Carlos Cardoso 7 anos e meio atrás
Em 2007 o Google anunciou seu Prêmio X Lunar, dando continuidade a uma tradição no mundo da tecnologia: competições que avançam as fronteiras da ciência, colocando grupos disputando um objetivo comum. Santos Dumont ganhou muita grana vencendo competições assim.
A Spaceship One, primeira nave particular a fazer um vôo suborbital surgiu para vencer o Ansari X Prize, e como todos os casos o dinheiro é o de menos, gasta-se muito mais do que se ganha. No caso do Prêmio X Lunar são US$ 30 milhões.
O Prêmio foi anunciado em 2007, o prazo era de dez anos, se inscreveram equipes do mundo inteiro, inclusive uma do Brasil mas acredite, melhor não falar sobre isso. O objetivo é pousar uma sonda na superfície lunar e percorrer pelo menos 500 m enviando vídeo em tempo real e imagens em alta definição.
Agora o primeiro grupo fechou um contrato com a SpaceX, garantindo vaga num lançamento de um Falcon 9 no segundo semestre de 2017, foi a equipe israelense SpaceIL. Especula-se que a passagem custou US$ 10 milhões, bem mais barato que um lançamento dedicado. A nave israelense irá como carga secundária. Depois que o satélite principal for lançado em vez de manobrar para queimar na atmosfera o Falcon 9 entrará em trajetória translunar.
Como ele não terá combustível suficiente dará o empurrão inicial, o resto ficará a cargo da nave.
Em vez de uma sonda de pouso e um robô, resolveram e simplificaram de uma forma genial, digna da operação que convenceu os ingleses que uma equipe israelense estava fazendo um filme, a RAF emprestou 4 caças que prontamente foram malocados pelos pilotos, para formar a base da Força Aérea Israelense.
A sonda não vai ter rodas, vai usar os motores para decolar de novo, voar 500 km e pousar, mais ou menos o que o Philae fez no cometa, embora não planejado.
O contrato foi negociado pela Spaceflight, uma empresa especializada em negociar cargas secundárias em foguetes, um negócio que é melhor pra todo mundo, você lança cem nano-satélites de US$ 8 mil (ou R$ 400 mil, e não por causa do dólar) sem ter que pagar por um Falcon 9 inteiro, e a dona do foguete ganha um bom dinheiro com o combustível e a Delta-V que seriam desperdiçados depois da missão principal.
O mais impressionante é um país que até a última explosão do dólar tinha PIB menor que a cidade de São Paulo, envolvido em guerras e tiroteio com praticamente todos os vizinhos, um país que sequer existia anos de 1948, se torna o terceiro quarto país a pousar na Lua. E com um projeto privado, financiado com doações.
As outras equipes tem até o final do ano que vem para apresentar contratos de lançamento e continuar na disputa. Esperemos que vários consigam, corrida espacial é muito mais legal quando tem mais de um disputando.
Menos o Poderoso Falsão.
Fonte: The Verge.
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