídos aos jogadores que participavam de convenções oficiais da Capcom.

Um deles era o do Bass do primeiro game. Na história, ele é um inimigo poderoso da série (que surgiu originalmente em Mega Man 7), cujo chip possui um poder de ataque altíssimo e afeta toda a área inimiga, podendo eliminar quase qualquer inimigo facilmente. Aqui, ele está disponível para download desde o início.

Outra facilidade para os jogadores é ativar o modo Buster MAX, que fortalece o poder de ataque normal da Mega Buster. Tanto este recurso quanto o chip de batalha do Bass tornam os desafios bem mais simples.

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Reprodução/Capcom)

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Reprodução/Capcom)

Outra adição, presente nos Battle Network 3-6 do Japão, são os patch cards, originalmente cartões físicos que eram lidos com o e-Reader, um acessório do Game Boy Advance. Por terem tido uma tiragem limitada, e conferirem vantagens poderosas, tais cartões foram disputadíssimos na época.

Aqui, assim como aconteceu com os modification cards de Mega Man Zero 3 na Zero/ZX Legacy Collection (na verdade, a Mega Man Zero Collection do DS já tinha feito isso antes), é possível usar os patch cards sem precisar dos cartões físicos, e pela primeira vez, os jogadores de fora deo Japão poderão conferir o recurso, sem apelar para ROMs hackeadas.

Por fim, o sistema online foi totalmente retrabalhado. Com ele, é possível se conectar com outros jogadores, batalhar e/ou trocar chips de combate.

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Reprodução/Capcom)

Mega Man Battle Network Legacy Collection (Crédito: Reprodução/Capcom)

Assim, ambas Battle Network Legacy Collection seguem a receita das compilações anteriores, adaptando-a às necessidades dos presentes títulos, para que a experiência seja a mais completa possível, baseado ao que os japoneses tiveram acesso nos anos 2000.

Conclusão

Mega Man Battle Network Legacy Collection oferece horas e horas de conteúdo por 10 jogos diferentes, que pintam um quadro de como a Capcom reimaginou um de seus personagens mais reconhecíveis para o novo milênio. Ainda que a decisão tenha sido tomada para surfar na onda de Pokémon, o resultado foram jogos muito divertidos e originais, que conquistaram toda uma nova geração de jogadores, especialmente os não interessados nas séries Clássica e Mega Man X.

Talvez o ponto mais incômodo seja que, por um motivo não explicado, a Capcom decidiu ignorar a plataforma Xbox para o atual lançamento, diferente do que fez com todas as Legacy Collection anteriores. Não se sabe se esta é uma decisão temporária, ou se a desenvolvedora japonesa resolveu não mais contemplar os consoles da Microsoft com suas coletâneas do robozinho azul.

Fora isso a Battle Network Legacy Collection, ainda que seja um tanto cara a princípio (até por ser dividida em 2 volumes), é uma opção interessante tanto para quem quer conhecer um dos capítulos mais interessantes da longa história do Mega Man, quanto para quem deseja relembrar o passado, revisitando épicas batalhas contra NetNavis do mal.

O chip do Bass é apelão ao extremo (Crédito: Reprodução/Capcom)

O chip do Bass é apelão ao extremo (Crédito: Reprodução/Capcom)

No mais, só nos resta aguardar as inevitáveis coletâneas de Mega Man Legends e Mega Man Star Force.

Mega Man Battle Network Legacy Collection — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS4, Nintendo Switch e Windows (analisado no PS5, com cópia cedida pela Capcom);
  • Desenvolvedora — Capcom;
  • Distribuidora — Capcom;
  • Classificação Indicativa — 10 anos.

Pontos fortes:

  • MUITAS horas de conteúdo;
  • Modo Buster MAX ajuda muito;
  • Suporte online para combates e troca de chips;
  • Cartões físicos dos jogos recentes disponíveis digitalmente.

Pontos fracos:

  • Opções de filtros de menos;
  • Xbox ficou de fora, pela primeira vez.

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