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Conheça o desenvolvedor do balde de pipoca original

Desenvolvedor Federico Abad, outrora conhecido como Sebastian vem à público falar sobre o balde de pipoca original, e os motivos que o levaram a fechá-lo

8 anos e meio atrás

federico-abad

O balde de pipoca vem causando muita dor de cabeça à indústria do cinema desde seu lançamento, no início de 2014. O aplicativo, oferecido com uma “Netflix alternativa” entrega filmes e séries disponíveis na Locadora de forma simples e prática, sem que o usuário tenha que ir atrás do vídeo, rezar para que tenha seeders suficientes e achar uma legenda compatível. A aplicação original teve vida curta, mas como a API é pública não demorou para que ele fosse revivido por outros entusiastas, chegasse a diversas plataformas e ganhasse até uma versão pr0n.

Agora, quase dois anos depois do lançamento do app original, o programador e designer argentino Federico Abad resolveu vir à público e falar sobre sua criação.

Conhecido até então pelo pseudônimo “Sebastian”, o dev de 29 anos conta que teve a ideia do balde de pipoca em seu apartamento no bairro de San Cristóbal, Buenos Aires em janeiro de 2014, enquanto conversava com um amigo. “Eu queria assistir um filme, mas não podia. O que eu podia fazer? E u só queria resolver um problema”, diz ele.

Como todo desenvolvedor mordido pelo espírito hacker, Abad pôs a mão na massa movido pelo espírito do “ver se pode ser feito”: criar uma interface que se comunicasse com trackers da Locadora, disponibilizasse filmes e episódios de séries, buscasse a legenda correta e entregasse tudo em uma interface amigável. Um dos motivos para a criação do balde de pipoca é a disponibilidade de filmes nos cinemas argentinos, que mesmo na capital não é lá grande coisa. E a internet em muitos locais não é rápida o suficiente para viabilizar downloads, mas streaming é outra coisa.

O balde de pipoca tinha que funcionar como o Netflix, isso sempre esteve em sua mente. Semanas depois o app foi lançado e virou uma febre, e desnecessário dizer a indústria do cinema ficou possessa.

O app foi chamado de “o pior pesadelo de Hollywood tomando forma”, mas a verdade é que ele fornecia o que todo mundo queria de uma forma simples e fácil, por vários motivos: indisponibilidade em sua região (nunca esquecer da palhaçada envolvendo BSG: Blood and Chrome), produções exclusivas de serviços fechados, apressados que querem ver filmes ainda em cartaz mesmo com qualidade porca, etc.

Só que Abad enfrentou duras represálias. Ele, que é assinante da Netflix e não fez dinheiro com a aplicação foi atacado por inúmeras frentes da indústria do copyright, desde diretores furiosos (Juan José Campanella, de O Segredo dos Seus Olhos o chamou de “o novo ladrão argentino a entrar em nossa longa lista”) a estúdios grandes, e foi o martelo da Warner Bros. que o obrigou a jogar a toalha.

Abad e outros desenvolvedores do projeto começaram a ser seguidos por um advogado da Warner em seus perfis no LinkedIn, o que indica o intuito de fatalmente levar todos à justiça por infração de copyright. Todos deixaram de ser anônimos da noite para o dia, algo que ninguém sabia como aconteceu. Assim, para evitar maiores problemas a equipe original fechou o app em março de 2014, mas não demorou muito para que ele fosse revivido pela comunidade, e as coisas não andam fáceis para alguns. E infelizmente, algumas versões não são tão seguras.

Abad, que hoje leva uma vida normal não se arrepende do que fez, fornecendo meios para simplificar o uso da Locadora ao estilo Netflix. E prefere estar bem consigo mesmo do que ter ganho dinheiro e se dado mal:

Meu pai lamenta eu não ter ficado milionário. “Não pai”, eu disse, “eu teria sido preso. Prefiro ficar com você”.

Fonte: Dagens Næringsliv.

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