Carlos Cardoso 9 anos atrás
Existem algumas idéias que dão raiva. São coisas tão simples, tão óbvias depois que alguém pensa que nos sentimos burros por não termos pensado naquilo. Quando a idéia dá dinheiro, é pior ainda. Um caso clássico foi aquela coisa da Página de Um Milhão de Pixels, uma coisa absolutamente inútil e sem-sentido (tipo Twilight) que rendeu 1 milhão de dólares ao criador.
Surgiram milhares de imitadores, inclusive no Brasil, mas claro que não deram uma fração do dinheiro do original. Agora outro desses casos aconteceu, e duvido você não compartilhar do meu sentimento de revolta por não ter pensado nisso.
O caso envolve Bitcoin, aquela moeda hipster usada por libertários, lastreada na imaginação e em sorrisos de bebês-unicórnios. O Bitcoin está vivendo uma bolha, então é hora de faturar em cima, mas como ganhar bitcoins sem gastar dinheiro? Um sujeito teve uma idéia, aproveitando o desejo da comunidade em legitimar o Bitcoin.
O quê o sujeito fez? Veja a foto.
Isso foi durante um jogo de futebol universitário nos EUA, transmitido pela ESPN. Um usuário do Reddit viu o cara-de-pau pedindo “Ei você aí, me dá um dinheiro aí”, melhorou o QR Code (JESUS, um QR Code serviu pra algo, essa sim é a notícia) e postou numa thread. Só de farra o pessoal começou a jogar moedinhas douradas na carteira virtual do sujeito.
Como no modelo do Bitcoin você consegue ver quanto dinheiro cada carteira tem, ficou fácil acompanhar, e em menos de uma hora, nessa brincadeira, o CANALHA juntou mais de US$ 24 MIL em doações. Sim, dólares.
Isso torna o Bitcoin uma moeda real? Nem de longe, mas mostra um outro campo onde aí sim ele pode se tornar algo viável: o reino das microtransações. Imagine uma caixa de gorjetas em um blog que você resolva com um clique, e transfira uma subfração de merreca, sem imensas taxas bancárias envolvidas.
Por enquanto, claro, nada disso vai acontecer. O que veremos é uma enxurrada de mendigos virtuais tentando replicar o feito do esperto pioneiro. Não vai rolar. Só nos resta bater palmas pela esperteza (no melhor dos sentidos) e correr atrás da próxima grande idéia.