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Japão manda foguete educativo 18+ para o espaço

Foguete da empresa privada do Japão Interstellar Technologies sobe com propaganda de companhia local fabricante de "brinquedos"

2 anos e meio atrás

O Japão não deve em nada ao ocidente em exploração espacial, basta lembrar da sondas orbitais Hiten e SELENE/Kaguya, enviadas à Lua respectivamente em 1990 e 2007, além dos ousados planos para mandar um japonês ao satélite até 2030, e de construir um elevador espacial até 2050.

Há também empresas privadas japonesas, que se dedicam a construir foguetes e explorar o Cosmos por conta própria, ainda que possuam menos dinheiro em caixa. A Interstellar Technologies, ou IST, por exemplo, depende de crowdfunding ou financiadores individuais, e o mais recente chamou muita atenção, por ser uma fabricante de itens de entretenimento adulto para homens.

A propaganda da Tenga não é lá muito sutil (Crédito: Divulgação/Tenga)

A propaganda da Tenga não é lá muito sutil (Crédito: Divulgação/Tenga)

As pretensões da IST não são tão grandiosas quanto às da SpaceX ou da Blue Origin. Trata-se de uma empresa fundada em 1997 por entusiastas, voltada ao envio de cargas menores, de até 100 kg, o que inclui pequenos experimentos particulares, lançamento de cubesats e satélites de pequeno porte.

Sua plataforma de lançamento, o foguete MOMO, é bancado por terceiros e campanhas de financiamento coletivo. Até 2018, a IST havia arrecadado o equivalente a US$ 250 mil. Um ano antes, o primeiro teste com o foguete de sondagem MOMO v0, basicamente um protótipo, consumiu US$ 440 mil. A companhia foi a primeira do Japão a lançar foguetes privados.

Como a conta em geral não fecha, a IST faz o que qualquer um faria, vende espaço para propaganda e experimentos menos ortodoxos. O primeiro voo por exemplo foi bancado pelo conglomerado DMM.com, uma espécie de Amazon do Japão que vende de tudo.

Infelizmente esse foguete deu pau 66 segundos após o lançamento, mas ficou o aprendizado. O primeiro êxito veio com o terceiro lançamento em 2019, o MOMO v0 atingiu a Linha de Kármán (100 km de altitude), o limite reconhecido entre a atmosfera e o espaço interior.

Na ocasião a parceria foi fechada com a Yamaha, mas não só na fuselagem, pois a contagem regressiva usou o sintetizador vocal da Hatsune Miku.

Primeiro protótipo do MOMO, patrocinado pelo DMM.com (Crédito: Reprodução/Interstellar Technologies) / japão

Primeiro protótipo do MOMO, patrocinado pelo DMM.com (Crédito: Reprodução/Interstellar Technologies)

Ao todo o MOMO, que está agora na segunda versão, acumula 3 sucessos de 7 lançamentos, sendo o mais recente igualmente bem sucedido. Normalmente os lançamentos são bancados por mais de uma companhia, além de patrocinadores individuais, com o espaço publicitário ficando para quem tem os bolsos mais fundos.

No entanto, a missão 6 (sim, a 7 veio antes da 6, que foi o 7º lançamento. Não pergunte) foi a primeira bancada por apenas um patrocinador, a Tenga Co., fabricante de equipamentos estimulantes para entretenimento adulto masculino. Usando um paralelo ocidental, seus itens seriam a versão nipônica da Fleshlight.

O anúncio da parceria com a IST foi feito em janeiro de 2021, com o lançamento do "Tenga Rocket" programado para o verão no hemisfério norte. O projeto, chamado "Love, Freedom, TENGA and Space" tem seu lado golpe publicitário, voltado a "apimentar" a exploração espacial e "mandar uma mensagem de amor e liberdade a todas as pessoas do mundo".

O objetivo da Tenga em patrocinar o MOMO visa "apimentar" a exploração espacial (Crédito: Divulgação/Interstellar Technologies/Tenga) / japão

O objetivo da Tenga em patrocinar o MOMO visa "apimentar" a exploração espacial (Crédito: Divulgação/Interstellar Technologies/Tenga)

Claro, a companhia embarcou seus experimentos a bordo do MOMO v1. Um deles foi um TENGA (o produto em si usa o nome em caixa alta) equipado com sensores, que segundo a empresa, visam o desenvolvimento de uma variante que poderá ser usada no espaço.

Maluquices à parte, a carga da Tenga Co. foi a primeira recuperável enviada por uma companhia privada do Japão, até então apenas o sensor infravermelho, embarcado na missão 7 em 2020, da Universidade de Tecnologia de Kochi, havia retornado.

O lançamento foi realizado com sucesso no último sábado (31), com direito a uma longa transmissão, bem detalhada e que de fato mostrou o foguete e o lançamento, ao invés de um bando de gente falando aleatoriedades.

Vê se aprende, Arianespace.

Enquanto que a Tenga diz que espera no futuro oferecer soluções para o espaço que envolvam recreação adulta que até a NASA possa vir a usar (meio difícil, mas vai que...), a maior exposição da IST pode garantir mais oportunidades de negócio para bancar seus lançamentos, com ou sem modelo de crowdfunding.

Fonte: Mynavi.jp (em japonês)

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