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Stephen Hawking propõe teoria onde buracos negros não existem da maneira clássica

Noção de um “horizonte de eventos”, a partir do qual nada pode escapar, é incompatível com a teoria quântica segundo o físico teórico Stephen Hawking.

10 anos atrás

Girlplayingblackhole360

Ela está jogando Black Hole Pinball Arcade no Xbox (bite me).

Provavelmente qualquer outro físico que ousá-se escrever um artigo afirmando que “não existem buracos negros(pelo menos não no sentido que costumamos imaginar) provavelmente seria descartado como delirante. Então quando o paper para redefinir esses devoradores cósmicos vem de Stephen Hawking a história é bem diferente e neste cenário está claro que nem a gravíssima incapacidade física da qual sofre, nem seus 72 anos comprometem a mente desse grande cientista.

Em um artigo publicado on-line, o famoso físico ligado à Universidade de Cambridge no Reino Unido e um dos criadores da teoria dos buracos negros modernos, acaba com a noção de um horizonte de eventos, a fronteira invisível que se pensava cercar cada buraco negro além da qual nada, nem mesmo a luz, poderia escapar. Em seu lugar, a proposta radical de Hawking é um “horizonte aparente” muito mais benigno, que detém apenas temporariamente a matéria e a energia antes de finalmente liberá-los, ainda que de uma forma completamente diferente e caótica.

Para entender por que ele está sendo tão polêmico, é preciso um olhar mesmo que de forma grosseira (como se eu fosse capaz de descrever com exatidão), as duas teorias anteriores sobre buracos negros.

A teoria clássica, que respeita as regras ditadas por Einstein em sua Teoria da Relatividade, diz que é simplesmente impossível escapar de um buraco negro ao se atingir o chamado horizonte de eventos, um lugar onde a atração gravitacional é tão forte e extrema que é impossível qualquer coisa fugir da sua força.

Mais tarde, um físico teórico chamado Joseph Polchinski, estudou o tema à luz dos novos conhecimentos derivados da Teoria Quântica e chegou a conclusão de que o horizonte de eventos na verdade deveria ser interpretado como um lugar de extrema energia, algo como um forno absurdamente quente onde tudo se incendiaria, com o bonito nome de Teoria do Firewall.

As duas teorias coexistem até hoje no fio da navalha, já que os teóricos nunca conseguiram conciliar totalmente as Teorias da Relatividade e da Mecânica Quântica, um dos maiores impasses já enfrentados pelos cientistas com o QI superior ao PIB de alguns países da África e com certeza absoluta alguns níveis de grandeza maior que o meu.

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Uma interpretação artística de um buraco negro. Mas você pode voltar lá no topo e ficar olhando aquela outra foto, que é bem mais interessante.

Agora Hawking propõe uma terceira opção tentadoramente simples. A mecânica quântica e a relatividade geral permanecem intactos, mas os buracos negros simplesmente não têm um horizonte de eventos para pegar fogo. A chave para a sua alegação é que os efeitos quânticos em torno do buraco negro faria o espaço-tempo flutuar muito descontroladamente para que uma fronteira nítida possa existir.

No lugar do horizonte de eventos, Hawking invoca um “horizonte aparente”, uma superfície ao longo da qual os raios de luz que tentam se afastar do núcleo do buraco negro fica suspensa. Na relatividade geral estes dois horizontes são idênticos, porque a luz tentando escapar de dentro de um buraco negro pode chegar apenas até o horizonte de eventos e ali ficará preso, como em uma escada rolante. Ao contrário do horizonte de eventos, o horizonte aparente pode eventualmente se dissolver. O novo estudo de Hawking está abrindo a porta para um cenário tão extremo que, em princípio, nada pode sair de um buraco negro (embora Hawking não explique em seu artigo exatamente como um horizonte aparente desapareceria), mas especula que quando ele se encolhe à um determinado tamanho, os efeitos de ambas a mecânica quântica e a gravidade se combinam, tornando plausível que o horizonte aparente possa desaparecer. Nesse ponto, tudo o que já foi sugado pelo buraco negro seria liberado, só que de uma forma totalmente caótica e transformada. Ele até faz uma brincadeirinha no título do artigo, em referencia a previsão do tempo: seria tão difícil prever o que sairá de um buraco negro em um evento como esse quanto prever as condições climáticas para mais do que alguns dias à frente.

A nova ideia será obviamente estudada e discutida por um bom tempo e inclusive pode ser que o físico britânico faça alguma nova aposta com seus colegas, como já fez no passado (e às vezes perdeu) a respeito de questões profundas da física teórica. Definitivamente Stephen Hawking é um homem que sabe lutar a boa luta.

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