Redação 16 anos atrás
A Apple hoje atende três públicos diferentes com seus iPods:
O Heavy User, que não se incomoda em carregar um equipamento maior, se com isso puder levar consigo toda sua coleção de músicas;
O Usuário ocasional, que gosta de ouvir músicas fazendo exercícios, indo para o trabalho, mas que não quer sacrificar espaço, por isso prefere um equipamento pequeno e objetivo;
O usuário intermediário, que gosta de músicas, podcasts e mantém sua biblioteca em dia, mas preza acima de tudo portabilidade.
Para esse último foi feito o iPod Nano. Um equipamento minúsculo porém não microscópico, como o novo iPod Shuffle. Com uma tela decente e uma interface excelente, o Nano de segunda geração resolveu vários dos problemas da primeira, como os arranhados.
O Nano 2G curiosamente é retrô, ao abandonar o formato mais quadrado e brilhante, facilmente arranhável do antigo, assumindo um visual próximo ao iPod Mini. Levemente arredondado, conseguiram produzir um equipamento 1mm mais fino que o Nano anterior. Não há parafusos, cola sobrando, partes soltas ou nada que caracterize equipamentos de segunda linha. A qualidade do hardware da Apple é impecável.
Os detalhes só confirmam a qualidade. O conector do fone é exatamente da espessura do Nano. O conector do cabo USB foi trazido levemente para a esquerda, facilitando um pouco a conexão, que era mais apertada no Nano 1G.
A tela é, segundo a Apple, 20% mais brilhante que o anterior. Nossos testes comprovaram essa afirmação.
O grande trunfo do Nano é a click wheel, interface patenteada da Apple, capaz de executar várias funções, funcionando inclusive como um excelente controle analógico de volume. Qualquer música está a 3 cliques de distância. Ao invés de rodar, a click wheel é fixa, seu dedo desliza por ela, de forma intuitiva, enquanto um sensor de capacitância capta os movimentos e os transforma em comandos de avanço e recuo.
A Apple fez um equipamento cujo principal objetivo e tocar música, e embora tenha se concentrado nisso, ainda conseguiu espaço para incluir várias outras funções. O Nano tem, além da parte de áudio:
O software oficial da Apple para uso com o iPod é o iTunes. Ele pode não ter os mesmos recursos organizacionais do Windows Media Player, principalmente em sua nova versão, mas a integração com o iPod é tão boa que essas deficiências são colocadas de lado. O ato de sincronizar suas músicas, tão comum para usuários de MiniDisc e outros Players simplesmente desaparece. O conceito "simplesmente funciona" da Apple é muito bem aplicado aqui.
As músicas são dependentes das informações sobre álbuns, autores, gênero, intérpretes e outras, que constam nas tags ID3 dos arquivos MP3. É sempre bom manter essas informações organizadas. Um programa como o Eags On! pode ser bem útil.
A Apple protege bastante o conteúdo que é comprado na loja do iTunes, mas não se importa com o que tem outras origens. Seus MP3 permanecem intocados, mesmo quando sincronizados com o iPod. Nada de adicionar uma camada de DRM a arquivos de terceiros.
Esta é uma área onde o iTunes brilha. Na loja do iTunes você pode pesquisar por milhares de podcasts, assinando-os apenas clicando em um link XML. Feito isso, os arquivos passam a ser baixados e organizados. Você pode comandar o iTunes para não apagar os arquivos localmente, mesmo mantendo a sincronização. Assim quando um arquivo é ouvido no iPod, na próxima sincronização ele será silenciosamente eliminado do player, enquanto novas edições dos podcasts são baixadas e sincronizadas. Nenhum software do mercado oferece o grau de integração podcast/player que o iTunes.
O equipamento testado é um Nano 2a Geração de 8GB de memória. Com mais de 1000 músicas e muitos, muitos podcasts ele ainda está abaixo de 50% de sua capacidade. Um usuário normal ficaria 100% satisfeito com um Nano de 4GB
O Nano ainda oferece um modo PenDrive, funcionando para transporte de arquivos. Note que não é possível adicionar músicas ao Nano através deste modo.
A autonomia anunciada do novo Nano é de 24h.
Talvez o maior defeito da Apple seja não reconhecer quando algum de seus produtos apresenta problemas. O iPod testado ficou quase 24 horas sem funcionar, após uma atualização de firmware abortada pelo próprio iTunes tê-lo deixado em "modo de recuperação". Em teoria basta conectar o equipamento ao micro, esperar o iTunes detectar a condição, proceder à reinstalação do software básico e pronto, mas na prática o iTunes não conseguia, de forma alguma, sequer iniciar o projeto.
O famigerado erro 1418, tão conhecido dos usuários que tem até um website, era o responsável. A Apple não dá, nem em seus fóruns, qualquer dica. Os usuários batem cabeça cegamente, cada um oferecendo um conselho aleatório. Os que podem, simplesmente trocam o equipamento, seja na loja, seja via AppleCare.
O suporte da Apple via chat só funciona para Macbooks e iPod Shuffle. Ao inserir o serial do Nano, ele identificou como equipamento não coberto pelo chat e negou presseguir.
Depois de muitas tentativas frustradas, o Nano foi testado em outra máquina, onde misteriosamente o processo de atualização funcionou. De volta à máquina principal, foi reconhecido, sincronizado e está se comportando bem desde então.
O novo Nano é um produto com tudo para dar continuidade ao sucesso de vendas da linha, com mais de 70 milhões de unidades nas mãos dos consumidores. Não é um canivete suíço, a proposta é não tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo, mas fazer uma, e bem. A meu ver, conseguiram.
Já o susto de ter ficado quase um dia tendo certeza de que o Nano estava condenado não contribuiu em nada para a imagem da Apple. Precisam ter maturidade para perceber que admitir a não-perfeição de seus produtos não é demonstração de fraqueza, e sim uma forma de contar com a compreensão de seus usuários.
Modelo: iPod Nano 2a Geração 8GB
Preço: US$249,00
Onde Encontrar: Apple Store