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Mais incômodos tecnológicos que já não existem mais

Em todas as eras temos incômodos tecnológicos, mas é sempre divertido parar e ver como os antigos desaparecem de nossas vidas.

3 anos atrás

Quando a gente fala em incômodos tecnológicos a primeira imagem são boomers reclamando que hoje em dia tudo é fácil, e antigamente pra mexer com computadores e tecnologia a gente tinha que ralar. Pois bem; hoje em dia tudo é fácil, e antigamente pra mexer com computadores e tecnologia a gente tinha que ralar, mas GRAÇAS A SÃO JOBS E SÃO GATES não é mais assim.

Saudade não tem idade (Crédito: Carlos Cardoso)

Neste artigo vamos relembrar algumas práticas bizarras no passado, complementando este artigo do ano passado, vamos rir juntos e celebrar como a tecnologia avançou em tão pouco tempo, cumprindo sua principal função: Facilitar nossa vida.

1 - Bater cabeça com IRQs DMAs e COMs

Imagine você espetar um modem no seu PC e o mouse parar de funcionar. Aí você instala uma placa de vídeo, ela funciona até você usar seu scanner, aí trava. Isso era a regra, nos velhos PCs. Não havia um barramento comum (não, o ISA não conta) então os periféricos tinham que disputar recursos escassos.

As IRQs, ou Interrupt Request eram essenciais no tempo em que os processadores mal conseguiam fazer uma coisa de cada vez. Em essência uma IRQ é um sinal que um periférico envia para a CPU, solicitando atenção.

Normalmente uma CPU em multitarefa cooperativa dá direitos de execução a um programa por um período de tempo; o programa faz o que tem que fazer, devolve o ponteiro de execução para a CPU, que passa o ponteiro para outro programa.

Isso deixa de funcionar quando você tem programas que precisam ser executados imediatamente, como drivers de modems, placas de rede e... seu mouse. Para evitar que a CPU perca tempo verificando o estado do mouse centenas de vezes por segundo, ele é atrelado a uma IRQ. CASO o mouse se mova, o circuito interno envia um sinal para a IRQ, que por sua vez para tudo que está fazendo e ativa o driver do mouse.

Jumpers de configuração de IRQ e DMA - parte de cima - de uma Sound Blaster Pro (Crédito: Creative Labs)

DMAs, ou Direct Memory Access, são endereços fixos na RAM acessíveis externamente, sem que a CPU precise ser envolvida. Assim uma placa de som pode monitorar diretamente um fluxo de dados, sem fazer uma chamada lenta ao sistema operacional para ler aqueles dados.

Portas COM são as portas seriais usadas por alguns periféricos. No tempo do DOS estávamos limitados a portas físicas, com o Windows passamos a usar portas virtuais, bem mais tranqüilo.

Nas profundezas, ocultas nas trevas essas desgraças ainda nos assombram (Crédito: Reprodução)

Se você for no gerenciador de dispositivos de seu Windows, e mandar listar Recursos por Tipo no menu Exibir, toda essa parte oculta vem à tona. Agora feche rápido, ninguém merece mexer com essas coisas em <$ANO_CORRENTE>.

2 - Racionar bateria do celular

OK, sendo honesto eu ainda faço isso, uso um Samsung s9, um excelente celular, mas a bateria é a mesma de um relógio. De areia. E se forçar o bicho a coisas antinaturais, como filmar em 4K, ele esquenta e drena a bateria direto, mas fora isso, ele aguenta um dia inteiro de uso leve ou umas 5 ou 6 horas tocando vídeo.

Mesmo assim ele é ordens de magnitude melhor do que os celulares de antigamente. Lembra desse bicho aqui? É o MicroTAC 9800X da Motorola, lançado em 1989. Custava o equivalente hoje a US$5300,00.

CypherTAC, versão criptografada do MicroTAC - o mais leve do mundo! (Crédito: Wikimedia Commons / Daderot)

Ele vinha com uma bateria normal com capacidade de uma hora de conversação. Havia uma bateria fina, aí a autonomia caía para meia-hora. Tempo de recarga? Dez horas, mas você precisava desligar o telefone durante o processo.

Eu tinha um Nokia 232, levava em um bat-cinto de utilidades junto com DUAS baterias extras, e era muito comum ir pro bar e terminar sem carga no telefone nem mesmo pra chamar um táxi.

Hoje mesmo que você seja um maníaco total no máximo leva um powerbank de emergência, daqueles minúsculos, e tem como recarregar seu celular a ponto de pagar as contas e chamar o Uber.

3 - Achar e instalar Apps

Eu sei eu sei é uma gaiola dourada criada por Steve Jobs, só usamos aplicativos aprovados pela Apple ou pelo Google, vivemos em uma prisão, ÁTICA! ÁTICA! Mas você tem idéia de como era horrendo achar aplicativos para Palm Pilot e Windows Mobile, na Era das Trevas?

Não havia uma loja centralizada, dependíamos de blogs fazendo resenhas, sites se especializando em curadoria de aplicações, tudo manual, e muito boca-a-boca. Quando alguém achava algo legal, corria pra divulgar nos fóruns e listas de discussão. Só assim para aplicativos como o Gravity, excelente cliente Twitter para Symbian S60 se tornar popular.

No PC / Amiga / MSX era pior ainda. Sem Internet, as fontes de softwares eram revistas e amigos. Quando os BBS surgiram foi um grande avanço, todo BBS tinha uma área de programas (nem todos piratas alguns eram shareware) e a gente varava a madrugada baixando, rodando pra ver o que fazia e apagando afinal não achei meus disquetes no lixo pra gastar com software mais ou menos.

Me diverti imensamente nessa época, mas era a treva. (Crédito: Reprodução Internet)

Hoje nos celulares temos nossas gaiolas douradas, e mesmo Apple e Microsoft oferecem essa opção, embora a Apple Store seja muito mais bem-sucedida que a Microsoft Store. Achar um programa se resume a uma busca no Google e leitura adequada dos comentários.

4 - Ripar CDs e achar músicas

Uma das coisas mais legais de viver no futuro é que se você tem saudades de uma banda, pede pra Alexa ou pro Google e ele toca pra você. Na pior das hipóteses você faz uma busca num Spotify da vida ou -horror- ouve no YouTube.

Quando música digital começou, nada disso existia. A gente -quer dizer, o pessoal da pirataria, eu nunca fiz isso- usava programas como Kazaa e Napster, procurava pelas músicas e rezava pro arquivo ser correto, e pra qualidade ser decente. Aí era contar com a boa vontade da conexão dial-up, e do sujeito na Látvia compartilhando aquela música.

Ênfase no “música”, a velocidade das conexões, 38Kbps com sorte não permitia ou incentivava o download de álbuns inteiros, então a gen-digo os piratas selecionavam faixa por faixa.

Napster. Isso é velho. (Crédito: Reprodução Internet)

Aí vinha a outra parte chata: Gerenciar seu player de MP3. Se você fosse rico tinha um Creative NOMAD, e haja paciência pra transferir 64MB de MP3 em uma porta USB 1.1.

Com a chegada do iPod, surgiu outro problema: O MP3 precisava ser convertido pro AAC pelo iTunes, que demoraaava....

E no PC a gente ouvia no WinAmp, claro. (Crédito: Reprodução Internet)

Também havia a possibilidade de você ter comprado o CD, ou emprestado de um amigo. Aí era o caso de achar um bom software para ler o áudio do disco e converter para MP3. Nos PCs de antigamente o processo podia levar mais de uma hora.

5 - Sincronizar agendas e contatos

Quando os PDAs começaram a se popularizar, lá por volta de 1765, não havia conectividade. Você sincronizava sem Palm ou Windows Mobile com seu PC no começo do dia, e pronto. Só mais tarde surgiram os PDAs com WIFI, mas eles morreram antes da tecnologia se popularizar.

Todo PDA tinha seu próprio sistema de contatos e calendário de eventos. Assim como O Microsoft Outlook, o Lotus Notes e um monte de outros softwares usados no mundo corporativo. E nenhum deles falava entre si.

O Palm Desktop funcionava direitinho. Quando queria. (Crédito: Reprodução Internet)

A solução era usar softwares, geralmente caros que tentavam se conectar aos diversos serviços e coordenar a zona de contatos duplicados. Em 80% das vezes eles funcionavam 90% bem.

6 - Gerenciar o pulso único

Em algum momento da década passada ocorreu uma mudança fundamental na forma com que vivemos a Internet. Ela deixou de ser um serviço de uso eventual para se tornar uma constante em nossas vidas. Por um tempo somente empresas tinham Internet 24/7.

Os meros mortais acessavam via linha discada, através de BBS e eventualmente provedores.

Alguns cobravam tarifa mensal, outros cobravam por hora de acesso, mas todos estavam sujeitos ao custo da ligação telefônica, que se na Civilização era irrisória e tarifada por ligação, aqui no mato era cobrada por pulso, e dependendo do horário cada pulso durava 18 segundos.

Um alívio que as operadoras davam era o chamado pulso único. De meia-noite às seis da manhã independente da duração da ligação, você só era cobrado um pulso.

Feriados idem, e de 14h de sábado até seis da manhã da próxima segunda-feira, idem.

O problema é que enquanto você usava o telefone para acessar o provedor, ninguém mais podia usar, o que gerava brigas intermináveis entre as famílias. Com o advento das conexões ISDN (Integrated Services Digital Network) isso mudou.

Era possível usar o telefone para ligação de voz ao mesmo tempo em que era usado para conexão internet, mas havia uma pegadinha. O ISDN oferecia uma conexão decente a 64KBps ou 128KBps, mas ela era cobrada por pulso, custo de ligação normal. Valia a regra do pulso único, e se você subisse o link pra 128KB, era cobrado em dobro.

Evoluímos bem, e hoje fico bem feliz ao pagar R$119,00 por uma conexão Ethernet de 100Mbits com um provedor local, sem limite de download. Saudade zero de quando tinha que alugar uma linha telefônica pagando um Salário-Mínimo.

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