Carlos Cardoso 9 anos atrás
Todo mundo está de olho na Planetary Resources e seu plano para mineração de asteróides, mas nem por isso o resto do mundo está parado. Lançada em 2003 a sonda japonesa Hayabusa interceptou um asteroide, recolheu amostras e voltou pra Terra, em 2010. Foi uma missão extremamente bem-sucedida, que inspirou a Hayabusa 2 – A Missão.
A nova sonda, com nada desprezíveis 600 kg, é um esforço internacional, com boa parte construída pelo Japão, e um módulo de pouso feito pelos alemães com colaboração dos franceses, aproveitando a tradição colaborativa desses últimos.
A novidade é que pretendem não só interceptar um asteróide e colher amostras, como vão fazer algo inédito: recolher material abaixo da superfície. Normalmente isso é feito com brocas, mas ancorar a sonda seria muito complicado, então usarão uma tecnologia originalmente criada para mandar tanques inimigos pro inferno: as cargas explosivas moldadas.
Ao contrário de uma bomba comum, que explode para todos os lados, essas cargas são montadas em volta de um cone de cobre ou tungstênio. A força da explosão toda se concentra no cone, vaporizando e cuspindo uma nuvem concentrada de metal gasoso a alguns quilômetros por segundo. O resultado é isto:
Note que a parede de aço acima é bem mais grossa que o casco de um tanque. E a nuvem de metal em expansão tem o bem-vindo (não pra todos os envolvidos) efeito colateral de polpificar os soldados dentro do tanque.
COM SORTE não haverá ninguém dentro do asteróide que o canhão projetado para a Hayabusa 2 atingirá. Se houver, azar, pois estamos falando de 2,5 kg de cobre vaporizado, a 7.200 km/h, resultado da detonação de 4,5 kg de explosivo plástico.
Esperam que com isso uma parte significativa da superfície do asteróide seja removida, e possa recolher as amostras inéditas. Aqui um vídeo do processo:
Note que a sonda deixa vários radiofaróis na superfície do asteroide, em uma quase romântica continuação da tradição náutica de construir faróis em recifes perigosos.
Agora a parte triste: a grana está curta, a NEC começou a projetar os sistemas principais da nave em 2012. Há 3 janelas de lançamento em 2014, e muito provavelmente não dará tempo. Terão que trocar o alvo, SE acharem um asteroide de tamanho apropriado na posição correta. Há milhões deles mas o espaço é grande demais.
Bem, ninguém disse que exploração espacial era fácil, senão o lema não seria Ad Astra Per Aspera e sim Ad Astra per Senta Na Gelatina.