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Resenha: Free Guy - um excelente filme em videogame

Free Guy não é um filme que mudará o mundo, mas entrará para a História como um filme de, digo, em videogame que é divertido e competente

2 anos e meio atrás

Free Guy conseguiu dois feitos raríssimos na História do cinema: É um filme de videogame divertido e é um filme com roteiro original, não é baseado em nenhuma história existente, mas mesmo assim qualquer gamer, mesmo ocasional vai se sentir em um ambiente bem familiar.

Assista. (Crédito: Disney)

A História

Em Free Guy Ryan Reynolds é... Guy, um NPC (non-playable character) em um MMORPG tipo GTA Online. Ele trabalha em um banco, tem um loop onde acorda, dá bom dia pro peixe, compra café, bate papo com um amigo e vai para o trabalho. Depois não sabem porque a gente precisa de uma bruta GeForce pra rodar esses games AAA.

Durante uma das manhãs repetitivas, Guy repara em uma personagem diferente, Molotova Girl, interpretada pela altamente crusheável Jodi Comer. Ela é um dos usuários de óculos escuros. Para o povo de Free City o povo com óculos escuros é composto de super-heróis, mas na realidade é apenas uma forma de diferenciar os gamers dos NPCs.

Jodia Comer daria uma excelente Viúva Negra (Crédito: Disney)

Guy começa aos poucos a tentar se desviar da programação, e acaba matando um gamer e roubando os óculos, que lhe dão a visão além do alcance; ele passa a ver toda a informação visual típica de um videogame.

Molotova na verdade é uma programadora que está investigando Free City, que segundo ela foi baseado em código roubado por Antwan, o delicioso e caricato vilão feito por um Taika Waititi que está se divertindo bem mais do que deveria.

Guy tenta ajudar Molotova, mas ele é um personagem nível 1, ela sugere que ele suba de nível, mas Guy se recusa a seguir o caminho normal, violência, então ele começa a ganhar pontos sendo um Good Guy. Isso viraliza, ele se torna sensação na Internet, sem saberem que ele é um NPC.

No mundo real Molotova e seu sócio descobrem que Guy é uma Inteligência Artificial que eles criaram sem-querer, tentam explicar isso para Antwan, mas Antwan quer apenas lançar Free City 2 e cancelar o jogo antigo.

A legenda diz "Merchandising sutil", é uma garrafa do gin Aviation, que era do Ryan Reynolds (Crédito: Disney)

Ocorre um corrida contra o tempo, com Molotova e Guy, agora Nível 100 enfrentando vários chefes e mini-chefes para conseguir os arquivos que provam o roubo do código. Antwan tenta destruir fisicamente os servidores, mas Guy consegue transportar os arquivos, e salva o dia.

Free City 2 é um fracasso, Free City vira o que era pra ser originalmente, um jogo onde as pessoas vivem vidas normais, sem loops ou extrema violência, e todos vivem felizes para sempre, ou até algum gamer entediado jogar uma penca de gente na piscina e apagar a escada.

Não É Tron

Free Guy também não é Ready Player One, nem é Matrix, muito menos O Show de Truman. O segredo de Free Guy é não ser um filme bobo, mas também não se levar a sério. Guy não entende que está em um game, e Millie não entende que ele é um NPC, mas Free Guy não perde tempo com Guy desolado ao descobrir que seu propósito na vida é passar a manteiga.

Ele logo se recupera, e volta para ajudar sua amiga ou algo mais.

A cidade no filme lembra um sonho; a lógica é flexível, todo mundo acha normal acordar todo dia e repetir as mesmas ações, tanques nas ruas, batalhas de mechas, tiroteios em todas as esquinas, perseguições policiais, lojas explodidas, você sabe, tipo viver no Rio de Janeiro.

Deadpool e Korg (Taika Waititi) reagem ao trailer de Free Guy. Tecnicamente primeira aparição de Deadpool no MCU.

O roteiro conseguiu fazer a gente se importar com os personagens, mesmo eles não vivendo perigo real em qualquer momento. Molotova (ou Millie, seu nome real) não corre risco físico, Guy quando morre, acorda no dia seguinte. O único risco real é quando Antwan tenta destruir os servidores, mas obviamente deve haver um backup, certo? Certo?

As Referências

Free Guy obviamente tem referências a videogames, mas não é obcecado por elas como Ready Player One. A história funciona perfeitamente, você reconhecendo uma Gravity Gun ou não. O planador a jato de Fortnite também aparece, temos um tanque Scorpion de Halo nas ruas em algumas cenas, e até o Caubói de Red Dead Redemption, mas é tudo muito rápido e inconsequente. Você não precisa das referências pra apreciar a histórria.

Basicamente, não é aquela coisa auto-congratulatória de RP1 “Olha, é o Gigante de Ferro, nós colocamos o Gigante de Ferro no filme!”.

As Cameos

Free Guy é cheio de pontas com gente famosa do mundo do streaming de games americano, ou seja: Não conheço ninguém, então quando eles aparecem comentando o jogo, pra mim são só streamers que não conheço, mas a turma que acompanha deve ter vibrado, como eu vibrei quando apareceu o cameo do famoso ator da Marvel.

Isso aliás é um ponto interessante: Free Guy não se prende a personagens famosos, ele é um filme gamer de raiz, focado nos jogadores, e talvez por isso ele funcione tão bem. Não fica tentando mostrar como é cool e por dentro do que os jovens descolados curtem. Não quer o tempo todo mostrar os conhecimentos dos roteiristas.

Também há vários cameos disfarçados, com Hugh Jackman, The Rock e a Tina Fey, mas tem que saber onde olhar pra achar.

Em essência, Free Guy não faz gatekeeping, você não tem que provar que é um gamer hardcore para gostar do filme. Basta gostar de games, e esse ponto é meio fundamental. Se você não tem nenhuma vivência com jogos, corre o risco de não se importar com nada da história, mas como isso é meio evidente bastando assistir ao trailer...

Conclusão

Free Guy é um filme que se passa em um videogame extremamente violento, mas que não glorifica violência. A própria violência do filme é Censura Livre, não há Crítica Social Fofa (ops, dedo escorregou) nem longos questionamentos sobre a condição humana. A mensagem é bem simples: Você não precisa ser um NPC na vida.

Trailer:

Cotação:

4,5 de 5 Taikas Waititis, o novo arroz de festa da cultura pop.

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