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Apple libera emuladores no iPhone, com uma pegadinha

Apple agora permite que desenvolvedores lancem emuladores para o iPhone, mas apps devem seguir as leis, inclusive a DMCA, ou seja...

09/04/2024 às 8:53

A Apple mudou de ideia quanto à distribuição de emuladores de consoles de videogame na App Store. De agora em diante, desenvolvedores em todo o mundo poderão oferecer tais softwares compatíveis com o iPhone, o iPad e a set-top box Apple TV, em que os usuários poderão adquirir, e baixar, diversos retrogames através do software.

Claro, é da Apple que estamos falando, logo, era óbvio que haveria uma pegadinha: de modo a conseguir a aprovação para distribuir emuladores oficialmente, os devs deverão cumprir todas as regras de uso da App Store, e se submeter às leis vigentes, incluindo a DMCA (Digital Millenium Copyright Act), a lei de alcance global que rege sobre direitos autorais, e de combate à pirataria.

Emuladores distribuídos hoje em lojas alternativas do iPhone, como o Delta, terão que fazer mudanças se quiserem ter acesso legal aos dispositivos da Apple (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Emuladores distribuídos hoje em lojas alternativas do iPhone, como o Delta, terão que fazer mudanças se quiserem ter acesso legal aos dispositivos da Apple (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Apple quer emuladores oficiais (mesmo)

As modificações nas Diretrizes para a aprovação de apps e games da App Store foram publicadas pela Apple na última sexta-feira (6), e incluem uma nova cláusula, que estabelece como emuladores poderão ser distribuídos em sua lojinha digital, como mini-games (instaláveis ou por stream, o que inclui os distribuídos por apps como o Xbox Cloud Gaming), chatbots de IA, streams de áudio e vídeo, etc.

Uma das novidades diz respeito à distribuição de conteúdos via compras in-app, que viabilizam a distribuição de mini-apps baseados em HTML5, como os que o WeChat e outros "super apps" possuem. No que tange aos emuladores, esses seriam os games, que podem gerar receita aos desenvolvedores.

Originalmente, a Apple era contra a distribuição de mini-apps e games dentro de outros apps, daí ter criado atrito com a Microsoft e a Nvidia por anos, ao exigir que cada título fosse classificado individualmente, algo (propositalmente) inviável. As mudanças impostas pela União Europeia (UE), através das Leis de Mercados e Serviços Digitais (DMA e DSA, respectivamente) levaram a maçã a rever suas operações, ainda que seus métodos (e do Google) causem discussão e controvérsia.

Sobre a taxa do sideloading, a UE previsivelmente não gostou, e abriu uma investigação formal contra ambas companhias, acusando-as de não cumprirem as determinações e tentarem dar um balão na DMA, mas divago.

Voltando ao caso dos emuladores, muita gente comemorou a possibilidade de finalmente curtir seus games antigos de consoles passados no iPhone e iPad, desta vez de forma oficial, ou na melhor das hipóteses, sem que a Apple implique tanto com devs e jogadores, de forma similar ao que o Google já faz com o Android. No entanto, o Diabo mora nos detalhes, e em Cupertino, este atende por Tim Cook.

Sobre as responsabilidades que os desenvolvedores terão junto à Apple, para que emuladores possam ser distribuídos na App Store, lê-se o seguinte:

"Você (o desenvolvedor) fica responsável por todo e qualquer software distribuído através de seu app, o que inclui garantir que o mesmo se submeta às Diretrizes e a todas as leis aplicáveis.

Os softwares que não se submeterem a uma ou mais diretrizes levarão à rejeição do app."

Se você esperava que a Apple permitiria algo assim, trago más notícias... (Crédito: Reprodução/acervo internet)

Se você esperava que a Apple permitiria algo assim, trago más notícias... (Crédito: Reprodução/acervo internet)

Uma leitura fria da diretriz diz que o desenvolvedor só poderá oferecer, através de seu emulador no iPhone, games e softwares que estiverem conforme a DMCA, ou seja, o aplicativo fica proibido de distribuir ROMs, ISOs e BIOS de consoles antigos. Todos eles são protegidos por direitos autorais, e seu compartilhamento sem a autorização expressa dos detentores das propriedades intelectuais (IPs), não importa se de forma gratuita ou paga, configura pirataria de software, o que a Apple não pode permitir.

Isso não quer dizer muito, o jogador ainda pode passar seus arquivos pessoais para o iPhone, como já faz com emuladores disponíveis para aparelhos com jailbreak. Vida que segue, certo?

Errado. Uma cláusula adicional obriga o dev a implementar no emulador filtros que bloqueiam "materiais questionáveis", o que pode significar qualquer coisa, inclusive a leitura local de arquivos externos para rodar games piratas, que poderiam ser armazenados no iPhone pelo próprio usuário, através do iCloud ou da pasta Downloads, acessível pelo app Arquivos. O mesmo também deve ter mecanismos para usuários reportarem irregularidades, o que a Apple poderia ter acesso.

O que Cupertino fez, ao permitir o lançamento oficial de emuladores para o iPhone, foi fechar todas as frestas que permitam seus dispositivos rodarem games piratas com endosso da casa, ao distribuir tais softwares pela App Store. Desenvolvedores independentes estarão restritos a oferecer apenas títulos independentes sem DRM, que eles próprios controlem as IPs, ou os que os donos dos direitos autorizem a distribuição.

Emuladores para iOS conhecidos, como o Delta, distribuído por fora, terão que passar por modificações de modo a terem sua entrada na App Store aprovada pela Apple, e creio que os devs deste, e de outros em situação similar, dificilmente se darão ao trabalho.

SEGA e SNK podem aproveitar a brecha

Sobre emuladores de consoles do passado, esses só deverão dar as caras no iPhone se as próprias fabricantes assim quiserem, o que em se tratando da Nintendo e da Sony, NUNCA irá acontecer. Microsoft? Assine o Xbox Game Pass Ultimate, e jogue por streaming pelo app Cloud Gaming, agora liberado.

Por outro lado, o mesmo não se aplica a consoles de fabricantes que saíram do mercado, como a SEGA e a SNK, que hoje atuam como desenvolvedoras. Eu consigo ver um cenário com emuladores do Mega Drive e do Neo Geo AES, oferecidos oficialmente e com vendas internas de games, afinal, saudosismo dá dinheiro.

Só não espere por um emulador oficial do Super NES, ou do primeiro PlayStation, dando as caras no iPhone num futuro próximo, nem mesmo em um distante, e iniciativas de devs independentes também não poderão explorar essa brecha. Qualquer coisa diferente disso, continue com o jailbreak, ou compre um Android.

Fonte: TechCrunch

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