Carlos Cardoso 7 anos atrás
Existem dois tipos de lixo espacial, ambos são problemáticos, mas o primeiro tipo é mais simples: é o resto de foguete que cai depois da decolagem, empanqueca um camponês chinês e isso se resolve mandando uns soldados pra visitar a família do sujeito e explicar que shit happens. O outro tipo é mais complicado.
Por causa de Isaac Newton qualquer coisa em órbita é um risco iminente. Quando você está voando a 28.000 km/h está carregando uma enorme quantidade de energia cinética, imagine atingir com essa velocidade um objeto 5.000 km/h mais lento. Ou mais rápido.
Colisões orbitais já ocorreram, são raras mas tendem a se tornar mais comuns, se as dezenas de empresas que apresentaram propostas para colocar milhares de satélites em órbita e fornecer acesso internet cumprirem suas promessas.
Idéias para recolher satélites usados e outros lixos espaciais não faltam. Há desde redes e braços mecânicos até lasers que vaporizariam parte dos objetos, gerando propulsão e tirando o objeto de órbita.
Agora um tal de Mitsunobu Okada, empresário de startups japonês criou a AstroScale, uma empresa que promete resolver de forma criativa o problema de lixo orbital.
Em vez de usar meios mecânicos complicados ele quer que seu satélite use… cola. A frente da sonda será revestida com uma cola espacial especial que está sendo desenvolvida para funcionar no vácuo. Em contato com o satélite ou destroço a ser resgatado a cola se fixará fortemente.
Em seguida manobradores executarão uma manobra reduzindo a velocidade orbital e os dois queimarão na atmosfera, de preferência sobre o Pacífico, ou Niterói.
Há alguns problemas aí, inclusive a dificuldade de manobrar um conjunto com um centro de massa aleatório, mas como os envolvidos são todos japoneses, já devem ter resolvido.
A AstroScale vai lançar seu primeiro satélite em 2017: será uma sonda que medirá a densidade de microobjetos em órbitas de várias altitudes, identificando fragmentos de menos de 1 mm. Será o IDEA OSG 1:
Okada-san pretende vender esses dados para agências espaciais, garantindo um muito bem-vindo dim-dim para a empresa. O primeiro satélite projetado para recolher lixo espacial, o ELSA 1 será lançado em 2018.
Se os testes derem certo, há uma boa grana a ser feita, pois as empresas de satélites não precisarão mais parar de usar os satélites bem antes de o combustível acabar. Hoje eles são recolhidos para “órbitas-cemitério”, mas em alguns casos morrem e ficam ocupando slots orbitais valiosos.
Com a tecnologia da Astroscale poderiam limpar essas posições orbitais. As Intelsats da vida pagariam alegremente por isso.
Fonte: The New York Times.