Carlos Cardoso 7 anos atrás
Dizem que o Sistema Solar é formado por Júpiter e uns destroços. É verdade. Ele tem um raio equivalente a 10% do do Sol, tem tanta massa que o baricentro, o ponto em volta do qual dois corpos giram pela ação da gravidade no caso da dupla Sol-Júpiter fica acima da superfície do Sol. No caso Sol-Terra o baricentro é quase indistinguível do centro do Sol.
Júpiter é responsável entre outras coisas pela vida na Terra. Desde sua forçação ele tem protegido nós, insignificantes Unidades de Carbono infestando alguns calhaus de rocha no sistema solar interior. O imenso campo gravitacional jupteriano atraiu e consumiu a imensa maioria dos asteróides em órbitas muito elípticas, que fatalmente colidiriam com a gente. Ainda existem muitos asteróides desconhecidos mas a frequência com que aparecem é bem baixa, graças a Júpiter.
O Grande Aspirador hoje trabalha pouco, mas de vez em quando ainda é necessário. Em 1993 descobriu-se um cometa em uma posição inédita: o Shoemaker-Levy 9 estava orbitando Júpiter. Só que isso não ia durar. Com dúzias de luas Júpiter é um sistema gravitacional complexo demais pra ser estável, e o cometa acabou se aproximando demais do planeta, se fragmentou e atingiu Júpiter.
O cometa inteiro tinha mais de 5 km, ele se quebrou em vários pedaços, o maior com 2 km de comprimento. Em 1994 ele atingiu Júpiter com energia equivalente a nove bilhões de megatons. Aqui um dos impactos (o ponto brilhante à direita é Io).
Júpiter, como você deve saber, ainda está lá. As marcas na atmosfera duraram alguns meses. Provavelmente algumas daquelas criaturas que mostraram em Cosmos foram mortas, mas o diamante do tamanho da Terra no centro do planeta sequer tomou conhecimento.
Na época foi um evento mundial no campo da astronomia, todos os telescópios do mundo (ok, tecnicamente metade de cada vez) estavam apontados para Júpiter, mas isso porque astronomia é uma ciência exata, dava pra saber exatamente quando seria o impacto. Em outros casos depende-se de sorte para estar olhando pro lugar certo na hora certa.
Vários astrônomos amadores estavam olhando para a direção certa, Júpiter, no momento certo, 17 de março, e conseguiram filmar um lindo impacto de asteróide, acompanhe:
Aqui outra versão:
Esse impacto está longe de ser único: de vez em quando cai alguma coisa em Júpiter. Esse impacto múltiplo em 2012 foi especialmente bonito.
Bonito e assustador, se você compreende a escala de energia e tamanho. Vejamos Júpiter e Terra:
As colisões em Júpiter acontecem com velocidades 5× maiores que as da Terra, o que significa 25× mais energia. Aquele meteoro de 500 quilotons que atingiu a Rússia, em Júpiter se tornaria uma explosão de 12,5 megatons. Usando o Nukemap vejamos o efeito de uma explosão dessas em Niterói.
Claro, esses asteróides pequenos sequer são vistos atingindo Júpiter. Para gerar um impacto visível como o do dia 17 a pedra tem que ser muito, muito maior. Bem, antes lá do que aquí.