Carlos Cardoso 5 anos atrás
Hoje as interwebs estão ariscas com a votação do STF. Um monte de gente está reclamando das leituras dos votos, com os juízes passando horas percorrendo conceitos e idéias, até decidir um (não tão) simples sim ou não. Em especial a ministra Rosa Weber está sendo alvo de uma barragem de memes, a maioria ótimos, por causa de seu uso excessivo do jargão legal.
Mas toda profissão tem seu jargão: ver dois encanadores falando resulta em um monte de termos misteriosos, como junta reversa, mangote e Koopa. O divertido é quando uma profissão sabe rir de si mesma, como engenheiros, e por causa disso mantêm vivo o retroencabulador.
O equipamento surgiu em 1944, em um artigo-zoeira publicado por John Quick, um estudante, no British Institution of Electrical Engineers Students’ Quarterly Journal. Ele escreveu “O Turbo-Encabulador na Indústria”. Era uma imensa pilha de termos técnicos jogados quase ao acaso, mas com um ritmo e uma elegância que soavam convincentes pra um leigo.
Em 1946 uma versão do artigo foi publicada nos EUA no boletim interno de uma firma de engenharia, e mais tarde na revista Time. Uma leitora classificou o texto como “um dicionário atingido por um raio”.
O turboencabulador, retro-encabulador ou micro-encabulador, dependendo da versão, persistiu como piada impressa por vários anos, a GE chegou a publicar uma ficha técnica do equipamento em seu catálogo.
Em 1977 Bud Haggart, uma versão real do Troy McLure dos Simpsons achou uma cópia do texto, adorou e convenceu a equipe a ficar até mais tarde depois de uma gravação só para filmarem a brincadeira:
Em 1986 a Chrysler contratou Bud Haggart pra repetir sua performance, apresentando o TurboEncabulador.
Em 1997 foi a vez da Rockwell, que fez um vídeo seríssimo apresentando seu próprio Encabulador. De novo, o texto é uma colagem de termos técnicos de engenharia sem nenhuma preocupação em fazer sentido.
A versão mais recente apareceu no Primeiro de Abril de 2016, quando a Path lançou um upgrade, o Micro-Encabulador, com termos absurdos como “Relutância Magnética”. É ótimo!
E se você acha que só engenheiros são capazes desse tipo de senso de humor, aqui um bônus: a clássica apresentação de Doug Zongker, em uma conferência da Associação Americana para o Avanço da Ciência.