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One Piece Odyssey — uma ótima introdução ao anime

One Piece Odyssey embala arcos do anime em um RPG de turno, ideal para quem quer conhecer a obra, mas não vai encarar mais de mil episódios

1 ano atrás

One Piece Odyssey é o primeiro grande lançamento de games em 2023, um RPG de turno à moda antiga baseado na animação japonesa de maior sucesso no mundo atualmente. O mangá de Eiichiro Oda, publicado desde 1997, detém hoje o título de história em quadrinhos que mais vendeu na história, superando a coleção Asterix em mais de 130 milhões de exemplares.

One Piece Odyssey (Crédito: Divulgação/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

One Piece Odyssey (Crédito: Divulgação/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

Com uma história que se estende por mais de 1.000 capítulos do mangá e outros mais de 1.000 episódios do anime, no ar desde 1999, fica complicado recomendar a série para alguém que nunca a leu ou assistiu. Talvez pensando nisso, One Piece Odyssey revisita alguns dos arcos mais emblemáticos da obra, que, enquanto agrada os fãs, pode servir como introdução ao mundo de Monkey D. Luffy e sua tripulação.

No episódio anterior de One Piece...

A história de One Piece Odyssey não segue a cronologia oficial, mas pode ser situada antes do arco da ilha Whole Cake. Os Piratas Chapéu de Palha (Luffy, Roronoa Zoro, Nami, Usopp, Sanji, Tony Tony Chopper, Nico Robin, Franky e Brook) chegam a uma nova ilha de maneiras catastróficas: seu navio é atingido por uma tempestade colossal, e encahha na praia.

Com Franky incumbido de consertar o Thousand Sunny, o time sofre outro desfalque, já que Brook (o esqueleto dele, na verdade) afunda no mar, ele é reduzido a uma alma sem corpo, incapaz de lutar "desincorporado", assim, no início o time de Luffy é reduzido a apenas 7 integrantes.

A ilha, chamada Waford, é povoada por animais selvagens e possui diversas ruínas, mas a missão não se restringe a ela. Logo de início, o grupo é abordado por uma garota chamada Lim, que ao tocar os piratas, remove as memórias de suas habilidades e poderes, deixando-os incrivelmente fracos (na prática, todos regridem do nível 40 para o nível 1).

One Piece Odyssey (Crédito: Divulgação/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

One Piece Odyssey (Crédito: Divulgação/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

Outro habitante da ilha, Adio, explica que Lim teve uma experiência ruim com piratas no passado, e por não gostar deles, usa seus poderes para enfraquecer os que chegam a Waford, e afugentá-los. Esta não é uma opção para Luffy e cia, que não fogem de um desafio.

Adio então convence Lim a ajudar os Chapéus de Palha a recuperarem suas memórias, transformadas em cubos e espalhadas por Waford. Alguns destes, por serem muito grandes, não podem ser reabsorvidos diretamente, e para recuperar suas habilidades, Luffy e cia. precisam reviver eventos passados, a parte mais interessante do game.

De Volta Para o Passado

A desenvolvedora japonesa ILCA, responsável por One Piece Odyssey, é pouco conhecida, pois operava mais como suporte de outros estúdios. Seu primeiro grande projeto foram os remakes Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl, lançados para o Nintendo Switch em 2021.

O título dos Chapéus de Palha é seu primeiro game original, ainda que baseado em uma franquia famosa, e se apresenta como um RPG de turno clássico, a exemplo de diversos games do gênero famosos no Japão. Ainda assim, há alguns toques originais.

One Piece Odyssey (Crédito: Reprodução/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

One Piece Odyssey (Crédito: Reprodução/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

O combate em One Piece Odyssey é dividido em quatro setores, um para cada personagem disponível em campo (é possível trocar pelos de fora quando quiser, desde que o alvo não tenha concluído seu turno); cada setor pode ter inimigos abrigados, e um personagem só pode atacar outra área, se a sua estiver limpa, salvo usando técnicas de longo alcance/dano de área.

Há também uma mecânica de pedra-papel-tesoura, e se você conhece a série Mega Man, sabe do que estou falando. Os personagens e inimigos são divididos em três grupos, sendo Poder, Velocidade e Técnica, onde o primeiro supera o seguinte, até fechar o ciclo.

Na hora da luta, é preciso ficar atento para o tipo do personagem que está atacando, e para o tipo do alvo; você causará mais dano em inimigos de tipo inferior ao seu, mas o contrário também é válido. Assim, é recomendado mudar o time, tirando os que terão desvantagens, para não sofrer demais. Você também será auxiliado por personagens de suporte em certos momentos, mas estes não podem ser controlados.

Conforme avança no game, certos membros do bando de Luffy desenvolverão técnicas especiais em conjunto, ataques poderosos que lembram muitos os ataques duplos e triplos de Chrono Trigger. Haverão também batalhas a serem vencidas em condições especiais, como evitar que um personagem seja nocauteado, ou derrotar um inimigo com um membro específico; como recompensa, você receberá pontos extras de experiência.

One Piece Odyssey (Crédito: Reprodução/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

One Piece Odyssey (Crédito: Reprodução/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

Na parte de exploração, cada personagem possui uma habilidade especial. Luffy pode alcançar pontos distantes, Zoro corta portas de metal, Nami e Sanji detectam respectivamente dinheiro e ingredientes para cozinhar (fique atento quando um deles disser algo), Chopper pode atravessar passagens estreitas, Usopp atira em alvos que mesmo Luffy não alcança, e por aí vai.

O mapa esconde fragmentos pequenos de cubos de memória dos personagens, que podem ser coletados para incrementar suas técnicas especiais, que serão desbloqueadas conforme progride na história. Ao preencher todos os espaços, a habilidade sobe de nível e fica mais poderosa. Há também áreas que não podem ser alcançadas no início, que pedem habilidades e itens específicos.

Mas a grande atração de One Piece Odyssey é o fator Nostalgia. Graças à desculpa do plot para recuperar os poderes de Luffy e seu bando, o jogador poderá jogar através de 4 arcos importantes do mangá e anime: Alabasta, Water 7, Marineford e Dressrosa.

Cada memória possui missões, aliados e vilões específicos, reunindo alguns dos mais memoráveis personagem de One Piece, como Crocodile, os agentes da CP9, Doflamingo, e os poderosíssimos almirantes da Marinha. Entre os aliados, será possível reencontrar figuras como Ace, Vivi, Barba Branca, Trafalgar Law e cia. ltda.

One Piece Odyssey (Crédito: Divulgação/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

One Piece Odyssey (Crédito: Divulgação/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

Este é o principal selling point de One Piece Odyssey, que apela para dois tipos de público distintos. Os fãs do mangá e anime poderão reviver grandes momentos de uma história que se estende por mais de 25 anos de publicação, mas aqueles que nunca tiveram contato com a obra, mas tem curiosidade, terão uma amostra de como a história de Eiichiro Oda é conduzida, e entender por que One Piece faz tanto sucesso.

Na parte técnica, os gráficos são bem definidos e competentes, mas o estilo visual puxado mais para texturas em 3D (culpa da Unreal Engine 4) é hoje um tanto datada para recriar a estética anime em games, e nem estou falando de Genshin Impact: Scarlet Nexus, outro RPG também distribuído pela Bandai Namco, seguiu a nova fórmula direitinho. Ainda assim, o visual não é feio.

As músicas são competentes, e situam bem o jogador conforme a ambientação, e o elenco de vozes é o mesmo da dublagem original em japonês; não há opção em outras línguas, mas o texto está totalmente localizado em português brasileiro.

Talvez o maior ponto fraco de One Piece Odyssey seja ele ser um RPG "nos trilhos". As áreas de exploração não são tão grandes, há barreiras invisíveis por todo lado, e muitas vezes, você será impedido de seguir em uma direção, porque o game o forçará a dar continuidade na história.

Momento nostalgia (Crédito: Reprodução/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

Momento nostalgia (Crédito: Reprodução/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

Em um certo ponto, o jogo não me deixou acessar um ponto de salvamento, que estava bem próximo a mim, e tive que seguir com mais 15 minutos de jogatina, até salvar meu progresso. Acredite, isso é bem irritante.

"Eu vou ser o Rei dos Piratas!"

Para um primeiro game original, o pessoal da ILCA fez um bom trabalho com One Piece Odyssey. Para os fãs do mangá e anime, este é um game que foge do gênero "musou" da série Pirate Warriors da Omega Force, e um dos poucos RPGs baseados na franquia.

A aventura original é usada como desculpa para revisitar arcos famosos da história, sendo um presente para os fãs, enquanto permite aos piratas novatos terem uma ideia do que é a obra, ainda que ela não explique tudo; há muitas referências no texto a outros momentos do passado, que só os iniciados vão entender.

Na parte técnica, trata-se de um RPG de turno competente, com uma boa apresentação de gráficos e trilha sonora, ainda que outros games possam ter adaptado melhor a estética anime em games. E a jogabilidade guiada em um game deste gênero não me agrada, desde os tempos de Final Fantasy XIII.

Sério, Luffy? (Crédito: Reprodução/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

Sério, Luffy? (Crédito: Reprodução/ILCA/Bandai Namco Entertainment)

Mesmo assim, os defeitos de One Piece Odyssey não são suficientes para contestar que ele mereceu o lugar entre os grandes lançamentos de 2023, apesar de ainda estarmos em janeiro. Muitos dirão que ele se apoia na nostalgia, o que é verdade, mas enquanto tal fator afaga os fãs, ele também torna o game interessante aos demais jogadores, que não precisam entender One Piece para apreciá-lo.

Pelo contrário, é bem possível que One Piece Odyssey acabe conquistando novos leitores e espectadores, que tomarão coragem para encarar a enorme história do mangá e anime.

One Piece Odyssey — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS5, Xbox Series X|S, PS4 e Windows (analisado no PS5, com cópia cedida pela Bandai Namco);
  • Desenvolvedora — ILCA;
  • Distribuidora — Bandai Namco Entertainment;
  • Classificação Indicativa — 12 anos.

Pontos fortes:

  • Bons gráficos, ainda que datados para games baseados em animações japonesas;
  • Trilha sonora bem executada;
  • Game revisita 4 arcos importantes do mangá e anime.

Ponto fraco:

  • Jogabilidade "nos trilhos" limita exploração.

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