André Fogaça 4 anos atrás
Ontem (15) a Motorola resolveu que era hora de mostrar um novo Moto One, que agora tem nome de One Vision e traz melhorias muito importantes pro aparelho que foi lançado no ano passado e que não fez bonito nem no software, muito menos no hardware. Eu senti que tudo isso foi corrigido e conto minha experiência neste hands-on em texto. Bora lá.
Pra quem não acompanhou o Moto One no ano passado, ele é um smartphone da Motorola e que vem com o Android One, versão quase-que-pura do Android (sim, existe sim essa coisa chamada de Android puro) e que bateu em um preço de R$ 1,5 mil. Ele parecia boa compra, mas trabalhava com o processador Snapdragon de anos atrás e o Android, mesmo com mais mão do Google do que em outros aparelhos, não foi atualizado com tamanha velocidade que merecia.
Não deu certo. Chamava pouca atenção e a concorrência basicamente fazia melhor em tudo, cobrando menos em alguns casos. Foi isso.
No Moto One Vision temos inovações de verdade, uma cara que distância do desejo de copiar o iPhone e coloca um valor condizente com o mercado - ele é caro, mas não está distante de outros aparelhos, então...é, encaixa e ele vem com duas coisas da Samsung que são ótimas no lado coreano do mundo: processador Exynos e tela IPS LCD porreta.
A tela tem o formato chamado Infinity-O, o mesmo que está nos Galaxy S10 e S10e - só que com o furo pra câmera frontal no lado esquerdo, contra o direito nos modelos da própria Samsung. Ele coloca um IPS LCD de qualidade que realmente me chamou atenção em uma proporção quase que ignorada pelo mercado: 21:9.
Não é de hoje que a Samsung surpreende até em intermediários com sua tela. Ela tem a mesma proporção do Xperia 1, da Sony e que não será lançado no Brasil - ao menos não de forma oficial. Ou seja, é o primeiro aparelho 21:9 do Brasil.
Existem duas grandes vantagens por aqui e que ficaram claras nos minutos que passei com o celular nas mãos. A primeira é que conteúdo feito em 21:9 (basicamente filmes e seriados) podem preencher toda a tela e não serão cortados, nem apresentarão tarjas pretas. Claro que existe uma verruga em forma de câmera frontal no canto, mas eu me acostumei melhor com isso do que o notch do iPhone (que era exatamente o mesmo do Moto One do ano passado).
A segunda parte positiva ficou clara que é a pegada. Como o aparelho é ainda mais alto do que largo, não é tão impossível segurar o conjunto com uma só mão. Eu senti que alcançar o topo da tela é ainda mais trabalhoso, mas o alcance do dedão na área central do display ficou mais confortável. Curti bastante isso.
O conjunto ótico que a Motorola escolheu vem com 48 megapixels na parte traseira e isso é muito mais resolução do que qualquer pessoa-de-bem pode precisar. O que é bom em tamanha resolução? Duas coisas: você pode dar zoom digital ao cortar o arquivo final (saudades de vocês Nokia 808 PureView e Lumia 1020) e aproximar o objeto sem perder qualidade. Se você aproximar quatro vezes no arquivo final, ele agora tem exatamente a mesma resolução de fotos de qualquer iPhone recente (12 megapixels) e você tem aproximação real sem esticar pixels.
A segunda coisa é que dá pra mesclar quatro pixels em um só, o que também coloca a resolução em 12 megapixels e aumenta o tamanho de cada pixel que gera a imagem (agora são quatro trabalhando como um só). Isso aumenta o nível de detalhe e também de entrada de luz. Pode ser ótimo!
É claro que no evento, como quase sempre, as condições para fotografia são péssimas. Tudo muito escuro, com luzes que piscam e cores nada naturais nos LEDs, então não pude testar no local. Preciso de mais tempo pra ver se essas melhorias vão realmente acontecer.
Além da tela, o Moto One Vision vem com processador Exynos 9610, que já equipa o Galaxy A50 e equivale ao Snapdragon 660. É cedo demais pra falar se deu certo, mas ao menos não fica a sensação de “processador que estava lá no canto, faz dois anos e a Motorola colocou aqui”, que tinha na geração passada.
O preço final, de R$ 2 mil, fica perto do A50 e que tem basicamente o mesmo hardware. O ponto positivo que pode ser interessante pras pessoas é que no Moto One Vision você tem o dobro de memória interna (128 GB) e a garantia firmada pela própria Motorola de atualizações do Android.
Ela prometeu levar três anos de updates de segurança e duas grandes mudanças do Android. Leia isso como: ele receberá o Android Q e o Android R, no mínimo. Isso é bom, principalmente em intermediário Android, que raramente é atualizado. Parabéns Motorola, mas parabéns de verdade só se cumprir isso, ok?
Enfim, isso foi o que pude sentir e ver durante o evento. Um review completo sairá nas próximas semanas e nele posso contar se esse Moto One Vision é realmente uma boa compra em 2019 - pra quem não quer gastar um rim inteiro em um celular.