Emanuel Laguna 6 anos atrás
Não, você não leu errado. Não estamos no 1º de abril e nem muito menos o tio Laguna inventou essa parceria tão inesperada. Deixa eu respirar um pouco: a Integrated Electronics acaba de divulgar uma parceria com o braço gráfico da Advanced Micro Devices. Sim, isso quer dizer que as rivais Intel e AMD vão trabalhar juntas, algo que não ocorria desde os anos 80.
Enquanto as fabricantes de processadores centrais competem entre si (Ryzen FTW!), com liderança quase absoluta da Integrated Electronics (pois é…), a Intel contratou o Radeon Technologies Group (divisão de processadores gráficos da AMD, antiga ATi) para fornecer as GPUs dedicadas para os novos chips Intel Core para laptops.
Uma EMIB da Intel com GPU dedicada da AMD RTG (crédito: The Verge)
Não chega a ser uma parceria tão estranha: quando a ATi ainda existia fora da AMD, a Intel chegou a fazer parceria mas, naquele tempo (2004, 2005), a tecnologia que a ATi fornecia era de gráficos integrados razoáveis como integrantes da ponte norte de chipsets, para placas-mãe compatíveis com processadores centrais Intel. A AMD adquiriu a ATi em 2006 e a parceria não só não evoluiu como terminou de vez, com a justificativa de que a AMD faria com as APUs uma sinergia entre CPU e GPU de forma que não daria para separar uma coisa da outra.
Pois bem, no final de 2015 a AMD decidiu formar o Radeon Technologies Group, uma divisão que cuidaria de negócios relacionados aos processadores gráficos. Agora vemos o primeiro grande cliente (rival) deles comemorando o negócio.
No atual mundo mobile, dominado pela ARM, não é incomum os sistemas-em-um-chip (SoC) utilizarem componentes licenciados de outras empresas, muitas vezes rivais. A surpresa aqui é encontrarmos uma parceria que fortaleceria a líder do segmento com componente até então exclusivo da rival, num outro mercado que é para lá de concentrado. O novo Intel Core para ultrabooks e afins terá uma ponte multi-pastilha integrada (EMIB) unindo a CPU Intel com gráficos Radeon, e com tecnologia HBM2 para a VRAM dedicada.
Quem não deve estar nada contente é a nVidia, líder de processadores gráficos dedicados e rival da antiga ATi (agora RTG). O tio Laguna especula que, muito provavelmente, a Intel deva ter procurado a camaleão verde de Santa Clara primeiro mas ambas as empresas não se acertaram, seja por valores, seja por objetivos de mercado: a nVidia tem crescido mais do que a Intel consegue acompanhar, como nas soluções de Inteligência Artificial. Em laptops gamers, a nVidia é a líder inclusive por oferecer mais opções de GPUs dedicadas. Com o movimento, a Intel pode se tornar uma grande rival no nicho gamer.
Apesar de as GPUs integradas Intel (UHD Graphics) já terem ultrapassado o teraflop/s, para os games de PC 1 Tflop/s é muito pouco. Soluções nVidia e AMD conseguem quase dez vezes tal patamar em laptops gamers, aqueles que custam acima de 1.000 dólares. Particularmente fico na torcida, só não sei para quem.
Fontes: Anand Tech e PC World.