Carlos Cardoso 11 anos atrás
Em 1980, 33 anos atrás (cof, cof. Um mergulhinho!) a Globo passou, nas manhãs de sábado um programa diferente de tudo que já havia sido visto. Era Cosmos, de Carl Sagan. Uma série de divulgação científica que despertou a chama da curiosidade em toda uma geração.
Ao invés de cientistas em laboratórios assépticos, Carl nos levou pelo mundo, mostrando a Seleção Natural em ação nos caranguejos japoneses, mostrando como um gênio grego mediu a circunferência da Terra 250 anos AC, com precisão de km, e mostrando como para fazer uma torta de maçã, você tem que primeiro criar um Universo.
O senso de deslumbramento de Sagan era contagioso, e até hoje Cosmos se mantém como “a” série de ciências, mas os tempos são outros, o ritmo é outro, e as descobertas são muitas. Carl nos mostrou Marte pelos olhos da Viking, com poucas e granulosas imagens. Hoje temos equipamentos como a HIRISE e a Curiosity. Ele com certeza daria um dedo para assistir ao pouso da sonda. Um vídeo, FullHD, filmado em outro planeta.
Aí entra um Dream Team. Seth MacFarlane, o nerd mais rico do mundo da TV, Ann Druyan, viúva do Diretor Carl e co-produtora do Cosmos original, Brannon Braga, produtor de Star Trek e, comandando a Nave da Imaginação, o astrofísico Neil DeGrasse Tyson.
Considerado o Sucessor Espiritual de Carl Sagan, Tyson chegou a ser convidado para estudar em Cornell, mas preferiu Harvard. Ele é diretor do Planetário Hayden, em Nova York, e figura carimbada em qualquer programa que precise de uma explicação entusiasmada sobre ciência.
Uma das anedotas preferidas de Neil DeGrasse Tyson é sobre um jantar onde conheceu James Cameron, e como bom chato, não poderia deixar de aproveitar a chance e reclamar de uma imprecisão científica: na cena em que o Titanic está afundando (spoiler alert) e ao fundo vê-se o céu estrelado, as estrelas estão refletidas, usaram um fundo aleatório e duplicaram.
Tyson explicou o caso, ao que James Cameron respondeu: “Pois é. Titanic rendeu US$1 bilhão. Imagino quando faturaríamos se tivéssemos usado o céu correto”.
Tempos depois ele recebe uma ligação no escritório. Um dos artistas de efeitos visuais explica que estão preparando a edição especial em Blu-ray de Titanic, e o James Cameron mandou procurarem o Neil Tyson para ele fornecer o céu correto e consertarem a cena.
Esse cara apresentará Cosmos: A Space-Time Odissey, que irá ao ar na Fox e no National Geographic, no segundo semestre de 2014.
A série será atualizada, claro, 30 anos de descobertas científicas fornecerão materiais e imagens magníficas, mas o importante, o entusiasmo, a paixão continuam as mesmas.
Aqui, o primeiro trailer. Não há palavras, pois elas não são necessárias. Coloque em MegaFuckingPowerHD, deixe buferizar, dê play e maravilhe-se.
Ah sim, para conhecer mais de Neil DeGrasseTyson, recomendo MUITO seu podcast, StarTalk, onde ele conversa com cientistas, comediantes, atores, astronautas, cobrindo temas que vão de zumbis, com Max Brooks, a um bate-papo com Alan Rickman.
Não é à toa que ele apareceu em uma história do Super-Homem, onde Kal fazia uma visita anual ao planetário, para observar Krypton, no aniversário da explosão de seu mundo natal, e naquele dia em especial a luz da explosão finalmente chegaria à Terra. Foi uma história menor, mas significativa.
Ele foi inclusive consultado, e sugeriu LHS 2520, uma anã-vermelha a 27 anos-luz da Terra, como Rao, o sol de Krypton. A história foi publicada em Superman #14.