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A bomba atômica que os EUA soltaram no Japão e ninguém ficou sabendo

Em 1965 uma bomba termonuclear americana atingiu o solo japonês depois de cair quase 5 km. Foi um evento inesperado e foi mantido em segredo por quase 20 anos. Nem o Japão soube.

6 anos atrás

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A Guerra Fria foi um período muito mais desesperado do que a história oficial e a percepção pública dão a entender. Muito dinheiro foi gasto, mas também muitas vidas se perderam na preparação para o fim do mundo. Os casos são inúmeros, dos marinheiros soviéticos mortos contaminados por radiação em submarinos mal-projetados aos 28 americanos que perderam a vida quando o oceano destruiu a Texas Tower 4, uma plataforma de radar a 123 km da costa dos EUA.

Talvez o mais assustador tenham sido os acidentes envolvendo armas nucleares, e há uma lista enorme deles. No filme Broken Arrow em um momento de sanidade um personagem diz que o preocupante não é terem um acidente envolvendo a perda de uma arma nuclear, é isso ser tão comum que exista um codinome pronto pro evento.

OFICIALMENTE foram 32 Broken Arrows, o número total nunca saberemos, mas um deles ocorreu no dia 5 de dezembro de 1965.

O porta-aviões USS Ticonderoga participava de manobras na costa do Japão. Veterano da Segunda Guerra, o Ticonderoga havia sido reformado e serviria com louvor no Vietnã e resgataria os tripulantes da Apollo 17.

O Ticonderoga tinha dois elevadores, um no meio do convés…

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E outro na lateral:

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No dia do acidente o Tenente-aviador (júnior) Douglas M. Webster estava se preparando para uma missão de treinamento. No cockpit de seu A-4 Skyhawk, um pequeno e simpático caça, ele estava sendo empurrado pelos mecânicos do convés para a plataforma do elevador.

Sem aviso o porta-aviões fez uma manobra brusca, e quando isso acontece, ele inclina, e se for na emergência mesmo, inclina pacas:

Ultimate Military Channel — EXTREME RUDDER TEST! U.S. Nimitz-class aircraft carrier makes high-speed SUPER-TIGHT TURN!

O avião do Tenente Webster começou a acelerar de ré em direção à ponta do elevador. Os mecânicos tentaram chamar a atenção dele mas algo o distraiu: com capacete, fones do rádio e a carlinga, não ouviu as batidas desesperadas. Impotentes todo mundo no hangar viu o avião cair da plataforma, bater de costas na água e afundar como uma pedra.

Botes circularam por duas horas mas não acharam nem sinal do Tenente Weber, de seu avião e muito menos de sua carga, isto aqui:

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O A-4 levava uma das 2.000 bombas termonucleares B43 que foram construídas. Com potência de um megaton, foi criada para destruir uma cidade. Agora afundava lentamente em 4,8 km de oceano.

O acidente não foi tornado público ou mesmo comunicado aos governos próximos até 1981. E mesmo assim os EUA disseram que ocorreu a 1.600 km do Japão, quando na verdade foi a menos de 200 km da costa, ainda dentro da Zona Exclusiva, aquele limite de 200 milhas que todo mundo finge que respeita.

Na época o Japão subiu nas tamancas exigindo providências, explicações, etc. Os EUA provavelmente mandaram um calaboca na forma de algum acordo comercial ou militar suculento, e nunca mais se falou sobre o assunto, e até hoje o Tenente Webster é o guardião de uma arma mortal, que só espera o momento certo para despertar…

GOJIRA!

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Claro, fora despertar monstros ancestrais, as chances de a bomba explodir são zero. Bombas nucleares são feitas para não explodir: há uma enorme sequência de eventos que devem ser corretamente coreografados para que uma detonação ocorra. A simples presença da água do mar já inviabilizaria a detonação, bem antes do sal começar a corroer os circuitos.

O deutério vazaria em alguns meses, matando o lado termonuclear da bomba, e o plutônio seria lentamente corroído e diluído, perdendo todo seu potencial de contaminação, a não ser que você acredite em homeopatia. O único perigo restante são os explosivos convencionais de alta potência, que podem permanecer ativos por muito, muito tempo.

Quanto ao Tenente Webster, ele já voltou a fazer parte do Círculo… ♫do círculo da vida♫…

Para Saber Mais:

O relatório de 93 páginas com a investigação da Marinha sobre o acidente.

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