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Weihnachtsfrieden - a Trégua de Natal de 1914

Em 1914 um milagre de Natal aconteceu. Fez-se silêncio no Fronte, com milhares de soldados de todos os lados deixando as armas de lado e celebrando a vida.

4 anos atrás

A Primeira Guerra Mundial, a Guerra para acabar com Todas as Guerras resultou em algumas das mais terríveis cenas da história, mas também demonstrou o mais nobre espírito humano, em momentos como a tão falada Trégua de Natal.

Monumento à Trégua de Natal

Nenhuma guerra foi como a Grande Guerra. Semanas se tornaram meses que se tornaram anos, tropas nas trincheiras a menos de 100 metros do inimigo não se moviam, tendo que enfrentar a fome, a sede, doenças, hipotermia e o tédio. Levantar a cabeça era quase garantia de ser atingido por um sniper.

Em casa as pessoas recebiam notícias sanitizadas, empolgantes, promovendo heroísmo e sacrifício, já no fronte os soldados aos poucos foram perdendo o entusiasmo, à medida que o Natal de 1914 se aproximava.

A ideia de uma trégua passou pela cabeça de muita gente, ela foi inclusive proposta oficialmente a ambos os lados pelo Papa Bento XV, que foi mui educada e diplomaticamente mandado pastar.

O que os comandantes não esperavam é que a trégua surgisse naturalmente. Nos dias anteriores ao Natal, os bombardeiros começaram a diminuir, unidades negociavam um cessar-fogo informal para recolher mortos e feridos, e os soldados mais ousados trocavam cumprimentos e cigarros.

Em ambos os lados as trincheiras eram decoradas, árvores de Natal improvisadas montadas, e aos poucos um acordo de cavalheiros foi negociado. Atiradores inimigos não atiravam mais nos grupos que saíam das trincheiras para se lavar, esticar as pernas ou comer.

WWI / Árvore de Natal na trincheira / Trégua de Natal

Na noite do dia 24 de dezembro de 1914, grupos cantavam canções de Natal uns para os outros. Franceses, ingleses e alemães, e em uma ocasião até alemães e russos saíram das trincheiras, desarmados, e se encontraram na Terra de Ninguém. Os relatos falam de soldados que nem sabiam mais por que estavam lutando, ambos os lados estavam cansados da guerra.

O comando não gostou nada disso, ordens vieram para cancelar qualquer confraternização com o inimigo, mas mesmo oficiais locais na maioria das vezes ignoravam ordens superiores. indo ter com seus pares. A confiança era tanta que um soldado britânico aspirante a barbeiro foi visto cortando o cabelo de vários colegas alemães, que dias atrás atiravam nele e agora não viam problema em ficar à mercê de suas tesouras e navalhas.

Historiadores divergem se os famosos jogos de futebol aconteceram. Hoje o consenso é que na maioria os grupos jogaram internamente, mas sim, alguns jogos entre ingleses e alemães foram realizados.

Com medo de desmoralizar a guerra, a mídia censurou o acontecido, mas depois de uma semana o New York Times publicou sobre a Trégua de Natal, com cartas de soldados contando as histórias. Logo a mídia dos outros países seguiu atrás e a reação na Inglaterra foi a melhor possível, o povo adorou.

The Daily Mirror / Trégua de Natal

Estima-se que mais de 100 mil soldados participaram da Trégua de Natal, que em muitos lugares durou até depois do ano novo, com repetidas visitas para trocas de souvenires e rações de combate.

O medo no alto-comando era que a trégua se transformasse em um motim, pois a pior coisa que você pode fazer uma guerra é humanizar o inimigo, no momento em que ele se torna uma pessoa real, como você, o ímpeto de matá-lo por causa de um bando de engravatados que não conseguem resolver seus problemas conversando meio que desaparece.

A muito custo a trégua de Natal acabou e com a Primeira Guerra Mundial se tornando mais e mais feroz, violenta e implacável, em 1915 poucos casos de Trégua de Natal ocorreram, e depois disso, nunca mais.

Até hoje a Trégua de Natal é lembrada, com monumentos, encenações histórias e museus, e a mensagem é explícita para os tempos atuais: se inimigos ferrenhos que dias antes tentavam a todo custo se matar no campo de batalha conseguem colocar suas diferenças de lado para celebrar o Natal, é patético gente dar chilique se recusando a sentar na mesma mesa da ceia que o parente que votou no candidato errado.

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