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Uri Levine e a trajetória do Waze: dicas para criar uma startup de sucesso

INCmty 2015 — confira algumas dicas do Uri Levine (fundador do Waze) para criar uma startup de sucesso.

8 anos atrás

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O Meio Bit foi convidado para cobrir o INCmty em Monterrey, México, o maior evento de empreendedorismo da América Latina, com cerca de 10 mil inscritos e três dias de atividades. A palestra que abriu o evento foi a de Uri Levine, mais conhecido por ser o fundador do Waze, que foi vendido para o Google em 2013 por U$ 996 milhões.

Levine se desligou do Waze no dia seguinte após a aquisição, e passou a se dedicar a outras startups como o Moovit, que tem basicamente o mesmo propósito do Waze, ajudar as pessoas a chegarem a algum lugar. A primeira recomendação de Levine é vencer o medo do fracasso, que nos impede de agir: se você tem medo de falhar, você não faz o que precisa fazer, e assim, você já falhou.

A palavra chave para ele é ruptura, ou uma quebra de paradigma, capaz de mudar algo de forma dramática. Ele garante que quando você consegue fazer uma mudança como esta, acaba tornando o mundo um lugar melhor. Para começar, é preciso partir de um sentimento bem forte. No caso do Waze, Levine detesta engarrafamentos e trânsito, assim como todos nós. Ao reduzir o tempo que as pessoas passam presas dentro dos seus carros, ele acabou criando uma mudança para todos.

Uri Levine comparou a trajetória do Waze a uma montanha russa, com muitas subidas e descidas. Indo além, disse que buscar financiamento é como andar em uma montanha russa no escuro, mas é algo extremamente importante para sua startup não ficar pelo caminho, comparando os investimentos com o combustível necessário para a jornada: se você não tem gasolina, seu carro não irá muito longe.

Criar uma startup é como se apaixonar. Seus amigos te dizem que nunca vai dar certo, e muitas vezes você precisa arrumar outros amigos. Levine acredita que o primeiro ano da empresa é fundamental para o seu futuro, e que é preciso antes de mais nada definir qual o D.N.A. da startup. Só depois de você souber qual é a missão da empresa e conseguir algum capital, você deve seguir em frente com o negócio.

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A missão do Waze era uma só, evitar engarrafamentos, e ele manteve o foco nisto, ignorando todas as distrações. Se você cria algo que funciona, você não deve mudar de direção. Se estiver dirigindo no deserto, ao sair do caminho você pode se perder e acabar correndo risco de vida. Também é importante que o seu carro não fique sem combustível nesta situação.

Ele recomenda ignorar tudo que for supérfluo, e focar no que realmente importa. Para Uri Levine, a criação de uma startup é uma verdadeira jornada de falhas, mas isto faz parte, e o empreendedor não deve temê-la, mas é justamente o que acontece: a maioria das pessoas nem chega a tentar.

Levine acredita que o líder precisa trabalhar mais do que todos os funcionários da startup, e que não adianta apenas ter uma boa ideia: procure pensar em como o mercado vai mudar com o seu projeto. Quais empresas irão vai falir com a chegada da sua startup? Se você não tem uma resposta para esta pergunta, sua ideia não é suficientemente grande. Um bom indício de que você está no caminho certo é se alguém está tentando te copiar.

Ele acredita que a maior prova de sucesso é quando você recebe um bom feedback de quem usa o seu app ou serviço, para ele muito mais significativo do que comemorar número de downloads ou alguma outra meta alcançada. É preciso procurar qual o problema que deve ser resolvido pela startup, e são justamente os usuários que podem te indicar qual o melhor caminho. Só depois que você descobrir qual o problema dos usuários, deve pensar em como solucioná-lo.

A trajetória do Waze

Quando o Waze começou, o app não tinha nem um mapa. Os mapas foram sendo criados do zero pelos próprios usuários, e a startup buscou criar ferramentas de edição para que os usuários pudessem aprimorá-los. Levine também falou sobre a polêmica com a polícia, que por várias vezes já acusou o Waze de atrapalhar o seu trabalho: quanto mais você sabe sobre o seu caminho, mais segura será a sua direção. A força do Waze é justamente ser uma rede social de motoristas para motoristas, cada um ajudando o outro.

A jornada do Waze foi bem longa: só para dar uma ideia do quanto, Levine contou que a primeira versão rodava em um PDA. Ele conta que ouviu tantos “nãos” de investidores, que descobriu que existem 100 maneiras de dizer não. Em 2008, a empresa foi fundada, em 2009, o serviço foi lançado em Israel, e no ano seguinte, começou a ser lançado no resto do mundo. O processo era sempre o mesmo, eles lançavam uma versão, ouviam o feedback dos usuários e depois criavam uma nova, corrigindo os erros. Durante este processo, os usuários do Waze estava criando os mapas e os dados do aplicativo. A partir de 2011, o Waze começou a crescer muito, mais do que todos os aplicativos de GPS combinados.

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O que o Google encontrou no Waze (crédito: @INCmty)

Apaixone-se pelo problema, não pela solução, diz Levine. Na hora em que você encontrar a solução, mude a marcha, e comece a replicá-la. Será uma jornada de falhas até você encontrar algo que funcione. Ele recomenda que você não espere muito até lançar o aplicativo, pois o feedback dos usuários pode ajudá-lo a melhorar o app. Também é importante saber dizer não, e nunca perder o foco na solução do problema, lembrar o que realmente importa".

Na hora de vender o projeto para os investidores, é importante lembrar que nós tomamos decisões de forma emocional, e não com a lógica. A quebra não vem da tecnologia, o Waze por exemplo tinha como principal apelo o fato de ser gratuito. Levine acredita que esta ruptura é motivada por uma emoção como amar ou odiar alguma coisa, e que isto é sempre feito por alguém que está chegando ao mercado: quem domina o mercado dificilmente irá romper um paradigma. Sempre que houver uma grande distância entre o preço e o valor oferecido, existe espaço para esta quebra.

A primeira startup que criou depois que saiu do Waze foi o Feex, criado para descobrir quantas taxas são pagas a mais: meu pai me disse, se você não sabe o quanto está pagando, você está pagando muito caro. Levine também criou várias outras, além do já citado Moovit. O Roomer é um loja online criada para vender e comprar reservas de hotéis quando você por algum motivo não pode mais viajar. O Zeek também é uma loja, mas para comprar ou vender créditos de outras lojas, que as pessoas ganham mas em 30% dos casos não chegam a usar antes do vencimento. O Engie é um app que se conecta ao computador de bordo de carros para fazer um diagnóstico, e encontrar orçamentos de mecânicos próximos ao usuário. Já o FairFly compara os preços de voos para te avisar caso apareça uma ótima oferta.

É importante ficar de olho nos segredos do mercado. Os mecânicos sabem de coisas que não sabemos, assim como os contadores que nos cobram as taxas. As empresas aéreas sabem quando os preços vão aumentar ou cair. Se você encontrar os segredos de cada indústria e conseguir revelá-los, irá mudar a demanda, e assim, causar uma quebra.

Para terminar a palestra, Levine deu algumas dicas para os empreendedores do INCmty: encontre um grande problema para resolver, e você saberá que está no caminho certo. Crie um impacto, mesmo se não der certo, além do seu aprendizado, alguém poderá fazer depois de você, e assim, mudar o mundo.

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