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É um pássaro? É um avião? Não, é uma bomba atômica!

A maioria das pessoas acharia péssima a idéia de ficar debaixo de uma explosão nuclear, mas em 1957 não só isso aconteceu como 5 dos 6 envolvidos foram voluntários.

7 anos atrás

atomalucos

Houve uma época em que armas nucleares eram solução pra tudo. Deter uma esquadra soviética? Bomba atômica. Escavar um canal? Bomba atômica. Colocar uma tampa de bueiro em órbita? Bomba atômica. Abrir vidro de maionese? Bomba atômica. 

Um dos usos onde fazia sentido usar armas nucleares (fazia sentido em um cenário de fim do mundo, claro) era na situação de centenas de bombardeiros soviéticos voando em direção aos EUA. Ainda não existiam mísseis como os de hoje, seria impossível interceptar todos os aviões inimigos e dezenas passariam pelas defesas. A solução pensada foi partir pra grosseria.

Um foguete com uma ogiva nuclear seria lançado no meio da formação de bombardeiros comunistas, e eles cairiam como moscas. O foguete desenvolvido foi o MB-1, depois rebatizado de AIR-2 Genie:

mb_1_genie_hero

Ele carrega uma ogiva de 1,5 a 2,0 quilotons, voa a Mach 3,3 e tem alcance de uns 10 km, o que com sorte dá tempo pro caça que o disparou escapar da detonação.

Detonação essa que acabou preocupando muita gente: não se sabia com absoluta certeza se uma explosão nuclear no ar seria (muito) danosa pro pessoal em terra. A melhor forma de descobrir isso era, claro, testar.

Não foi difícil achar voluntários entre os entusiastas do programa nuclear, e cinco foram selecionados:

Coronel Sidney Bruce, Tenente-Coronel, Major Norman “Bodie” Bodinger, Major John Hughes e um tal de Don Lutrel. Um sexto participante, George Yoshitake, não foi voluntário. Ele era fotógrafo do Departamento de Defesa.

Eles foram para o deserto, em um local pré-determinado que seria o Ponto Zero da detonação. Um engraçadinho criou até uma placa: “Ponto Zero - População: 5”. Um caça voando bem alto passaria, dispararia o MB-1, que subiria até 18 mil pés e detonaria uma ogiva nuclear de 2 quilotons.

Claro, se o motor do míssil falhasse ele cairia e explodiria próximo ao chão, o que estragaria o dia dos sujeitos.

Não falhou, o teste realizado em 19/7/1956 foi perfeito, dramático e emocionante:


atomcentral — Five men at atomic ground zero

Agora você vai perguntar da radiação, se eles foram afetados. A resposta é: basicamente não. Um morreu com 86, outro com 83, um com 71, um com 63 e outros dois estavam vivos em 2010, última vez que alguém pesquisou. Quanto a George Yoshitake, filmou dezenas de outros testes nucleares, está com 90 anos e ainda vivo.

Provavelmente a Morte reluta em ir atrás de gente com cojones de enfrentar voluntariamente uma detonação nuclear.

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