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KDE 4 por um usuário KDE

16 anos atrás

Bem, o KDE 4 foi lançado.. etc.. etc... até quem não conhece o KDE já sabe do que estou falando, mas é importante ter noção de alguns conceitos antes de julgar qualquer coisa. Sendo assim, vou dar uma breve explicação do que estou falando, pois muitos que irão ler esse artigo estão usando o navegador do “e” azul, então para esses temos que explicar tudo direitinho...

Afinal, que droga é essa de KDE?

O Ambiente de Trabalho K é desenvolvido e mantido pelo Time KDE que formou a KDE e.V., uma organização sem fins lucrativos, legalmente fundada em Tuebingen, Alemanha. katiecleanzu9

O KDE é um ambiente gráfico (isso inclui um gerenciador de janelas) e uma plataforma de desenvolvimento livre e de código aberto, criado em 14 de Outubro de 1996, e sua primeira versão foi só em 12 de Julho de 1998, e hoje está na versão 4. 

É muito importante ressaltar que o KDE não é só um gerenciador de janelas (esse é o kwin), como dizem Internet afora, a maior característica desse ambiente de trabalho é o conjunto programas e aplicativos de sistema.

O KDE não é um ambiente gráfico exclusivo do Linux, ele foi inicialmente focado no Unix, e pode ser usado no BSD, Mac OS X e até mesmo no Windows.

O KDE mantém vários projetos, e alguns muito estranhos como o KDE Women...

OK, não estou nem aí para isso, vamos ao que interessa.

Bem, o KDE é um inovador nato e, ao mesmo tempo, o Mr. Copy: sua interface é baseada em diversos padrões, a disposição de ícones e formas desde sua concepção foi baseado nos principais sistemas do mercado, com um “toque KDE”, para assim melhor se adaptar aos diferentes paradigmas que envolvem cada sistema.

Mas a grande jogada do KDE é seu código. Há algum tempo, aqui mesmo no Meio Bit foi postado um artigo chamado “Quanta memória o KDE consome”, que tratava exatamente disso e ressaltava que o ambiente necessitava apenas de 55mb de RAM para operar e, se levarmos em conta a estrutura gráfica do X Server e outros sub-sistemas, com apenas 85MB de RAM poderíamos rodar o KDE 3.5 sobre Linux.snapshot7lz2

É óbvio que não devemos tirar nosso pentes de memória e achar que vamos viver felizes com 128MB de RAM, Linux + KDE... no mesmo artigo, vemos que KDE + Konqueror usam cerca de 95MB de RAM; KDE + Firefox 108MB; KDE + Kword 100.0MB; KDE + OOWriter 166.7MB.... opa, opa, 166,7 megabytes de RAM?.... Nossa, um único programa chega a consumir quase a mesma quantidade de memória que todo o sistema operacional e seu ambiente gráfico!

Pois é, é isso que chamamos de “otimização de código” (apesar de muita gente ter se esquecido do que é isso) e por mais que o tio Bill diga que o Vista aproveita a memória livre, etc etc, 1GB de RAM é muita coisa, o Linux também usa toda (toda mesmo) a RAM livre para buffer e cache, mesmo assim não aumenta os requisitos de memória para os aplicativos.

E é aí que moram as grandes inovações do KDE, ele evoluiu muito porém continua sendo um Desktop leve e também muito bonito.

A grande promessa do KDE4 foi ser mais leve que o KDE3 por causa do uso de SVG e outras características da QT4. Chegaram até dizer que o KDE4 estava consumindo 40% menos memória que o KDE3, porém nem tudo é tão mágico assim, o mesmo autor refez o teste com uma técnica “mais confiável” e disse que o KDE4 chegava a consumir 110 MB a mais que o 3!

 

Raios e trovões, o que diabos está acontecendo?snapshot6vo3 

Simples: sim, é possível que o KDE4 seja mais leve o que KDE3. Só que não é dessa vez. Os desenvolvedores prometem que nas próximas versões (4,1 – 4,2) resolverão esses problemas de consumo de memória, mas algo que já é realidade sobre a versão 4 é o ótimo desempenho: abrir e fechar janelas, abrir muitos programas, lotar o desktop de plasmoids, etc... tudo isso é feito muito rapidamente. O delay é quase imperceptível, mesmo consumindo ligeiramente mais memória que o KDE3, o desempenho está muito favorável.

Uma outra característica do KDE, ainda referente ao “código”, é a unificação de recursos: basicamente tudo do sistema se concentra no kdelibs e no kdebase. Assim o KDE garante escalabilidade de aplicativos e elevação da capacidade de exercer multi-tarefas; basicamente um “k” aplicativo é muito pequeno (questão de poucos kB), todo o resto está no kdebase e no kdelibs. Você poderá abrir muitos aplicativos “K” sem surrar seu pc. 

Repare na imagem: estão aberto o Konqueror, Firefox, Kwrite, Kword, Marble, KStars, SystemSettings, OpenOffice.org Writer, Kcalc, Dolphin,Konsole, Ark, Yast, e consumindo apenas 347MB de RAM, mesmo com os plasmoids no desktop, o que é muito bom para um desktop atual. E nas próximas versões esse número promete ficar bem menor.

E os outros recursos?

Bem, eu poderia fazer uma análise falando, “olha que bonito essas cores, etc.. etc...”, mas, como usuário KDE, acho mais importante falar dos recursos do sistema (desculpem-me usuários do Vista e do Mac, porém eu realmente não gosto de textos com “olha que bonito” em cada parágrafo, ainda que, é claro, como diria Vinícius de Moraes, beleza seja fundamental).

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Então como a onda é aliar recursos e beleza, o KDE está abusando do plasma. A telinha de notificação de dispositivos, por exemplo, agora abre discretamente sobre o relógio usando um plasmoid e exibindo as opções. Muito melhor que aquele pop-up like que aparecia no meio da tela e às vezes atrapalhava muito.

Muitos recursos usando o plasma devem surgir nas próximas versões, tanto para aplicações online quanto offline... isso lembra algumas coisas que a Adobe e a Microsoft está desenvolvendo? É... um pouco só, apesar dos plasmoids poderem ser programados usando PHP, ainda não rodam dentro de um navegador e bem... o objetivo não é esse, porém ele é feito usando SVG que também roda em navegadores, ou seja, eu não me surpreenderia se o plasma evoluísse a esse ponto.

Mais pe.. pe.. pera aí! Plasmoids feitos em PHP?....

É simples: um plasmoid pode ser feito em C++, Python, Ruby , Java, JavaScript, PHP, etc.. suporta os Apple Dashboard e o Opera browser widgets. Tudo isso através de seu Kross scripting framework.

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Em um futuro próximo poderemos até ter programas completos em plasma, com baixo consumo de memória. Hoje já temos algumas coisas interessantes: veja esse desktop do KDE Pinheiro por exemplo. Ele usa um dicionário online e o Twitter via plasmoid, o que pode ser muito interessante futuramente com alguma versão do Gtalk, ou GoogleReader. As possibilidades são muitas...

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Além do plasma, todos os “K” programas estão vindo com boas novidades, com um destaque especial para o Dolphin, que oferece uma navegação muito agradável e cheia de recursos.

Vou ficar devendo uma análise mais detalhada dos “k” programas. Primeiro porque a web já tem muita informação sobre as novidades; segundo porque a grande maioria dos consagrados programas do KDE ainda estão em ritmo acelerado de desenvolvimento, portanto é mais justo fazer uma análise melhor depois, lembrando que nem o k3b foi totalmente portado para o KDE4 ainda.

Mais vale elogiar o Okular, que é um ótimo programa de visualização de documentos e suporta vários formatos de entrada. Ler PDFs, ao menos para mim, agora é só via Okular... leve e prático.

O Marble e o Starks, são duas boas novidades que vieram junto com o KDE4 como uma espécie de GoogleEarth. Apesar de ainda terem poucos recursos, ambos cumprem bem seu papel, sendo possível ver o “mundo” e as estrelas sem nem mesmo precisar de aceleração gráfica: são extremamente leves. O Marble ainda não consegue dar zoom abaixo de 11km do globo, e o KStars não mostra nenhuma imagem real das estrelas, mas com o tempo prometem ser uma ótima alternativa, principalmente para o ensino, nos computadores populares.

O Gwenview vem para fechar o conjunto de aplicativos indispensáveis. Feito para visualização de imagens, também suporta vários formatos de entrada e é bem leve.

Claro, ainda falta o Kplayer, (ou seria o Kaffeine?) e muitos outros aplicativos do KDE por vir.

E os problemas?

Bem, são muitos, e ao mesmo tempo poucos.... Parece não ter uma “regra” para muitos dos bugs. Aqui, meu kopete e meu koffice não funcionam direito, já em outros PCs rodaram muito bem. Às vezes alguns aplicativo em GTK fecham sozinhos, além de não ser aplicado nenhum tema neles, entre outros inconvenientes.

O mais recomendável é que se você deseja experimentar o KDE4 espere as versões oficiais que estão para sair nas principais distribuições como o Kubuntu, Mandriva, OpenSUSE, entre outras.

Outras análises, ficarão para um próximo artigo. Porém, aqui ficam os pontos principais para um usuário KDE: o desempenho e as possibilidades de aprimoramento do novo Desktop. Pois o resto, bem... é o KDE.

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