Carlos Cardoso 6 anos e meio atrás
No começo dos anos 80, quando filmes de super-herói ainda eram um sonho distante e seriados eram raros e ruins (céus, aquele Aranha…) surgiu uma anti-série, The Greatest American Hero, batizado aqui de O Super-Herói Americano. Era tosco, muito tosco mas tosqueira era parte do DNA da série.
Ralph Hinkley era um professor que foi abduzido por alienígenas, dos quais recebeu um super-traje com um número indeterminado de poderes, se bem que na prática ele era basicamente um super-herói da Marvelflix: conseguia jogar bandidos em paredes acolchoadas duas ou três vezes por episódio.
O detalhe é que Ralph era um atolado, ele perdeu o manual do traje e nunca conseguia usar nenhum dos poderes direito. Nem voar, ele parecia um frango bêbado, e era ótimo. Não, hoje eu provavelmente não acharia. Essa é uma daqueles séries que não resistem à regra dos 15 anos.
Mesmo assim O Super-Herói Americano permanece na memória afetiva de uma geração, incluindo sua deliciosa música-tema.
Eram tempos mais simples, Ralph era um cara desajeitado tentando fazer a coisa certa, Bill, o agente do FBI que o acompanhava era o tira durão de coração de ouro, sempre disposto a violar as regras em nome da Justiça.
E havia Connie Sellecca, uma Brooke Shields genérica que era crush de todo garoto chegado numa MILF (ei, pra quem era pré-adolescente 26 é milfona).
A série teve três temporadas, foi cancelada e hoje mora em nossos corações, mas a ganância fez com que gente ruim pensasse em extrair mais algumas gotas de dinheiro dela, então resolveram ressuscitar a premissa.
A ABC vai produzir uma nova série do Super-Herói Americano. No comando estão Rachna Fruchbom (editora de história de Parks & Recreation e Fresh off the Boat) e Nahnatchka Khan, produtora de Fresh of the Boat.
E antes que você pergunte, sim, a série será lacradora. CLARO que o novo Super-Herói Americano não será Ralph Hinkley, ele é a criatura mais vilipendiada da atualidade, um americano branco hétero. Não senhor. A série terá como protagonista uma mulher. De origem indiana, claro. Achou que seria alguma branca azeda?
“Ah mas isso não faz diferença”
Aqui faz. A premissa básica é que o personagem é atolado, cai de cara no chão, voa desengonçado. O público aceita isso em um homem, não em uma mulher. Consideram degradante, abuso. E eu provo:
Essa é a Mary-Ellen Stewart, em 1986 foi escolhida para o renascimento da série. Reuniram todo o elenco original, a “passagem de tocha” é feita com os tons certos, Bill Maxwell continua como parceiro, mas o resultado final é uma bomba.
A personagem é… errada. Não funciona. A rejeição foi tão grande nas avaliações que o piloto nem chegou a ser exibido. Para não perder dinheiro demais ele foi reeditado como um episódio da série e acrescentado ao pacote de reprises como episódio final.
Fonte: Deadline.