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Quanta memória o KDE consome

17 anos e meio atrás

É praxe: a cada nova geração de sistemas operacionais normalmente precisamos de mais hardware. Quem não vende seu equipamento antigo no mercado de usados acaba, como eu, juntando uma pilha de partes de computador que já não tem mais uso. Eventualmente você, como eu, pode ter nas mãos o bastante para montar um monstrinho que tem pouco poder para rodar como um desktop competente. Mas ele ainda pode servir para muitas coisas. A questão passa a ser: qual sistema operacional instalar em um K6 233Mhz com 128MB de RAM para tornar essa máquina útil? Existem diversas alternativas e tudo depende do uso que você espera que essa máquina tenha. Mas não há dúvidas de que existem muito mais opções usando Linux e software livre do que usando o Windows. E com isso tudo acaba surgindo uma espécie de polêmica: dá pra rodar um Linux mais novo, com KDE ou Gnome com apenas 128MB de RAM?É muito comum ouvir críticos de Linux dizer que a característica de aproveitar hardware menos atual do sistema não existe mais. Muitos dizem isso e descrevem tentativas de instalar distribuições desktop em máquinas modestas que quase sempre falham. Muitos dizem isso sem sequer chegar perto de um Linux há anos. Aliás, oitenta porcento dos críticos ferrenhos de Linux que eu conheço não reconheceriam um Linux dando boot se estivessem diante de um, tamanha sua intimidade com o que gostam de criticar. É algo muito parecido com o Luiz Fernando Veríssimo, um excelente escritor mas que, quando decide comentar sobre política, demonstra que desse assunto não entende nada.

Nessa linha do comentar sem entender o erro mais comum daqueles que criticam o peso que o Linux tem ganho nos últimos tempos é dizer que um Linux moderno (como um Mandriva 2006 ou um Suse 10) não consegue rodar em máquinas com 128MB de RAM. Quem faz esse tipo de afirmação demonstra claramente que não sabe o que é Linux e que tem pouco contato com a plataforma. Em resumo, frases com palavras como “impossível” ou “não tem jeito” referindo-se ao Linux normalmente demonstram nada mais que desconhecimento. Isso porque quem conhece Linux entende a principal diferença de arquitetura deste sistema em relação à outros sistemas mais presentes em desktops e workstations (como Windows e MacOS) herdada do UNIX: modularidade. A rigor você pode decidir o que deseja ou não carregar em um sistema operacional Linux em uma abordagem bem diferente do que se pode fazer com um sistema Windows.

Tanto durante o boot do sistema quando durante o uso normal o Linux permite que você possa descarregar coisas não necessárias. Essa flexibilidade é a grande razão pela qual o Linux tem sido uma boa escolha para operar hardware modesto ou mesmo pequenos appliances em ambiente corporativo. Obviamente você não conseguirá operar um milagre como rodar um ambiente gráfico complexo como o KDE ou o Gnome em 32MB de RAM. Mas você certamente ficará impressionado ao saber que o KDE completo precisa de apenas 55MB de RAM para operar. Espantado? Pois esse valor é o resultado de um estudo feito por Lubos Lunak, membro do projeto KDE, que dedicou-se a definir exatamente quanta memória é necessária para executar cada aplicação em um ambiente Linux. Contando a estrutura gráfica do X server e outros sistemas, como o gerenciamento de fontes, o total mínimo de memória que um sistema precisa ter para rodar o KDE 3.5 sobre Linux é de cerca de 85MB.

O estudo ainda apresenta os resultados de testes de outros ambientes gráficos, inclusive do Gnome, mas de forma geral mostra que você pode sim rodar um Linux recente, como o Suse 10 usado no estudo, mesmo em máquinas com pouco poder de fogo, máquinas inclusive que apresentariam dificuldades em rodar o Windows XP. Para isso basta que você saiba o que fazer e o que descarregar ou não carregar durante o boot do sistema. Da próxima vez que você pensar em aproveitar aquela máquina antiga pra compartilhar MP3 na sua rede doméstica pode, em lugar de instalar o DSL, aproveitar os Cds de sua distro atual e personalizá-la. E se você é do time do “KDE não roda bem em máquinas com 128MB de RAM” lembre-se que a Conectiva suporta dezenas de milhares de máquinas com KDE em 128MB para governos e empresas.

O estudo de Lunak também mostra a quantidade de memória requerida para diversas combinações de ambientes e aplicações e em poucas delas a quantidade de memória necessária ultrapassou os 128MB. Usando meus poderes mediúnicos eu já percebi que uma tendência a comparar os valores entre Gnome e KDE irá se desenhar. Seria muito feio em um post escrito para falarmos a respeito da quantidade de memória mínima para rodar um Linux com uma boa interface gráfica termos uma flamewar entre usuários de interfaces distintas ou vermos uma repetição da luta entre usuários deste ou daquele sistema. E será igualmente ruim se tivermos que fechar os comentários deste post como fizemos alguns dias atrás. Portanto já advirto aos amantes de polêmicas vazias: atenham-se ao tema do post nos comentários pois desta vez não irei deletar apenas textos mal educados. Passarei o rodo também em comentários que fujam do assunto do post, que claramente é: a quantidade de memória necessária para rodar um linux recente com um ambiente gráfico completo. Os comentários servem para deixar um blog mais rico e útil, pensem nisso.

Via OSNews

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