Carlos Cardoso 6 anos atrás
Que o Brasil odeia ciência não é novidade. É uma atitude que transcende governos, transcende partidos, transcende ideologias. Ciência é malvada e digna de desconfiança, exceto quando inventa a fosfoetanolamina ou cede ao lobby da homeopatia. As editorias de ciências dos portais em geral são ridículas, quando existem, e os poucos blogs com patrocínio sobrevivem aos trancos e barrancos.
A bola da vez é a Escola de Fìsica do CERN, o laboratório europeu do qual faz parte o LHC, que quase destruiu o mundo em Anjos e Demônios, mas era mentirinha e o pessoal do filme foi muito bem recebido por lá. Desde 2007 o Brasil manda professores de física de nível médio para um curso no CERN, é uma oportunidade incrível, invejável, o professor sai de lá tendo visto ao vivo ciência de ponta.
Isso é, obviamente repassado para os alunos, reacendendo a chama da curiosidade científica.
Óbvio que no país onde você paga uma fortuna pra tirar um passaporte e o governo tem a cara de pau de dizer que não tem verba pra imprimir passaporte, sobrou pra escolinha. Ou melhor, não sobrou: as verbas, que vem minguando desde 2015, minguaram mais ainda. Ano passado os coordenadores do projeto tiveram que viajar bancando passagem e estadia. Este ano ficou pior ainda.
O jeito foi passar a sacolinha, abriram um projeto de financiamento coletivo para pagar 50% dos custos o resto eles se viram, e em último caso sempre dá pra vender plutônio pros líbios.
Por enquanto o projeto só arrecadou 4% da meta de R$ 15 mil, e a arrecadação vai até 16 de agosto.
Colabore, mostre que o Brasil pode odiar ciência mas nem todo brasileiro vive na terra plana. Se você puder doar, excelente. Se puder divulgar, melhor ainda (ok, melhor mesmo seria doar e divulgar).