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Alemanha decide pegar mais leve com nazistas (nos games)

Boas notícias para os fãs de Hitler (como personagem de games, calma): a Alemanha vai acabar com a censura automática de simbologia nazista em videogames, passando a aplicar regras de relevância histórica e artística, analisando caso a caso.

6 anos atrás

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Se você acha que tem problemas com a sua ex, tem que ver a relação da Alemanha com o nazismo. Não querem ver nem pintado, e se eles já não são exatamente conhecidos por seu senso de humor, a melhor forma de tirar um alemão do sério é brincar com referências nazistas. Em verdade é até ilegal, como dois turistas chineses descobriram ao fazer uma saudação nazista em frente ao Reichstag.

A produção comercialização ou exibição de "símbolos inconstitucionais" é ilegal na Alemanha, definido no Artigo 86A do Strafgesetzbuch. Isso vale para um monte de casos, e tanto os símbolos nazistas quanto os comunistas são banidos no país.

O problema é que como toda Lei monolítica, ela não deixa espaço para exceções e, para provar isso Claudia Roth, parlamentar pelo Partido Verde se entregou à polícia e abriu mão da imunidade exigindo ser processada por participar de manifestações exibindo um símbolo nazista. Este:

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O caso foi anulado depois que a Justiça percebeu e determinou que contexto é importante, e que a suástica não estava de forma alguma promovendo ideologia nazista, muito pelo contrário. Já os neonazistas? Bem, eles desfilam usando bandeiras alemães antigas, banidas pelos nazistas na década de 30.

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Isso mesmo. Proibiram os símbolos, os neonazistas… mudaram de símbolo. Essa Lei não faz sentido, até porque símbolos nunca mataram ninguém. Nem piadas. A quantidade de gente que ouviu O Peru da Festa, do Costinha e decidiu ir pra rua bater em gays é a mesma quantidade de gente morta por suásticas: zero.

Pessoas matam pessoas, não símbolos. E piadas não formam caráter, exceto as de Argentino, que são verdadeiras. Omitir simbologia nazista de materiais que mostram nazismo é… infantil. É fingir que algo não existe mesmo sendo mostrado.

O pior é que isso vale inclusive para videogames, e não é de hoje. O clássico Wolfenstein 3D teve que ser lançado em uma versão censurada. Sim, um jogo onde você invade um castelo para matar nazistas não pode mostrar simbologia nazista. E nem o bigode de Hitler.

wolfie

O bigode aliás parece ser ponto fundamental. Vejam no vídeo abaixo a ridícula censura do Wolfenstein II: The New Colossus, onde Hitler é chamado de Hitler na versão normal e “chanceler” na versão alemã, com direito a suásticas trocadas por um símbolo aleatório, e o pobre líder austríaco re-renderizado sem seu bigode:


Censored Gaming — How Wolfenstein II Censored Hitler In Germany

Dizem que a melhor forma de repetir o passado é esquecendo dele, mas fingir que ele não existe pela metade é pior ainda, pois só causa vergonha alheia.

Agora pingou um pouco de bom senso na mente dos chucrutes, e o banimento automático de símbolos “proibidos” em videogames vai ser removido. Os games passarão a ser avaliados caso a caso, para verificar se se enquadram na “cláusula de adequação social”, uma salvaguarda na legislação que permite o uso de simbologia proibida quando há relevância cultural ou histórica. Ou um documentário sobre a Segunda Guerra ficaria meio incompleto.

Claro, não sei se isso vai ajudar muito jogos como o Stick of Truth, do South Park, onde em uma fase na clínica de aborto você enfrenta um feto abortado nazista zumbi gigante. Mas é um começo.

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Fonte: Engadget.

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