Emanuel Laguna 11 anos atrás
Quando o tio Laguna escreveu sobre a UHE Belo Monte, ele foi até otimista ao considerar que um aerogerador conseguiria chegar a uma potência nominal de 10 MW: a turbina eólica E-126 da Enercon, a maior do mundo, consegue chegar apenas aos 7,5 MW. Isso usando uma torre de 135 metros de altura e pás com uns 70 metros, o que confere ao aerogerador belos 200 metros de altura.
Substituir um reator nuclear ou uma turbina hidráulica por um parque eólico com centenas de aerogeradores talvez não seja economicamente viável com a tecnologia atual, mas projetos de geração distribuída, com menor porte, usando a energia eólica, têm sido bastante populares entre grandes consumidores residenciais que queiram poupar uns trocados na conta de energia. E dispostos a ceder boa parte de um terreno espaçoso para tal.
A maioria das pessoas infelizmente não contam com grandes espaços em seus domicílios mas, graças à nanotecnologia, poderão ter um parque eólico inteiro em miniatura para alimentar cargas pequenas como um smartphone ou tablet.
Os pesquisadores Smitha Rao e J. C. Chiao, da Universidade Texas Arlington, desenvolveram um microgerador eólico funcional. Ele pode se tornar uma solução inovadora para recarregar a bateria de dispositivos móveis cuja bateria normalmente não dure um dia inteiro (ou noite).
O protótipo do micro-aerogerador desenvolvido por Smitha e Chiao mede apenas 1,8 mm em seu maior lado (torre + pá). Sua espessura faz com que dez desses microgeradores eólicos possam ser enfileirados funcionando em cima de um grão de arroz. Uma pena que não possamos fazer diretamente uma regra de três com o Enercon E-126, com altura 100.000 vezes maior, pois supondo que as tecnologias de geração elétrica fossem exatamente as mesmas teríamos uma bem generosa geração de 75 watts-hora na microturbina.
Voltando ao assunto, a ideia proposta na pesquisa é usar centenas desses micro-aerogeradores na capa de um smartphone ou tablet e, assim, recarregar sua bateria em ambientes bem ventilados. Uma capa do tamanho do iPhone 5S poderia conter mais de 2.000 microturbinas e o tempo necessário para a recarga eólica com os microgeradores seria equivalente ao dos bons recarregadores USB.
Com relação à durabilidade, afinal os aerogeradores convencionais precisam de bastante manutenção, os pesquisadores da Texas Arlington acreditam que a liga flexível de níquel seria resistente o bastante para suportar ventos um pouco mais fortes. Óbvio que não tão fortes ao ponto de levar telhados junto. 😉
A fabricação em massa dos microgeradores ficaria à cargo da taiwanesa WinMEMS, também parceira numa futura comercialização: como o design da microturbina mistura conceitos de origami à fabricação convencional de chips baseados em semicondutores, então complexas micro-estruturas tridimensionais podem ser montadas à partir de finas peças de metal utilizando técnicas de galvanoplastia planar em múltiplas camadas.
Traduzindo: é uma forma mais rústica (e barata) de impressão 3D, pois o custo de fabricação de apenas um microgerador eólico seria o mesmo que fazendo centenas ou milhares à partir de um mesmo wafer metálico.
Abaixo um vídeo com a microturbina girando:
Minúsculas turbinas eólicas podem não substituir Belo Monte, mas esse inusitado conceito poderia sim ser bastante interessante como uma alternativa à baterias sobressalentes, em caso de apagão no bairro.
Fonte: UTA via TV.
Crédito da figura inicial: IREC.