Dori Prata 4 anos atrás
Por mais absurdo que possa parecer, durante um bom tempo as empresas ligadas aos videogames não fizeram muito para preservar a história de suas criações. Se existe até casos de jogos como o Icewind Dale II, cujo código-fonte simplesmente desapareceu, imagine todos os demais conteúdos relacionados as obras antigas? Pois é aí que entra um iniciativa muito legal da Video Game History Foundation, o Video Game Source Project.
Com ele, a organização fundada por Frank Cifaldi na Carolina do Norte pretende preservar todo tipo de “conteúdo bruto” utilizado na produção de jogos, o que vai desde o código-fonte até artes originais, passando por documentação e demos. Para isso eles tem entrado em contato com desenvolvedoras, editoras e qualquer pessoa que tenha acesso a esses materiais, para que assim o museu possa contar a origem de alguns títulos e tornar os arquivos disponíveis para historiadores dos games.
“Primeiro de tudo, [o projeto] é meio que uma convocação a todos de que esta é uma coisa realmente importante e útil. E, pelo menos quando se trata do material mais antigo, ele está morrendo rapidamente,” explicou Cifaldi. “Mas penso que, mais importante, queremos normalizar a disponibilidade e o estudo do material fonte dos videogames, porque no momento a fonte dos jogos é um segredo comercial proprietário.”
Porém, o codiretor da Video Game History Foundation, Kelsey Lewin, disse estar ciente de que a proposta não fará com que uma enxurrada de empresas decidam abrir mão desse conteúdo e torná-los públicos. Mesmo assim, ele acredita que o projeto poderá ajudar a normalizar a ideia de que algumas pessoas estão interessadas em aproveitar esse material para estudar e principalmente, para contar histórias sobre aquilo que aprendeu com esse conteúdo.
E para dar início ao Video Game Source Project, talvez eles não poderiam ter escolhido título melhor: o The Secret of Monkey Island. Após terem acesso a vários materiais utilizados na criação do clássico adventure, o pessoal da fundação entrou em contato com a Lucasfilm e de maneira um tanto surpreendente, recebeu o aval para que o jogo, que neste mês de outubro completa seu 30° aniversário, fosse o primeiro a ser explorado.
Desta forma, pelos próximos dias o projeto pretende divulgar tudo aquilo que descobriu sobre a produção do jogo e até mesmo revelar cenas que não chegaram a aparecer no produto final e que nem mesmo estava presente no disco, como esta que pode ser vista abaixo.
Além disso, no próximo dia 30 Frank Cifaldi realizará uma transmissão ao vivo com Ron Gilbert, onde o game designer contará histórias relacionadas ao desenvolvimento do jogo e mostrará artes conceituais, outras cenas delatadas e ainda passará por uma sessão de perguntas e respostas com os espectadores. De acordo com os organizadores, todo o valor arrecadado com a vendas dos ingressos será utilizado na manutenção da Video Game History Foundation, que é uma organização sem fins lucrativos.
Para quem gosta de conhecer os bastidores do desenvolvimento de jogos ou simplesmente se interessa pela história dos games, esta é uma iniciativa fantástica e que só por dar espaço às pessoas que lá atrás fincaram os pilares da indústria, já merece todo o apoio. Resta saber como os detentores dos direitos sobre os clássicos lidarão com a proposta, mas dada a maneira respeitosa como a fundação tem tratado o passado, acredito que eles serão bem recebidos.
Só para você ter uma ideia do que esse pessoal é capaz, foram eles os responsáveis por resgatar um SimCity e o Days of Thunder que estavam sendo criados para Nintendinho, mas que nunca foram lançados, assim como mostrar de maneira muito bacana como o Aladdin para Mega Drive foi desenvolvido. Aliás, vale muito a pena dar uma olhada no blog da Video Game History Foundation, pois há muito material de qualidade por lá.