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Novo jogo de Will Wright, Proxi será baseado em NFTs

Will Wright anuncia que a economia do Proxi recorrerá aos NFTs para recompensar as criações dos jogadores (e aumentar o lucro do estúdio, é claro)

2 anos e meio atrás

Depois de mais de uma década afastado da indústria e sendo o principal responsável por sucessos como SimCity e The Sims, em 2018 muitas pessoas ficaram bastante empolgadas ao saber que Will Wright estava de volta. Anunciado como um título que prometia despertar a criatividade e as emoções dos jogadores, Proxi parecia bem diferente de tudo o que existe no mercado, mas a recente revelação de uma novidade já começa a causar preocupações.

Proxi

Crédito: Reprodução/Gallium Studios

Desenvolvido pela Gallium Studios, a ideia com o Proxi é nos permitir criar belos dioramas digitais baseados em nossas memórias, sentimentos e pensamentos. Segundo os envolvidos no projeto, assim teremos um jogo que conversará com o nosso subconsciente, num conceito que parece tão exageradamente ambicioso quanto fascinante.

De certa forma este é um jogo de autodescoberta, um jogo aonde na verdade você descobre o seu eu escondido — o seu subconsciente, a sua identidade interior e traz isso para a superfície, traz isso à vida para que possa interagir com isso,” explicou Will Wright. “Você pode brincar com isso, aprender com isso e ele aprenderá sobre você. Fazemos isso primeiro puxando as memórias do seu passado, essas coisas únicas que acontecem na sua vida e que fazem de você quem você é.

No papel a ideia é muito interessante, mas o que já começou a desagradar algumas pessoas foi o anúncio de uma parceria com a Forte, plataforma especializada em fornecer tecnologia blockchain para videogames. Isso significa que o Proxi girará em torno de uma economia baseada em criptomoedas e tokens não-fungíveis, ou como são mais comumente conhecidos, os NFTs.

Funcionará mais ou menos assim: por se tratar de um jogo com forte apelo ao conteúdo gerado pelo usuário, praticamente todos os objetos presentes no Proxi poderão ser atrelados a um NFT, fazendo com que se tornem um item digital colecionável. Isso fará com que o jogador se torne “dono” deles e caso a pessoa opte por vender o objeto ou mesmo a cena inteira que tiver criado, terá esta opção.

Para ajudar na divulgação do recurso — e colocar alguns dólares nos cofres da empresa —, a Gallium Studios deu início à venda dos primeiros pacotes de NFTs para o jogo, com os valores sendo de US$ 10 e US$ 50. A oferta ficou no ar por apenas 24 horas e aqueles que investiram na sua aquisição levaram alguns objetos e o direito a extras, como acesso a comunidade da desenvolvedora ou a ser identificado como um dos fundadores.

A escolha pelos NFTs pode parecer um tanto óbvia, afinal estamos falando de um mercado que só no primeiro semestre de 2021 movimentou mais de US$ 2,5 bilhões. Porém, isso não significa que todos apoiem este modelo de negócios. De preocupações ambientais com a energia consumida para manter esta roda girando a real propriedade garantida àqueles que investem pesado na compra desses ativos digitais intangíveis, ainda existem muitas dúvidas relacionadas a prática.

Já Will Wright mostrou-se bastante empolgado com a ideia. Para ele, esta será uma boa oportunidade de garantir que os jogadores possam ganhar algo com aquilo que produzirem para o Proxi.

Eu sempre considerei a comunidade e seus esforços uma parte integral dos meus jogos. Com a plataforma de blockchain da Forte, agora temos uma maneira segura de integrar e recompensar as contribuições da comunidade. A nossa primeira pré-venda foi uma maneira de agradecer oficialmente a comunidade e os criadores pelo seu apoio ao jogo.

A nossa intenção não é construir um mercado especulativo em que você agora pode vender o seu estúpido JPEG por milhões de dólares. A intenção é usarmos esta tecnologia de uma maneira em que a nossa comunidade se torne uma parte integral do desenvolvimento do jogo.

Recorrer a comunidade também será uma maneira de permitir que o jogo ganhe corpo, já que seria impossível uma pequena equipe conseguir criar as memórias que as pessoas gostariam de adicionar aos seus dioramas. E ao nos permitir comercializar essas criações, Wright e sua equipe espera incentivar aqueles que adoram produzir esse tipo de conteúdo.

Crédito: Divulgação/Gallium Studios

Contudo, é importante dizer que embora teremos a opção de comprar a moeda in-game — aqui chamada Gallium e com 100 unidades custando US$ 1 —, não será possível fazer o inverso, muito menos vender os objetos fora do Proxi. Ou seja, a desenvolvedora está tratando de fazer com que o dinheiro circule apenas internamente, com tudo o que conquistarmos no jogo só podendo ser utilizado nele mesmo.

Confesso que por enquanto ainda não sei se esta nova investida de Will Wright é algo com capacidade para mudar a indústria, fazendo com que os NFTs se tornem mais próximos dos jogadores, ou se o lendário game designer está prestes a dar um belo tiro no pé.

Por enquanto, a minha impressão é de que por mais promissor que este novo projeto possa parecer, nos dando acesso a uma experiência única e viciante, temo que essa tentativa de aproveitar surfar na onda dos tokens não-fungíveis acabe estragando toda a experiência. Tomara que eu esteja errado, porque gosto admiro muito a carreira de Wright.

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