Carlos Cardoso 6 anos atrás
2016 não sabe mais o que atirar na gente. Carrie Fisher, avião na Rússia, Paquistão ameaçando Israel de ataque nuclear por causa de notícia fake de Israel, Luciana Vendramini renovou a Ordem de Restrição… A sensação é de que o ano não acaba mais. E quer saber? Não é só uma sensação. Mesmo ignorando tudo que aconteceu 2016 será mais longo que o normal, e a culpa é desse Universo capenga.
Há uma percepção entre religiosos e mesmo entre alguns cientistas que o Universo é perfeito e ordenado, que a beleza matemática que o rege é perfeita e precisa. Só que quando lidamos com coisas muito pequenas, como o Universo Quântico, ou coisas muito grandes, como Astrofísica, essa perfeição toda some.
Johannes Kepler passou anos de sua vida tentando adequar o Universo à perfeição divina que ele deveria seguir. As órbitas do planetas deveriam ser círculos perfeitos proporcionais a sólidos geométricos, mas as contas simplesmente não fechavam. Kepler, desistindo, resolveu experimentar a fórmula de uma elipse, um círculo torto e descobriu que encaixavam perfeitamente. Não só os planetas não giram entorno do Sol em um círculo, como o fazem em velocidades diferentes dependendo de sua posição.
Essa imprecisão é só uma de muitas. Outra delas é a… duração do dia. Ok todo mundo sabe que um dia é o tempo que a Terra leva para girar em torno de seu eixo, mas também sabemos que um dia é o espaço de tempo que o Sol leva para ocupar o mesmo ponto no céu.
Hoje o Sol leva quase exatamente 24 h para realizar seu movimento aparente, mas nem sempre foi assim. 620 milhões de anos atrás ele levava 21,9 horas: os dias eram bem mais curtos, mas não que você fosse aproveitar muito o Ediacarano Park, conchas e insetos moles não são grandes predadores.
Os dias hoje são mais longos principalmente por causa da Lua. O atrito causado por sua gravidade aos poucos diminui a rotação da Terra. Outros fenômenos afetam a rotação do planeta, como atividade no núcleo e terremotos de grandes proporções. Teeeeeeeeeecnicamente até naves espaciais usando a Terra em manobras de estilingue para ganhar velocidade deixam o dia mais longo, mas por um pentelhonésimo de micronada, claro.
Ou seja: o Dia em si não tem uma duração fixa. Agora vamos complicar: se em vez do Sol nós medirmos a rotação da Terra usando as estrelas como base descobrimos não 24 h mas um período de 23 horas 56 minutos e 4,1 segundos. Ou seja: um ano estelar são 366,2422 dias, ao contrário do ano solar que são 365,2422 dias.
Imagine você ter que sincronizar relógios e computadores pelo mundo. Não basta escolher uma medida, ela precisa estar alinhada com as usadas no dia-a-dia senão em algum momento o relógio do seu celular vai dizer que é Meio-Dia, e estará completamente escuro.
Para isso criou-se o Tempo Universal Coordenado, UTC. É uma espécie de Hora Universal, igual GMT mas controlado por cientistas e com definições mais precisas do que “é a hora de Greenwich”.
A hora oficial UTC é reajustada cada vez que chega a 0,9 segundos de diferença da variação UT1 do Tempo Universal, uma medida de tempo que usa de GPS a quasares para medir com precisão a duração do dia.
Quando isso acontece o UTC ganha ou perde um segundo. A última alteração foi em 2015. Agora teremos outra. Para manter nossos sistemas eletrônicos funcionando teremos que aguentar MAIS 2016. Portanto, quando chegar 23:59:59 do dia 31 de dezembro, atrase seu relógio para 23:59:58 e se prepare: 2016 tem um segundo a mais pra jogar coisas na nossa cabeça!
Fonte: USNO.