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Voyager 2 liga para casa após 8 meses de silêncio

Após 8 meses de reparos na única antena capaz de enviar comandos à Voyager 2, a NASA e a sonda espacial voltam a se comunicar

3 anos atrás

A missão das sondas espaciais Voyager, lançadas em 1977, se estende muito além do projetado, que era estudar os planetas no máximo até Júpiter. Hoje,  elas estão entre as cinco sondas no limiar de deixar o Sistema Solar, rumo a explorar o Espaço Profundo.

Representação artística da sonda Voyager 2 (Créditos: JPL-CalTech/NASA)

Representação artística da sonda Voyager 2 (Créditos: JPL-CalTech/NASA)

Mesmo distantes, as duas Voyager estão minimamente ativas e são capazes de se comunicar com a Terra, através da Deep Space Network (DSN), um sistema global de comunicações da NASA que cobre toda a circunferência da Terra, dividida em três estações: uma na Califórnia, outra em Madri e uma terceira em Camberra, na Austrália.

Pois foi justamente a terceira estação que deu chabú, acabando por cortar as comunicações entre a NASA e a sonda Voyager 2 por 8 longos meses.

A culpada foi uma das principais antenas radio-telescópicas da estação australiana, a Deep Space Station 43, ou DSS-43 para simplificar. Ela é a maior instalada no hemisfério sul, com 70 metros de diâmetro, e está em funcionamento a quaase 48 anos.

Esta antena é a única com potência capaz de alcançar a Voyager 2, a 120 Unidades Astronômicas (a distância média entre a Terra e o Sol) ou 18 bilhões de quilômetros, segundo dados de 2019, e se afastando a uma velocidade de escape de 3,3 UAs por ano. Isso porque a trajetória da sonda foi alterada em 1989, para monitorar Tritão, um dos satélites naturais de Netuno.

Já a Voyager 1, mesmo estando mais longe e se movendo mais rápido, é plenamente comunicável com a NASA por outras antenas. A Voyager 2 depende da DSS-43 para ligar para casa, só que a estação nunca passou por manutenções críticas. As estações do hemisfério norte podem ouví-la, mas não podem mandar nada.

No início de 2020, a situação do disco e do par de rádio transmissores da estação em Camberra foi considerada periclitante, e uma geral não podia mais ser adiada.

Técnicos reparam antena radio-telescópica DSS-43, em Camberra, Austrália (Crédito: CSIRO)

Técnicos reparam antena radio-telescópica DSS-43, em Camberra, Austrália (Crédito: CSIRO)

Assim, a Deep Space Network tomou a decisão de desligar completamente a DSS-43 em março de 2020, para que ela pudesse ser devidamente atualizada e reparada. Como consequência, a Voyager 2 ficaria incomunicável pelo tempo que a manutenção durasse.

A NASA teve que se agarrar à ideia de que a sonda voltaria a receber os comandos da Terra normalmente, quando a DSS-43 voltasse à ativa, mas não havia como ter certeza por um simples motivo: o espaço é muito grande, qualquer coisa pode acontecer e se a Voyager 2 desse pau nesse período no escuro, um abraço.

A DSS-43, por sua vez, recebeu um novo cabeamento, atualizações na fonte de energia e sistemas de resfriamento, bem como um novo cone de frequência em banda X, privada para comunicação com satélites e sondas.

Os trabalhos só serão concluídos em fevereiro de 2021, mas a estação pôde ser ligada para enviar um comando à Voyager 2, que respondeu à solicitação normalmente. O fato foi comemorado pela "irmã" Voyager 1:

A DSS-43 agora conta com sensores de última geração, muito mais sensíveis que os antigos, que permitirão o contato com outras sonda no espaço, além da Voyager 2, que com sua irmã já extrapolou todos os limites de suas missões originais.

Segundo projeções da NASA, ambas ficarão sem energia entre 2025 e 2030, quando passarão a navegar pelo Cosmos sem apoio e monitoramento da Terra.

Sozinhas, mas levando consigo dados e informações valiosas, como um registro de nossa civilização, sons e músicas da Terra em seus discos dourados, como Carl Sagan projetou originalmente, na maior de todas as aventuras de uma embarcação construída pelo homem, que talvez será descoberta por uma civilização distante, daqui a milhares de anos.

Ou até uma delas aprender o caminho de volta.

Fonte: NASA

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