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Nvidia vs. cripto mineradores: a guerra ainda está longe de acabar

Chineses estão convertendo GPUs de laptops da Nvidia, que não possuem drivers anti-mineração de criptomoedas, em dedicadas para desktops

2 anos atrás

Em 2021, a Nvidia pôs em prática algumas medidas para lidar com a insanidade que se tornou o mercado de GPUs, em que qualquer modelo dedicado custa os olhos da cara, ou o valor de uma moto no Brasil. O objetivo era desestimular o interesse dos mineradores de criptomoedas pelas placas de vídeo tradicionais.

Bom, não deu certo. Os mineradores não se interessaram pelos modelos exclusivos, os CMPs, estão conseguindo contornar atualizações que prejudicam o desempenho das GPUs dedicadas em gerar as moedas virtuais, e agora, manufaturas na China começaram a converter as placas de vídeo de laptops, em versões para desktop.

Usar laptops para minerar criptomoedas não é algo novo, mas chineses estão agora dando um passo além (Crédito: Harrison Becker/YouTube) / Nvidia

Usar laptops para minerar criptomoedas não é algo novo, mas chineses estão agora dando um passo além (Crédito: Harrison Becker/YouTube)

A campanha da Nvidia para normalizar o mercado de GPUs se baseia em uma série de premissas. Oficialmente, a companhia de Santa Clara argumenta que a pandemia da COVID-19 teve como consequência um aumento na procura por GPUs dedicadas, tanto por gamers voltando a investir em seus PCs, quanto por profissionais que estão em regime de trabalho remoto, e dependem de configurações mais parrudas, equiparadas às que usavam nos ambientes de trabalho.

O segundo ponto tem a ver com a valorização das criptomoedas tradicionais, como Bitcoin e Ethereum, a partir de 2020, sendo que este público, embora tenha rendido muito dinheiro por anos, se tornou um problema devido outra consequência da COVID-19, a escassez global de semicondutores, no que as manufaturas da China, Taiwan e leste asiático tiveram problemas para manter o ritmo de produção, criando um problema de demanda maior que a oferta.

Extraoficialmente, o principal motivo para a Nvidia buscar diminuir o interesse dos cripto mineradores pelas GPUs dedicadas, é combater a concorrência com o mercado de usados. Unidades empregadas no processo de cálculo para geração de moedas virtuais, mesmo exauridas, vão parar nos sites de revenda, e acabam se tornando opções mais atraentes ao consumidor final, do que os modelos mais recentes de placas de vídeo, bem mais caras.

Motivações à parte, a Nvidia tomou duas atitudes. A primeira e mais radical, foi implementar atualizações em suas GPUs dedicadas mais recentes, um limitador chamado Lite Hash Rate, ou LHR, capaz de identificar quando a placa de vídeo está sendo usada para minerar Ethereum, uma das poucas ainda lucrativas, e em caso positivo, os drivers cortam o desempenho da placa para esse fim pela metade; todos os modelos GeForce RTX Série 30 usam o recurso.

O segundo ato foi introduzir um hardware dedicado exclusivamente à mineração, chamado Cryptomining Processor (Processador de Cripto Mineração), ou CMP. Eles equipam dispositivos sem saída gráfica, e servem apenas para gerar moedas virtuais.

O grande problema para a Nvidia foi que os mineradores não se interessaram pelos CMPs, pois diferente das GPUs dedicadas, uma vez exaurida seu destino é o lixo, ao invés da revenda para um usuário comum. Isso, claro, iniciou mais uma vez o jogo de gato e rato entre a fabricante e a turma das criptos, com estes tentando burlar o LHR, que chegou a ser totalmente derrubado.

A Nvidia respondeu rapidamente, com atualizações de drivers que restauraram a limitação para 70% da performance total das GPUs, o primeiro threshold alcançado pelos mineradores, mas, ao mesmo tempo, entusiastas voltaram sua atenção às versões para laptops da Série 30, que não têm o LHR implementado.

A Nvidia sabe que criar fazendas de mineração com laptops não é muito comum, ainda que alguns malucos façam justamente isso, e talvez por esse motivo, não se deu ao trabalho de implementar o LHR nos chips que vêm em notebooks gamer. No entanto, isso deve mudar:  manufaturas chinesas independentes começaram a "converter" tais módulos em versões dedicadas, com case, conector AGP/PCI Express e tudo.

A motivação para a empreitada é simples: ainda que o desempenho de uma GPU para laptop não chegue perto de uma dedicada, o fato de que as primeiras não contam com o LHR reduz o trabalho de ter que lidar com drivers proprietários da Nvidia, e se torna um plano alternativo no caso de a fabricante conseguir implementar bloqueios mais eficientes (e mais difícieis de quebrar) para manter a redução de performance das versões para desktop.

Não obstante, as GPUs de Frankenstein ficam à frente dos CMPs, pois contam con conectores de vídeo e podem, inclusive, serem revendidas para usuários finais após serem torradas, como componentes para jogar em PCs.

A grande pergunta, no entanto, é "por que se dar a esse esforço"? O mercado de criptomoedas está em queda livre, o valor dos ativos despencando cada vez mais, e como consequência de muitos mineradores pulando fora do barco, o preço das GPUs dedicadas originais está finalmente caindo, embora continue longe do ideal.

É possível que as manufaturas da China estejam apostando em uma recuperação do mercado, o que em tese justificaria a empreitada, para atrair consumidores que não querem se dar ao trabalho de brigar com a Nvidia e o LHR, mas também não querem nem saber dos CMPs.

De qualquer forma, os próximos meses deverão ser importantes para todos os envolvidos, incluindo o gamer de PC que só quer comprar uma placa de vídeo sem ter que vender um braço e uma perna.

Fonte: Wccftech

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