Ronaldo Gogoni 9 anos atrás
Quando a Nintendo lançou Tomodachi Collection: New Life no Japão no ano passado (que no ocidente chegará em junho com o nome de Tomodachi Life) um bug chamou a atenção para uma limitação que muita gente considerou chata: como o game permite que avatares se casem e constituam famílias (o que confere certas vantagens no game), ele não permite uniões entre avatares do mesmo sexo. O erro em questão permitia que dois homens se casassem mas não duas mulheres, e não demorou muito tempo a Nintendo corrigiu o bug se referindo a ele como "relações humanas estranhas".
Agora que o game está chegando por aqui, uma grande campanha na internet se iniciou para que a Nintendo abrace e reconheça a diversidade: chamada de #MiiQuality, ela visa fazer com que a empresa japonesa inclua a união homoafetiva como uma opção no game e teve adesão de muita gente.
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Só que é da Nintendo que estamos falando, uma companhia japonesa e tradicional até a medula. A visão geral dos nipônicos sobre homossexualidade ainda é muito arcaica e outra, a casa do Mario se vê como uma produtora de conteúdo especialmente para crianças. Por isso não é de se admirar que o buzz gerado pela campanha não tenha surtido efeito: um porta-voz da Nintendo declarou à AP o seguinte:
As opções de relacionamentos no game representam um mundo alternativo de brincadeira e não uma simulação da vida real. Esperamos que nossos fãs entendam que Tomodachi Life foi pensado para ser um jogo apenas divertido, e que não estamos tentando inserir quaisquer discussões sociais.
A única coisa que a Nintendo não percebe é que se omitir do assunto também é uma forma de fomentar a discussão, e é evidente que a empresa, sempre preocupada em proteger a inocência das crianças não veja uniões entre dois homens ou duas mulheres como famílias propriamente ditas. Isso ou o "relações humanas estranhas" não teria sido sequer mencionado quando o bug foi removido no Japão. O pior é que quando o erro foi descoberto o game sofreu um boom de vendas, se tornando um dos mais bem sucedidos da história recente do 3DS, com 1,85 milhões de cópias vendidas.
A minha opinião é que a Nintendo perde duplamente com essa atitude: em não introduzir uma forma saudável de discutir a diversidade e em vendas, pois é fato que Tomodachi Life venderia muito mais.
Fonte: CNet.