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Star Citizen e a bagunça que teria virado o seu desenvolvimento

Artigo afirma que o desenvolvimento do Star Citizen está praticamente sem dinheiro e diz que o projeto é uma mistura de “incompetência e má gestão numa escala galáctica.”

5 anos atrás

A indústria de games está repleta de histórias de jogos demasiadamente ambiciosos, projetos que prometeram demais e passaram muito longe de entregar algo parecido com o que os seus criadores idealizaram. Porém, se a previsão da Forbes se confirmar, existe uma grande chance de o Star Citizen vir a se tornar a maior mentira da história dos jogos eletrônicos.

Com o título “A saga do ‘Star Citizen’, um jogo que levantou US$ 300 milhões — mas que talvez nunca esteja pronto para ser jogado”, o artigo escrito por Matt Perez e Nathan Vardi faz um grande apanhado do desenvolvimento do game idealizado por Chris Roberts, desde a sua campanha no Kickstarter até o preocupante estágio atual.

Com sete anos tendo se passado desde o início do projeto e mais de US$ 288 milhões tendo sido arrecadado graças ao financiamento coletivo, os autores afirmam que no final de 2017 “apenas” US$ 14 milhões haviam restado nos cofres da Cloud Imperium Games, no que a dupla classificou como “incompetência e má gestão numa escala galáctica.

Para formar essa opinião, Perez e Vardi ouviram 20 ex-funcionários do estúdio, pessoas como Mark Day, que trabalhou como contratado no Star Citizen e foi produtor do Wing Commander IV. Ao falar sobre o assunto ele foi bem duro em suas palavras:

Conforme o dinheiro foi entrando, o que considero ser um dos velhos hábitos [do Roberts] surgiram — não ser super focado. Saiu do controle, na minha opinião. As promessas foram feitas — chame-o de pessoa sem foco, chame-o do que quiser — agora podemos fazer isso, agora podemos fazer aquilo. Eu estava chocado.

Para tentar contornar a situação, a desenvolvedora então passou a vender modelos de espaçonaves para serem utilizadas no jogo e cujo valores podiam chegar a impressionantes US$ 3 mil — sendo que algumas delas por enquanto não passam de artes conceituais. Os funcionários por sua vez se dedicavam a criar demos do Star Citizen, tudo para mostrar que o trabalho estava sendo realizado e assim incentivar mais pessoas a comprarem esses itens.

O problema é que logo vieram as reclamações, com jogadores que gastaram entre US$ 1 mil e US$ 4 mil nessas “macrotransações” entrando com pedidos de reembolso na Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos. Ao todo o órgão recebeu 129 desses pedidos, com uma das pessoas afirmando que “o jogo que eles prometeram nem mesmo pode ser executado,” com a “performance sendo terrível e ele ainda estando em estado ‘alfa’.

Neste meio tempo Chris Roberts continuou vendendo promessas, ou se você preferir, tendo dificuldade em manter o foco. O game designer chegou a afirmar que o jogo contará com 100 sistemas solares, mas até o momento nenhum deles foi implementado totalmente, então como acreditar que as palavras serão cumpridas?

Me diga, você confiaria seu dinheiro a este homem?

Para piorar, há relatos de ex-funcionários de que Roberts quer centralizar todas as decisões, como o caso do artista David Jennison. De acordo com o sujeito, foram precisos 17 meses para que ele concluísse o trabalho em apenas cinco personagens, com o chefe da Cloud Imperium exigindo que todos os detalhes tivessem que passar pela sua aceitação.

Se a situação for realmente como descreveu Jennison, eu nem consigo imaginar o caos que deve ser trabalhar na criação do Star Citizen. Hoje a Cloud Imperium conta com 537 funcionários, que estão espalhados por cinco escritórios. Só para termos uma noção do tamanho dessa equipe, só em 2017 esse pessoal gerou uma conta de US$ 30 milhões em salários.

Por enquanto a previsão é de que o modo single-player do Star Citizen, que foi batizado de Squadron 42, seja lançado em algum dia de 2020 e sem termos qualquer ideia de quando veremos a chegada de todo o resto. Até lá, Chris Roberts continuará sendo alvo de críticas e questionamentos, como por exemplo um em relação a uma casa avaliada em US$ 4,7 milhões que ele comprou em Los Angeles no ano passado. Segundo o game designer, o dinheiro não veio do financiamento do seu atual projeto, mas sim por ter sido um dos donos da Origin e da Digital Anvil antigamente.

Por mais que Matt Perez e Nathan Vardi afirmem que Roberts não está mentindo, pois o jogo de fato está sendo produzido, é difícil não ficar com a sensação de que tudo isso não passa de um grupo oferecendo uma viagem ao céu, com algumas pessoas estando dispostas a pagar —  em alguns casos bem caro — para talvez um dia serem recompensadas. Eu já vi isso em outro lugar, mas talvez seja melhor nem entrar nesse assunto.

Fonte: GamesIndustry.

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