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Chrome passará a contar com bloqueador de anúncios nativo em 2018

Google anuncia que introduzirá seu próprio bloqueador de anúncios no Chrome em 2018, de modo a deixar de ser refém do AdBlock; medida no entanto pode fazer empresa se complicar ainda mais com leis e regulações antitruste.

7 anos atrás

O rumor acabou se tornando realidade: através de um anúncio oficial o Google revelou que o Chrome passará a contar com um bloqueador próprio de anúncios a partid do próximo ano, de modo a "criar uma internet melhor para todos" e consequentemente, para deixar de ser refém do AdBlock. No entanto, tal atitude pode complicar ainda mais as coisas para a companhia no que tange às leis antitruste.

Vamos recapitular: o Google vive de anúncios e isso não é segredo para ninguém, mais de 90% de sua receita vem deles. Só que há tipos e tipos de propagandas e os mais nocivos, como janelas pop-up, reprodutores de áudio e vídeo com execução automática, anúncios que ocupam a totalidade da tela, botões que só se ativam ao fim de uma contagem regressiva, janelas que pedem joinhas, curtidas e permanência do leitor ao tentar fechar a aba e etc. estão entre os mais chatos e invasivos, e estes nem Mountain View quer que continuem se propagando.

Esses anúncios prejudicam principalmente sua própria plataforma, aquela fornecida pela DoubleClick quando os usuários optam por ativar bloqueadores que cortam todo o tipo de propaganda. O AdBlock Plus é de longe o mais popular deles e por causa disso, de modo a não perder muito dinheiro o Google paga à AdBlock uma certa quantia para permanecer na lista branca, obrigando os usuários a os barrarem manualmente se assim desejarem (e poucos fazem isso). É o esquema da Máfia de pagar por proteção, e de longe uma opção não muito ideal para a gigante.

Como hoje o Chrome responde por mais da metade da navegação online, para o Google faria muito mais sentido desenvolver uma ferramenta própria do que continuar pagando à AdBlock e foi exatamente o que aconteceu: o bloqueador nativo, que será inserido no navegador em 2018 filtrará todos os anúncios considerados nocivos pela Coalition for Better Ads, um grupo que inclui além do Google companhias como Facebook, News Corp. e The Washington Post, entre outras.

O Google também vai fornecer uma ferramenta que fornecerá os meios para que os administradores web avaliem se seus sites estão dentro dos parâmetros e não incluam nenhum anúncio considerado abusivo. O movimento do Google busca não só forçar os criadores de anúncios a entrarem na linha e fornecerem peças publicitárias decentes e não-intrusivas, como também passará a concorrer diretamente com AdBlock e outras soluções que demandam instalação adicional, já que bastará uma atualização do Chrome para que o recurso seja incluído.

Só que há uma grande implicação negativa para o Google ao fazer esse movimento: a companhia vai passar a ditar quais anúncios são aceitáveis e quais não, e obviamente há o risco (eu diria certeza) do Chrome passar a privilegiar seus próprios ads em detrimento dos veiculados por concorrentes, que poderão aparecer menos em seu navegador; há ainda a possibilidade da gigante fazer a exata mesma coisa que a AdBlock e passar a vender proteção, a fim de colocar os ads de outras fontes em uma lista branca, e embora seja remota não é algo impossível de acontecer.

O Google jura que mesmo seus próprios anúncios, vindo da DoubleClick que não se adequarem às diretrizes da Coalition for Better Ads serão bloqueados, mas eu não poria minha mão no fogo em prol desse argumento.

O que pode acontecer: tal medida vai disparar todos os alarmes dos reguladores antitruste, já que o bloqueador nativo do Chrome pode ser entendido como mais uma estratégia do Google para monopolizar a navegação na internet; é provável que especificamente a Comissão Europeia seja uma das principais reclamantes, visto que Mountain View já não tem uma vida fácil no Velho Mundo e enfrenta processos relativos ao Google Search, o “Direito ao Esquecimento“, o Android, o Google Imagens, o YouTube, o AdSense e etc.

Claro, teremos que esperar até o lançamento da ferramenta mas particularmente, acredito que o Google vai arranjar mais uma dor de cabeça.

Fonte: Google.

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