Carlos Cardoso 10 anos atrás
Manja aquele esquema de chamar os amigos para ver a final do Brasileirão em casa, ou então acompanhar o UFC, ou mais provavelmente a estréia de Os Vingadores na Sky HD?
Isso não é novidade nenhuma. Esse pessoal da foto está fazendo a mesma coisa, dois séculos atrás.
A novidade tecnológica era o Electrophone, uma variação do telefone voltada para entretenimento, fornecida pelas teles da época.
O assinante do serviço era agraciado com um receptor e dois fones de ouvido. Quando queria ouvir música, ou acompanhar uma peça de teatro, pegava o microfone, falava com a operadora, que informava quais shows estavam acontecendo naquele momento. O sujeito escolhia, era conectado à transmissão, colocava os fones e apreciava o espetáculo.
Era muito caro assinar o Electrophone. Custava £ 5 por ano, ou £ 550 em dinheiro de 2012, ou R$ 1.650,95 em dinheiro de pobre. R$ 137,50 por mês. Sem canal pornô. Imagino. Os fones adicionais custavam £1 por ano. Os realmente ricos faziam festas onde os amigos vinham, com suas melhores roupas, e todos ouviam a música.
Por volta de 1908 o sistema, que foi criado m 1895, já estava instalado em 30 teatros e igrejas na Inglaterra, e tinha por volta de 600 assinantes. Bem mais que seu vlog.
É divertido perceber que o fone de ouvido, embora bem parecido com os atuais, era invertido. Ninguém ainda havia pensado na idéia óbvia (para nós) de cortar o cabo inútil e colocar o fone na cabeça.
Menos divertido é pensar que os usuários do Electrophone tinham menos problema com suporte, falavam facilmente com um humano do outro lado da linha curtiam suas músicas, missas e peças sem lag, sem pacotes perdidos, sem problemas de rota e sem anúncios do Google enchendo o saco no meio da transmissão.
O Electrophone sobreviveu até os anos 1920, quando foram dizimados pelo rádio, tecnologia que não botaram fé que iria vingar. Quando as pessoas perceberam que tinham muito mais opções de música e entretenimento de graça, cancelaram em massa o serviço.
Triste para os envolvidos, mas tecnologia é assim mesmo. No momento em que uma solução muito mais simples, que atende muito melhor aparece, a solução antiga deixa de ser interessante, aí ou se adapta ou morre.
O modelo atual de televisão está na mesma situação do Electrophone no início da Era do Rádio: a solução nova É mais eficiente, mas ainda é confusa, não tem escala e não é óbvia para as pessoas comuns. No dia que decodificarem esse código, veremos uma quebradeira geral. Será divertido.
Fonte: British Telephones.