Meio Bit » Arquivo » Ciência » Quando a gente quer, a gente faz: Embraer prestes a lançar KC-390

Quando a gente quer, a gente faz: Embraer prestes a lançar KC-390

Todo dia falamos o quanto nossa pesquisa espacial é patética, mas nem sempre somos a vanguarda do atraso. Há momentos em que mandamos muito bem. É o caso do KC-390, avião de transporte de última geração em desenvolvimento pela Embraer.

10 anos atrás

kc-390

Em 1954 saiu das linhas de montagem da Lockheed um dos aviões mais bem-sucedidos de todos os tempos, o Hércules C-130. Por quase 60 anos ele tem servido admiravelmente bem dezenas de países, obliterando terroristas em sua versão AC-130, transportando mantimentos para zonas de desastre, resgatando cidadãos israelenses em Entebe ou brasileiros, no Peru (ou Bolívia, não estou lembrando) pousando na cabeceira da pista e recuperando os refugiados sem desligar os motores, decolando em seguida sob fogo inimigo. Sim, a FAB faz essas coisas também.

Só que 60 anos, mesmo com modernizações, é muito tempo para um avião. Nenhuma eletrônica consegue renovar um projeto tão antigo, ainda mais com o Hércules, sendo turbohélice, não sendo capaz de acompanhar os aviões mais modernos. Em países com dinheiro sobrando (hoje em dia, nenhum) dá para dividir as missões entre várias aeronaves, é preciso que uma única seja capaz de reabastecimento aéreo, reconhecimento, transporte de tropas, passageiros, carga e se for o caso, ataque.

Todo mundo está de olho nesse nicho, e um dos principais candidatos é… a Embraer. O avião que ela está desenvolvendo é esse bicho da foto aí de cima, o KC-390. Ele voa a 850 km/h, contra 592 km/h do Hércules, e carrega 23 toneladas de carga, contra 20 do modelo americano. A autonomia do Hércules é maior, mas o KC-390 não tem exatamente pernas curtas:

autonomia

Com 11 toneladas de carga ele faz Brasília-Miami, sem escalas. Mais que suficiente para transportar uma brigada paraquedista até Buenos Aires, não que eu esteja sugerindo algo.

A unidade custará US$ 50 milhões, contra US$ 30 milhões do Hércules, mas não dá para competir com uma aeronave com 60 anos de amortização de custos. O programa de desenvolvimento vai custar US$ 2,25 bilhões, com o governo brasileiro botando boa parte da grana. É isso ou gastar bem mais financiando o programa de desenvolvimento de outros países, já que não há ainda concorrentes à altura do KC-390. A própria Boeing está se tornando parceira da Embraer, não duvido que ele ocupe um nicho de transporte de passageiros (configuração para 80) em regiões remotas, já que pode operar em pistas de terra com buracos de até 40 cm.

kc390_planobrasil_juniopinheiro

A estimativa é que o KC-390 faça seu primeiro vôo em 2014 e entre em operação em 2016. Há vários países bem interessados, e no Brasil um dos principais clientes será… os Correios.

Os números envolvidos são impressionantes, tanto em investimento quanto em perspectivas de faturamento. Principalmente, servem para mostrar que apesar de não conseguirmos fazer uma simples estante pra Estação Espacial Internacional, e nossos foguetes competirem com os de Robert Goddard, ficando atrás dos de Von Braun (e dos indianos), temos uma indústria aeroespacial real, que só precisa de menos cabides, menos caciques e mais responsabilidades reais junto aos acionistas. Aí funciona. E muito bem.

Fonte: PA.

Leia mais sobre: , , , , .

relacionados


Comentários