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Cientistas confirmam as suspeitas de todo pai: seu filho é basicamente um macaquinho.

Que crianças e macacos são basicamente a mesma coisa todo pai sabe, mas agora uma pesquisa descobriu que crianças pequenas compartilham 95% de seu vocabulário com grandes primatas.

5 anos e meio atrás

Calma, não estou falando daqueles Macaquinhos, que fazem o pai chorar no banho. São macaquinhos do Bem, primatas como todos nós.

O Homem (e a Mulher Sapiens também) faz parte do grupo chamado Grandes Primatas, junto com os Orangotangos, Gorilas, Bonobos e Chimpanzés. Com esses chegamos a ter 98,8%fonte de similaridade genética, se compararmos com outras espécies, só somos 15% semelhantes a comentaristas de portal, por exemplo.

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Essa semelhança se expressa em muitas coisas, o comportamento social de chimpanzés é perturbadoramente humano, Bonobos foram vistos balançando a cabeça em desaprovação quando filhotes brincam com a comida ao invés de comer, riem de coisas engraçadas (pra eles), usam ferramentas (inclusive sexuais), praticam prostituição e, para desespero da turma da construção social, macaquinhos machos preferem brinquedos de meninos e fêmeas brinquedos de meninasfonte.

A grande diferença é que macacos com exceção do César, não falam. Eles têm o hardware mas o software nunca evoluiu (criação open source, pode ser). A principal forma de comunicação entre grandes primatas é gestual, sons são mais para grande distância.

Estudando Grandes Primatas, cientistas acharam um total de 80 gestos, com os mais variados significados, e disso surgiu um questionamento. Humanos usariam os mesmos gestos? Nós nos separamos dos chimpanzés 5 ou 6 milhões de anos atrás, evolucionariamente isso foi praticamente ontem. Talvez haja um resquício de similaridade.

Claro, humanos são macacos de imitação, então a única forma de estudar comunicação gestual sem contaminação externa é usando crianças pequenas, e como bem definiu a Dra Catherine Hobaiter, uma das pesquisadoras envolvidas, “crianças são apenas macacos pequenos”. Por isso a metodologia usada foi exatamente a mesma aplicada nas selvas de Uganda.

Observando crianças em creches, interagindo entre si sem adultos por perto foram identificados 52 gestos diferentes, como a clássica mão esticada pedindo alguma coisa. O que surpreendeu todo mundo é que 50 desses gestos fazem parte do vocabulário dos macacos.

Ou seja: se você colocar uma criança e um chimpanzé juntos, eles se entendem muito melhor do que com um humano adulto.

Isso inclusive foi tentado várias vezes, a primeira delas em 1931 quando o psicólogo americano Winthrop Niles Kellogg fez um experimento criando juntos seu filho Donald de 10 meses e uma chimpanzé de 7 meses e meio chamada Gua.

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Ambos eram tratados da mesma forma, vestidos, alimentados e adestrados.

Logo Gua ultrapassou Donald em desenvolvimento físico, andando, abrindo portas e imitando os adultos. Já Donald era melhor em atividades cognitivas, Gua reconhecia os pais pelas roupas e pelo cheiro, Donald reconhecia rostos.

O experimento acabou depois de 10 meses, quando Gua não apresentou nenhum desenvolvimento vocal e Donald também ficou para trás, na verdade ele começou a imitar as vocalizações de Gua. Basicamente ele estava macaqueando o macaco.

 


Fonte: A gestural repertoire of 1- to 2-year-old human children: in search of the ape gestures - Verena KerskenJuan-Carlos GómezUlf LiszkowskiAdrian SoldatiCatherine Hobaiter - University of St Andrews - doi.org/10.1007/s10071-018-1213-z.

 

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