Carlos Cardoso 6 anos atrás
Eu sei, em muitos pontos sou bem conservador. Concordo com John Winchester, nenhuma música pós-1973 presta, e o Batman do Tim Burton foi incrível e revolucionário, mas para outras coisas tenho mente aberta, me mantenho em dia com as novidades da juventude. Exceto o Snapchat.
Tentei, juro que tentei mas a interface dessa desgraça é totalmente alienígena para mim. Nada faz sentido. Acho que pelo menos 15% das fotos de pinto que mandei pras moças na minha lista foram sem-querer. Mesmo assim essa aberração faz sucesso. Muito.
São 166 milhões de usuários ativos, incessantemente postando vídeos verticais mal-iluminados com filtros idiotas de arco-iris vomitados e orelhas de cachorro. Isso resultou em uma empresa que no dia que abriu seu capital captou US$ 30 bilhões. Em um dia.
Essa gente assiste toneladas de conteúdo gerado por outros usuários, inclusive grandes perfis de empresas e sites de notícias. Esse mercado não escapou aos olhos do grupo Time Warner. Eles querem uma fatia do bolo e irão investir US$ 100 milhões em dois anos para isso.
Serão dramas, noticiários diários, documentários, comédias, reality shows, tudo no abominável formato vertical, e adequado a um público com déficit de atenção, tudo durando entre 3 e 5 minutos.
Pode ser temerário investir tanto dinheiro em um formato atrelado a uma plataforma específica, e que envelhecerá muito mal, mas isso é uma visão bem conservadora de minha parte. A grande maioria da produção cultural humana é descartável. Telejornais, sitcoms cheias de referências, crônicas do cotidiano, talk shows, é tudo feito para ser visto uma vez e em uma janela de tempo bem pequena.
O Snapchat é baseado no Efêmero, você viu a mensagem, a foto, o vídeo, ela some de sua timeline e nunca mais aparecerá. Talvez — e isso faz bastante sentido — produzir conteúdo no formato que os usuários gostam e estão acostumados seja, afinal, uma boa idéia.
Fonte: Tech Crunch.