Carlos Cardoso 10 anos atrás
Um dos efeitos indesejados mais interessantes da crescente complexidade de nossa tecnologia é que os bugs se tornam mais… curiosos. A interação não-intencional entre os vários componentes dos sistemas gera resultados muitas vezes aleatórios e quase sempre inesperados, mas esse de hoje foi especialmente cabeludo.
Antigamente copiadoras eram máquinas essencialmente analógicas. Isso as tornava mais simples, mas mais limitadas. Hoje elas são digitais, essencialmente scanners atrelados a impressoras. Com isso podem limpar originais ruins, fazer OCR e muitos outros truques. Também podem alterar originais sem que ninguém perceba.
Ninguém exceto David Kriesel, que escreveu um artigo excelente detalhando o problema. Basicamente o algoritmo de compressão JBIG2 usado nas copiadoras e scanners da Xerox trabalha criando um dicionário de blocos de imagem, e como não consegue diferenciar blocos muito semelhantes, repete partes da imagem onde não deveriam ser repetidas.
Isso é especialmente ruim em plantas, onde números pequenos são alterados. Veja a imagem de exemplo criada e testada por ele:
A primeira linha é a imagem original. As outras são as mesmas áreas, como reconhecidas e copiadas pelos diversos equipamentos. Agora imagine que você está construindo um reator nuclear e conferindo um manual de pressurização de sistemas de resfriamento. E os valores estão todos trocados.
Ainda não há um posicionamento da Xerox, mas imagino que isso vá dar um belo trabalho pra eles. No mínimo atualizar o firmware de todas as máquinas afetadas. Bem, quem mandou complicar algo que funcionava tão bem no analógico?