Carlos Cardoso 6 anos atrás
Em uma cena de De Volta Para O Futuro o avô de Marty McFly o chama de mentiroso por ter dito que tinha mais de uma televisão em casa. É verdade. Antigamente TV era artigo de luxo. A TV colorida o eletrodoméstico mais idolatrado da casa, tanto que quando os videogames apareceram éramos proibidos de usar a TV principal, culpa daquele maldito amigo do pai que dizia que videogame estragava televisão.
Em termos de conteúdo, mesmo morando num grande centro contava-se nos dedos da mão do Lula os canais existentes. Todos genéricos, menos a TV Educativa que só prestava por causa do Sem Censura e dos eventuais filmes históricos com a Glória Pires pelada vestida de índia.
Éramos escravos da programação, se você gostava de uma série, era bom estar com seu traseiro gordo na poltrona no dia e na hora certa. Quer ver de novo? Espera a boa vontade do programador resolver passar aquele episódio mais uma vez.
Com a chegada das TVs a cabo, a fidelização das emissoras começou a desaparecer. Não é mais possível só assistir a uma rede, e o videocassete começou a minar a ditadura do horário.
Hoje temos centenas de canais nas operadoras de assinatura, e uma tonelada de serviços de streaming. O que começou como uma idéia que ninguém botava fé, uma locadora de DVDs oferecendo streaming e agora produzindo séries se mostrou um negócio vencedor.
Tentando sobreviver as emissoras de TV muito a contragosto começaram a replicar seu conteúdo na Internet, coisa que elas ainda não entenderam, vide a vida difícil de Agentes da SHIELD, que todo ano tem audiência medíocre na ABC, mas na última hora alguém lembra que a série bomba na Internet e nos TIVOs da vida, e então ela é renovada.
O resultado é que a audiência da tv tradicional vem caindo, o consumo de conteúdo vem aumentando e nunca tivemos tantos programas e séries bons como temos hoje em dia, só ninguém mais assiste na televisão, relativamente falando.
As pessoas diversificaram seu consumo de conteúdo, pulverizando as fontes e escolhendo quando e onde vão consumir, o resultado é que a Internet, móvel e fixa é a grande vencedora. As projeções apontam que em 2019 teremos a Grande Virada, quando o público passará mais tempo consumindo conteúdo na Internet do que na televisão.
O consumo diário de Internet será de 170.6 minutos, já o de televisão, 170.3 minutos. Depois disso a TV continuará a decair e a Internet a aumentar.
Em Jornada nas Estrelas - A Nova Geração é dito que a televisão foi uma forma de entretenimento que não durou muito além de 2040. Parece que acertaram em cheio, o que é espantoso visto que o episódio The Neutral Zone foi ao ar exatamente 30 anos atrás, onde o fogo mal havia sido inventado, que dirá a Internet.
O melhor de tudo, o conteúdo que amamos irá continuar e se tudo der certo os infomerciais também seguirão o caminho dos dinossauros.
Fonte: Quartz