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Você está apto a ter um filho gamer?

16 anos atrás

Talvez essa questão seja tão importante quanto determinar com que idade seu filho deve começar a jogar videogame. A questão que passa pela minha cabeça é: quantos pais estão aptos a decidir o que é próprio para seu filho jogar? Quantos são capazes de perceber que explosões e tiros num tela podem ser tão prejudiciais à formação da psique de uma criança quanto a banalização do sexo? Talvez seja irracional proibir o acesso ao console em si, ao invés de controlar o conteúdo, pois dessa forma estaríamos simplesmente ignorando os benefícios que a atividade poderia trazer. Da mesma forma, penso que deixar que Jack Thompsons da vida decidam o que chega ou não ao mercado pode ser também perigoso. Primeiro porque a contravenção sempre acha seus caminhos. Em segundo porque nós brasileiros sabemos bem do que a censura pode ser capaz.

E por tocar nesse assunto, a mais antiga forma de censura em games de que tenho notícia se deu com o adventure Maniac Mansion. Lançado originalmente para Commodore 64 em 1987, teve também versões para Amiga e Apple II, tornando-se um grande sucesso. Com um ótimo enredo baseado no humor negro, utilizava o gênero point and click, tão difundido hoje em dia com os flash games. Em 1990 a versão para o NES foi lançada, não sem antes passar pelo crivo da Nintendo of America. Quem já teve a oportunidade de jogar sabe que Maniac Mansion permite não apenas diferentes finais, mas também diferentes usos dos muitos objetos espalhados pela casa. E uma possibilidade adorada pelos sádicos de plantão era colocar o hamster dentro do microondas, e depois ligá-lo, tostando o pobre roedor. Não só essa barbaridade foi excluída do cartucho NES, mas também outros detalhes considerados obscenos, como a escultura na sala de arte - um nu artistico citando Michelangelo. Ainda: todas as palavras suck foram removidas, pela possível associação ao sexo oral. Tudo pelo bem das inocentes crianças americanas.

Outra censura famosa aconteceu com Final Fantasy VI. No cartucho original, Siren, uma das Espers do jogo, aparece de traseiro nu ao ser invocada, algo possivelmente normal aos olhos dos japoneses, porém pra lá de ofensivo frente ao puritanismo americano. Como resultado a Esper teve suas partes íntimas cobertas na versão ocidental.

Algumas tesouradas se tornaram mais famosas. Em 1997 Carmageddon teve sua venda proibida em território nacional, e sua distribuidora, Brasoft, foi até mesmo obrigada judicialmente a recolher os games das lojas. Já Manhunt 2 teve algumas "mudanças" em sua versão para Wii: muitas das cenas consideradas mais violentas foram simplesmente removidas. Até mesmo as execuções, marca registrada da série, foram alteradas - a cena fica turva, impedindo de ver em detalhes o que aconteceu.

É uma questão mais complexa do que parece, até mesmo porque envolve interesses financeiros. Porém, em uma época em que o conteúdo dos jogos tornou-se algo tão discutido, será que é tão difícil perceber que a educação começa em casa? Até quando vamos deixar de assumir a culpa responsabilidade para deixá-la nas mãos de terceiros?

[imagens obtidas na Wikipedia]

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