Carlos Cardoso 12 anos atrás
A notícia em si tem tudo para causar urticária no leitor típico do MeioBit, não exatamente adepto do estilo Sertanejo
Supletivo Universitário de Luan Santana.
O aparelho também não é o perfil de nossos leitores, cujo celular ideal é seu iPhone ou o Android que virá para destruir a maldita Apple de uma vez por todas. È um W100, com Bluetooth, câmrea de 2MP, sem WIFI, sem 3G, rodando SO proprietário.
O aparelho virá totalmente customizado, o que deduzo signifique wallpapers, ícones e caixa. Também terá cinco músicas inéditas do.. cantor. Ah, um cartão postal “autografado”.
Ainda está aí? Então vejamos o motivo de ser uma excelente sacada:
Isso vende. Por R$299,00, divididos em uma infinidade de prestações no carnê o aparelho é decente e bonito, se você fizer parte do enorme público que consegue ser feliz sem smartphone. É a versão local do Spiro, imagem mostrada aqui para poupar você, nobre leitor de mais Luan Santana do que o necessário:
O fenômeno em si não é novo, neste artigo aqui o Ghedin já discorreu sobre celulares “patrocinados’, nomenclatura que considero inexata.
O que temos são celulares “de grife”, onde nomes de apelo popular são associados a aparelhos, fornecem algum conteúdo premium e assim se diferenciam da concorrência sem ser por méritos técnicos ou financeiros.
É uma estratégia válida. Em conversa com engenheiros da LG descobri que o ridicularizado LG Prada e todos aqueles celulares Louis Vuitton ridiculamente caros vendem que nem água na Coréia.
O consumidor de lá não está nem aí pra tecnologia, um celular vir com Stargate portátil não é mais que a obrigação, ter um recurso a mais ou a menos não dão status, é como câmera, que hoje mesmo no Brasil qualquer isqueiro tem. O celular coreano deixou de ser um símbolo de status e passou a ser um ítem do dia-a-dia. Assim ter um celular não quer dizer nada, quem precisa se exibir (e toda japinha coreana precisa) tem que buscar… grifes.
No Brasil o fenômeno é semelhante, mas ocorre no extremo oposto da pirâmide social. As classes de baixa renda querem algo que as aproxime de seus ídolos, mas não podem comprar o iPhone e o Blackberry que seus astros usam. Quando sai um produto autorizado e assinado por eles, entra em ação toda uma situação de proximidade, o fã compra o produto, muito mais pela assinatura do que pelo conteúdo em si.
Se nós, produtores de conteúdo online fossemos menos orgulhosos e elitistas estaríamos explorando esse filão, criando sites para aparelhos temáticos, agregando fãs com dúvidas e sugestões, estimulando troca de conteúdo e principalmente ganhando dinheiro.
Entender que existem vários nichos de consumo é essencial para posicionar seu produto, é preciso aceitar a realidade: Você NÃO vai agradar todo mundo. Todo produto criado para agradar “dos 8 aos 80” é um fracasso na demografia que vai de 9 a 89.
Do contrário cria-se uma elite elitista (sim, é isso mesmo) que torce o nariz pro Luan Santana enquanto produto e faz piadinhas de iPad nas Casas Bahia, mal sabendo que sim, eles vendem iPads.
PS: Para quem não conhece, Luan Santana: Na foto abaixo, fazendo Invisible Hover Hand com Gil Barros, sócia da MobiU. A Gil é a moça da direita.