Carlos Cardoso 5 anos atrás
Se você acha que tem problemas com a sua ex, tem que ver a relação da Alemanha com o nazismo. Não querem ver nem pintado, e se eles já não são exatamente conhecidos por seu senso de humor, a melhor forma de tirar um alemão do sério é brincar com referências nazistas. Em verdade é até ilegal, como dois turistas chineses descobriram ao fazer uma saudação nazista em frente ao Reichstag.
A produção comercialização ou exibição de "símbolos inconstitucionais" é ilegal na Alemanha, definido no Artigo 86A do Strafgesetzbuch. Isso vale para um monte de casos, e tanto os símbolos nazistas quanto os comunistas são banidos no país.
O problema é que como toda Lei monolítica, ela não deixa espaço para exceções e, para provar isso Claudia Roth, parlamentar pelo Partido Verde se entregou à polícia e abriu mão da imunidade exigindo ser processada por participar de manifestações exibindo um símbolo nazista. Este:
O caso foi anulado depois que a Justiça percebeu e determinou que contexto é importante, e que a suástica não estava de forma alguma promovendo ideologia nazista, muito pelo contrário. Já os neonazistas? Bem, eles desfilam usando bandeiras alemães antigas, banidas pelos nazistas na década de 30.
Isso mesmo. Proibiram os símbolos, os neonazistas… mudaram de símbolo. Essa Lei não faz sentido, até porque símbolos nunca mataram ninguém. Nem piadas. A quantidade de gente que ouviu O Peru da Festa, do Costinha e decidiu ir pra rua bater em gays é a mesma quantidade de gente morta por suásticas: zero.
Pessoas matam pessoas, não símbolos. E piadas não formam caráter, exceto as de Argentino, que são verdadeiras. Omitir simbologia nazista de materiais que mostram nazismo é… infantil. É fingir que algo não existe mesmo sendo mostrado.
O pior é que isso vale inclusive para videogames, e não é de hoje. O clássico Wolfenstein 3D teve que ser lançado em uma versão censurada. Sim, um jogo onde você invade um castelo para matar nazistas não pode mostrar simbologia nazista. E nem o bigode de Hitler.
O bigode aliás parece ser ponto fundamental. Vejam no vídeo abaixo a ridícula censura do Wolfenstein II: The New Colossus, onde Hitler é chamado de Hitler na versão normal e “chanceler” na versão alemã, com direito a suásticas trocadas por um símbolo aleatório, e o pobre líder austríaco re-renderizado sem seu bigode:
Dizem que a melhor forma de repetir o passado é esquecendo dele, mas fingir que ele não existe pela metade é pior ainda, pois só causa vergonha alheia.
Agora pingou um pouco de bom senso na mente dos chucrutes, e o banimento automático de símbolos “proibidos” em videogames vai ser removido. Os games passarão a ser avaliados caso a caso, para verificar se se enquadram na “cláusula de adequação social”, uma salvaguarda na legislação que permite o uso de simbologia proibida quando há relevância cultural ou histórica. Ou um documentário sobre a Segunda Guerra ficaria meio incompleto.
Claro, não sei se isso vai ajudar muito jogos como o Stick of Truth, do South Park, onde em uma fase na clínica de aborto você enfrenta um feto abortado nazista zumbi gigante. Mas é um começo.
Fonte: Engadget.