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X-Men: Dias de um Futuro Esquecido será lembrado por muito tempo

Chegamos ao dia de hoje, 22 de maio de 2014, no que talvez seja o melhor filme baseado em quadrinhos já feito NA HISTÓRIA DO CINEMA. Confira nossa resenha estelar do recém lançado “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”.

10 anos atrás

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O “X” da questão em Dias de um Futuro Esquecido é a “escolha”.

Cinema de quadrinhos no longínquo ano 2000 era para os fortes, foi então que X-Men: O Filme ressuscitou o gênero e nos devolveu a empolgação. Hoje os efeitos especiais ficaram datados, denunciando o baixo orçamento, mas sem dúvida foi um excelente início. Três anos depois, X-Men 2 nos trazia uma excelente história e foi sucesso de público e críticas.

Então X-Men 3: O Confronto Final quase colocou tudo a perder, sem Bryan Singer (talvez isso explique muita coisa) que resolveu dirigir o chatinho Superman Returns, por causa de uma FOX ansiosa por encher os bolsos: ela produziu um filme feito às pressas, com um resultado lastimável. Não me peçam para falar sobre os dois filmes solo do Wolverine. A esperança voltou em 2011 com X-Men: Primeira Classe. A grata surpresa veio com o objetivo de mostrar a primeira equipe formada por Charles Xavier (James McAvoy) e sua parceria com Erik Lehnsherr (Michael Fassbender), o Magneto, na década de 1960.

Então chegamos ao dia de hoje no que talvez seja o melhor filme baseado em quadrinhos já feito NA HISTÓRIA DO CINEMA. Desde que a Marvel Studios conseguiu colocar seus personagens no mesmo Universo (bom, quase todos) tentando respeitar as cronologias individuais de todos os filmes, passou a ser difícil relevar alguns detalhes e ignorar eventos anteriores, apesar de sermos obrigados a fazer isso quando acompanhamos HQs por muito tempo (sim, eu sei).

Com uma ideia arriscada e uma missão difícil, a FOX tentou unir o elenco da trilogia inicial “clássica” dos X-Men com o de Primeira Classe em um único filme, trazendo uma das histórias mais importantes dos quadrinhos para o cinema: Dias de um Futuro Esquecido. Embora haja muito esforço nesse filme para tentar unir todos os anteriores, é cansativo e frustante tentar conectar todos os pontos, pois ainda há incongruências, mas pode-se dizer que o trabalho foi bem feito.

Aviso: o texto a seguir contém leves spoilers e são apenas da famosa HQ e dos filmes anteriores.

Em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, o filme já começa com o futuro distópico, com a narração de Patrick Stewart sobre as ameaçadoras e invencíveis Sentinelas, que além de caçarem os mutantes, também aniquilam os humanos capazes de gerar a espécie avançada. A fim de se evitar essa guerra perdida, os poucos sobreviventes tem a esperança de voltar no tempo e impedir que um personagem faça algo que desencadeou o ódio contra os mutantes. Para isso, Logan (Hugh Jackman) é o escolhido, afinal ele é o queridão dos nerds, e sua consciência volta a 1973, com a ajuda de Katty Pride (Ellen Page). Mesmo assim, acreditem, o Wolverine não é o protagonista dessa vez.

E qualquer semelhança com O Exterminador do Futuro não é mera coincidência.

O Programa Sentinela foi criado na década de 70, e são o produto do medo de uma espécie inferior por outra mais forte. Assim como o Homo neanderthalensis foi eliminado pelo Homo sapiens, agora a espécie inferior, nós, temos a capacidade de tentar lutar contra o Homo superior através da criação dos Sentinelas pelo cientista militar Bolivar Trask, interpretado de forma comedida pelo nosso querido Peter Dinklage, o Tyrion de Game of Thrones.

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Sim, é ele mesmo.

Quando não há mais a dificuldade da realização de efeitos especiais, vemos como a criatividade pode ser explorada. Tudo aquilo que sempre vimos nas HQs agora, finalmente, são demonstrados de forma fantástica e natural. Um bom exemplo disso é do Magneto, que no primeiro filme chegou de barquinho à ilha da Estátua da Liberdade, no segundo usou bolas de metal para escapar da prisão e no terceiro arrancou uma ponte. Nesse filme, nós o vemos utilizar seu poder de forma muito mais grandiosa e ousada (o Nerdologia estava certo, afinal).

É difícil determinar qual o personagem principal do filme. O foco muda conforme a necessidade da história, o que não afeta o desenvolvimento dos personagens, mas podemos destacar Wolverine, Xavier, Magneto, Mística e o Fera. Conseguimos ver como o tempo desenvolve essas pessoas e é possível traçar o arco do Professor Xavier e do Magneto, finalmente juntando a Trilogia Clássica com a Primeira Classe.

No entanto, os personagens do futuro, ou da série clássica de X-Men, são pouco explorados e o foco é quase inteiramente no passado, com Wolverine e a Primeira Classe.

A Mística tem papel fundamental e Jennifer Lawrence, com suas incríveis habilidades de luta de cair o queixo, conseguiu dar uma profundidade estonteante. O conflito da personagem é muito bem desenvolvido e você pode compartilhar com ela a dúvida angustiante da escolha entre os ideais do Professor Xavier e os de Magneto.

O Fera, que possivelmente é um fã de Star Trek, tem apenas uma relevância um pouco maior nesse filme.

Há muitos mutantes e alguns tem participações superficiais (o que é compreensível), como o Homem de Gelo, Apache, Mancha Solar, Colossus e o Bishop. Porém, destaque para o Mercúrio, que tem uma participação curta, mas que rouba a cena pela sua personalidade e exploração dos poderes, com efeitos visuais muito bem trabalhados. E Blink, que proporcionou cenas de ação excelentes e inteligentes, que lembraram o jogo Portal 2. O mais cativante foi ver a interação dos poderes entre os mutantes e a dinâmica das lutas de uma verdadeira equipe de X-Men.

A relação do jovem Professor Xavier e de Wolverine é bastante interessante, ao ver que um está tentando fazer pelo outro a mesma coisa que Xavier fez por Logan no passado… ou no futuro, depende do ponto de vista.

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A obra original foi bastante modificada, mas respeitada em sua essência.

O filme é muito bem dirigido e tem o tom sombrio e urgente. Às vezes esse clima é quebrado por piadas um pouco infantis, e algumas podem incomodar um pouco. Porém, isso é esquecido quando há o aumento da frequência de intercalação entre passado e futuro, elevando o ritmo do filme, demonstrando a dinâmica entre os dois tempos e envolvendo ainda mais o espectador para o climax.

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido não é apenas um filme de ação de super heróis de HQs, é um filme sobre escolhas. São elas que determinam todo futuro quando não se sabe mais como lutar. E gosto dessa sensação de não saber como as coisas serão resolvidas, de não ter mais opções e ser surpreendida com uma solução simples, sem precisar de um desfecho megalomaníaco, favorecendo um tom épico nada forçado.

Há quem não goste de histórias que mexam com viagens no tempo por causa dos paradoxos temporais. Mudar o futuro dá aquela sensação que tudo foi jogado fora, que todos os anos acompanhando à franquia foram em vão, pois há um recomeço. Só que, considerando a bagunça cronológica, os filmes ruins realizados (oi X-Men Origins: Wolverine) e todos os furos, essa opção é bastante válida, não? Pelo menos muito mais criativa e engenhosa do que dar apenas um reboot na franquia. Singer conseguiu, na medida certa, escolher quais elementos permaneceriam intactos e o que realmente pode ser esquecido no futuro. Agora, vislumbramos enormes possibilidades à frente com a saga X-Men.

As últimas cenas são de uma leveza incrível e uma nostalgia inesperada, só me pergunto se isso não prejudica o que foi recomeçado pouco antes.

Considerações finais

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido era o filme que eu mais esperava para 2014. Eu tinha medo que a expectativa estragasse o filme, mas foi agradavelmente surpreendente. O filme não é perfeito, mas no geral é bastante divertido, principalmente pela história contada e pela tentativa em apagar os erros do passado. E com certeza irei assistir novamente nos cinemas, pois a experiência de assistir um filme feito com tanto carinho é maravilhosa.

Ah, eu já estava desistindo que houvesse uma cena pós-crédito, pois ela só aconteceu após todos os créditos terminarem. Porém, apesar de não ter relação nenhuma com o filme atual, a FOX conseguiu fazer essa pequena cena valer a espera por mostrar algo bastante empolgante para um próximo filme e foi uma surpresa incrivel para mim.

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