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“Anota Meu Cel”

Uma das formas mais rápidas de identificar se alguém tem mais de 30 anos é acompanhar a reação da pessoa quando alguém posta sem-querer o número de telefone no aberto. As gerações mais antigas ficam apavoradas, as mais novas, nem tanto. Ambas têm razão.

10 anos atrás

samara

Uma de minhas brincadeiras preferidas é soltar no Twitter a busca pela string “anota meu cel, e ver o pessoal comentando, desesperado sobre as salsinhas que soltam telefone assim, no aberto.

Entre gente com muitos seguidores liberar o telefone dos outros é o tipo de sacanagem que em geral termina com milhares de SMSs, mensagens de voz, etc.

É uma arma tão eficiente, quando bem usada, que até Justin Bieber mereceu respeito quando detonou um troll dessa forma.

Mesmo assim, é coisa de velho se importar com isso.

Na Idade das Trevas telefone era um bem durável, na mesma categoria de imóveis e automóveis. Era declarado em imposto de renda e custava caro. Em alguns lugares do Rio uma linha telefônica no mercado negro (o único que existia) chegava a custar US$ 12 mil. SEM garantia de instalação. E não mudava de nome, era comum um contrato de gaveta, com você pagando a conta de um telefone em nome de terceiros.

O número de casa era precioso, você só distribuía para gente de confiança. Com o advento do celular, isso continuou, afinal era igualmente caro, dependia de planos de expansão, e não existia isso de mudar de número. Talvez fosse até pior, pois o celular é muito mais pessoal.

Hoje não somos mais números. Somos nomes, usernames, nicknames, arrobas e perfis do Facebook. Uma rápida busca no Google acha qualquer um que não seja um total misantropo ludita. O telefone deixou de ser nosso único ponto de contato com o mundo, e mais importante, deixou de ser o único ponto de contato do mundo com a gente.

Ninguém (com menos de 30 anos) pede mais nosso telefone. Pede o contato. O número do telefone vai vir do Facebook, do Hotmail, ou mesmo de sua agenda manual, mas mesmo que o sujeito mude de número, você perde UMA forma de contato, não as outras 18.

Por isso, para a geração mais nova soltar o número do celular no aberto não é um horror, não é o fim do mundo, não chega nem a ser um incômodo.

TODOS os nossos contatos são, por sua natureza, públicos. O telefone ser oculto é praticamente um anacronismo. Na pior das hipóteses você bloqueia o celular para chamadas anônimas, e, se for o caso, pede pra mudar de número, ou compra um outro chip pré por 10 merrecas e pronto. Ainda dá pra aproveitar o número velho no tablet.

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