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Starlink: Battle for Atlas — Review

Funcionando mesmo sem as miniaturas no estilo Toys-to-life, Starlink: Battle for Atlas é um jogo espacial que peca pela repetição, mas consegue divertir.

5 anos atrás

Para quem gosta de ficção científica e adora videogames, existe algo de fascinante na ideia de termos um enorme universo para ser explorado e embora jogos assim tenham ficado adormecidos por um tempo, recentemente eles ressurgiram com força total. Enxergando no gênero uma ótima oportunidade para vender também brinquedos, os famosos Toys-to-life, a Ubisoft resolveu arriscar lançando o Starlink: Battle for Atlas, mas a ousadia foi comedida.

No jogo disponível para Xbox One, PlayStation 4 e Nintendo Switch, um dos principais destaques sempre foi as naves espaciais que a empresa vinha mostrando ao longo do desenvolvimento e como elas contariam com peças que poderiam ser intercambiadas, a ideia deixou muita gente empolgada e tantas outras bastante preocupadas.

O grande problema em algo assim é que sabemos que ter que comprar tais itens poderia sair bem caro, principalmente no Brasil e como essa troca de acessórios se mostraria parte importante da jogabilidade, existia uma grande chance dos consumidores ficarem frustrados. Porém, a desenvolvedora tomou uma decisão importante: nos permitir adquirir as naves, pilotos e acessórios apenas digitalmente.

Apesar disso ir contra a ideia fundamental de um típico Toys-to-life como Skylanders, Lego Dimensions ou Disney Infinity, que é colecionarmos os bonequinhos e eles serem transportados para o mundo virtual, não há dúvidas de que os nossos bolsos agradecem a alternativa. No mais, desta forma aqueles que ainda assim quiserem colecionar os belos brinquedos ainda poderão torrar uma grana neles.

Vale citar que ao todo o jogo já conta com 10 pilotos, sendo o Fox McCloud exclusivo da versão para Switch; 8 naves mais a da raposa da Nintendo e uma grande quantidade de asas e armas. O bom é que no caso da Deluxe Edition teremos acesso a todo este conteúdo, mas obviamente será preciso pagar mais por isso.

Um enredo sem profundidade

Em Starlink: Battle for Atlas faremos parte de um grupo de exploradores cuja nave-mãe é atacada por uma força conhecida como Legião Esquecida. Após os inimigos raptarem o nosso comandante, teremos que escolher um dos personagens para sair a procura dele e se a premissa lhe parece pouca inspirada, infelizmente tenho que dizer que é mesmo.

Com uma história bastante linear e repleta de personagens pouco carismáticos, é difícil nos interessarmos pelo motivo de estarmos explorando aquele universo, já que na sua essência o enredo parece algo saído de um desenho infantil. Talvez isso tenha sido intencional, com a Ubisoft Toronto tendo mirado num público mais novo, mas infelizmente o jogo não foi dublado para português e isso deverá afugentar a molecada daqui.

Para o bem ou para o mal, quase um No Man’s Sky

Mas se o Starlink: Battle for Atlas peca ao entregar uma história pouco atraente, ela compensa isso com a exploração. Ao todo teremos sete planetas para conhecermos, cada um deles com suas próprias faunas, floras e segredos. Sair de uma para ir ao outro é uma experiência muito bacana, com piratas espaciais espreitando nas redondezas e o perigo sendo constante.

As semelhanças com o No Man’s Sky são visíveis, pois mesmo com um universo muito menor do que aquele visto no título da Hello Games, existe muita coisa interessante a ser vista no jogo da Ubisoft. Até mesmo as direções artísticas dos dois jogos são semelhantes, com seus mundos bastante coloridos parecendo terem saído de uma animação da Disney.

Contudo, assim como naquele jogo que foi tão criticado no seu lançamento, o Starlink: Battle for Atlas também sofre bastante com a repetição. Não é preciso passar muito tempo nele para percebermos que as missões possuem pouca variações, que os inimigos raramente nos apresentam uma unidade nova e que os planetas não passam uma sensação de serem tão diferentes assim.

Pode ser que este problema seja corrigida em futuras continuações, com a desenvolvedora tendo usado o primeiro capítulo da franquia para sentir o terreno, fazer alguns experimentos e assim aperfeiçoar o conceito. Mas se você gosta de jogos de mundo aberto com bastante variedade, infelizmente não encontrará isso aqui.

A alegria de voar e a complexidade desbalanceada

Já na parte da jogabilidade o Starlink: Battle for Atlas tanto brilha quanto deixa a desejar. Quando se trata das naves voando, participar dos combates é algo muito divertido, com os comandos respondendo com agilidade e oferecendo batalhas bacanas e que até servem para nos dar uma ideia de como seria um Star Fox de mundo aberto.

O grande problema é quando precisamos descer ao solo. Embora as naves não cheguem a tocá-lo, ficando apenas planando, boa parte da aventura se dará desta maneira e quando isso acontece eu não gostei do resultado. Os combates desta forma parecem um pouco desengonçados, embora eles até fiquem mais fáceis. Talvez seja apenas uma questão de costume, mas eu preferia que o Starlink: Battle for Atlas se passasse apenas no ar ou que pudéssemos sair das naves quando o combate se desse perto do chão.

Um outro ponto com grande potencial para incomodar é a enorme variedade de armas disponíveis. Apesar delas poderem ser alteradas a qualquer momento através do menu, é comum termos que interromper uma batalhas diversas vezes para fazer isso, o que acaba gerando muita confusão e quebrando o ritmo. Agora imagine realizar essa ação nas naves físicas, que ficam acopladas a um suporte para o gamepad?

O maior problema aqui é que os inimigos possuem resistência e vulnerabilidade a certos elementos, sendo que as vezes precisamos até combinar dois deles para alcançarmos um desempenho melhor. Inicialmente eu até gostei da ideia, mas logo comecei a me cansar de ter que fazer tantas alterações e por isso acredito que esse sistema precisa ser revisto ou ao menos aperfeiçoado nos próximos jogos.

Note ainda que tanto as armas quanto os pilotos possuem um sistema de evolução, então quanto mais os utilizarmos, melhores ficarão. O curioso é que ao tentar entregar uma camada de complexidade, a Ubisoft Toronto pode ter jogado contra boa parte daqueles que mais poderiam se interessar pelo jogo, que é o público mais novo. Não chega a ser algo absurdo, mas consigo imaginar várias crianças tendo alguma dificuldade para dominar esses detalhes.

A diversão presente na exploração

Podendo ser uma bela porta de entrada para aqueles que estão começando agora nos videogames e que não conhecem muito de ficção científica, o Starlink: Battle for Atlas é um jogo que possui alguns defeitos sérios em sua estrutura, mas que ainda assim é capaz de divertir bastante.

Saltar de uma planeta para o outro, entrar em grandes conflitos no espaço e ver pela primeira vez o visual de um novo mundo é uma experiência muito bacana e embora tudo isso possa ser fortemente afetado pela repetição, a ideia de sermos exploradores espaciais continua se mostrando algo capaz de nos conquistar.

Talvez num próximo jogo a Ubisoft contrate uma equipe de roteiristas mais criativos, elimine algumas mecânicas que se mostraram confusas e principalmente, consiga nos colocar para fazer mais que apenas coletar recursos, evoluir bases e derrotar um ou outro chefe. Se isso acontecer, a franquia nascida com o Starlink: Battle for Atlas enfim poderá atingir um status de imperdível.

O Meio Bit analisou o Starlink: Battle for Atlas - Deluxe Edition em um Xbox One X, com uma cópia digital cedida pela Ubisoft.

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